Mário Lunardi, psicólogo e ativista obstinado, morre aos 60 anos

Servidor da Prefeitura de Curitiba durante anos, Mário será lembrado por amigos e parentes por sua alegria e solidariedade incessante

Se tem algo que todos concordam quando falam sobre Mário Lunardi, psicólogo curitibano que morreu aos 60 anos no último domingo (4), é que ele era irredutível quando o assunto era ajudar as pessoas.

Filho de Clovis e Nilza Lunardi, Mário sempre teve um espírito questionador, inquieto e político, como definem os amigos. Nos anos 1970, quando era adolescente e estudava em um tradicional colégio da capital, Mário foi eleito presidente do Grêmio Estudantil da instituição. “Fazíamos campanha, passávamos em salas de aulas distribuindo cartazes e discursando. Ele era muito carismático e um líder já naquela época”, conta o advogado e amigo de Mário, André Nunes da Silva.

Os dois voltaram a se encontrar em 2012, quando fizeram parte da campanha de Gustavo Fruet para prefeito de Curitiba. Mário, que se formou em Psicologia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), atuava como chefe de gabinete do secretário municipal de saúde. “A sensibilidade do Mário em relação às pessoas era muito grande. Sempre falávamos como iríamos ajudar e melhorar a vida da população. Ele funcionava numa voltagem maior, era acelerado, sempre pensando nas pessoas.”

Mário continuou sua atuação política ao longo da vida. Na década de 1980, foi vice-presidente do Diretório Acadêmico do Setor de Tecnologia da UFPR, participou das campanhas do movimento “Diretas Já” e de comícios do então Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB). Foi lá, entre chapas internas e reuniões da legenda, que Mário conheceu Claudia Wasilewski.

Embora os pais de Claudia e Mário fossem vizinhos há bastante tempo, Claudia passou a conviver com o psicólogo na gestão de Fruet, quando ela atuava na Comunicação Social e ele na Saúde. “Se eu tivesse que definir o Mário em duas palavras, elas seriam: contestador e provocador. Essa era a essência dele.”

Em 29 de abril de 2015, data que ficou conhecida como o “Massacre do Centro Cívico”, em que cerca de 200 educadores ficaram feridos durante um protesto contra o então governador Beto Richa (PSDB), era Mário quem estava coordenando o atendimento aos feridos. 

Naquele dia, sentada fumando um cigarro no estacionamento da prefeitura, Claudia teve uma crise de choro, que foi acalmada pelo psicólogo. “Seria surpreendente se o Mário não se envolvesse nessas lutas. Era o perfil dele, de comprar briga, de levar até o fim, de negociar. O Mário não postergava nada, ele ia à luta para conseguir. Não tinha coisa sem solução com ele. Ele dava um jeito”, afirma Claudia. 

A jornalista Marcia Oleskovicz conheceu Mário há 20 anos, quando ele atuava na Secretaria de Estado de Educação (SEED) e ela na Secretaria de Desenvolvimento Urbano. Anos mais tarde, eles se reencontraram na Prefeitura de Curitiba.

“O Mário era muito parceiro e sempre trabalhamos juntos por conta dessa ideia de atender quem mais precisava. Ele era uma pessoa muito preocupada e devotada com o outro. Era um militante na defesa do SUS [Sistema Único de Saúde] e um obstinado, mesmo. Ele nunca falava que não iria dar, sempre dizia: ‘vamos fazer acontecer, vamos atrás e ver como a gente consegue resolver'”. 

Despedida

O amigo de infância de Mário, Rafael Êrico Pussoli, recebeu com tristeza a notícia da morte do psicólogo. “Desde criança ele frequentava minha casa. Era uma pessoa muito brincalhona, sempre disponível, pela qual tenho muito carinho. Guardo dele a imagem de uma pessoa feliz.”

Nas redes sociais, amigos e familiares também se despediram de Mário. “Não há dor maior do que ter de dizer adeus a um amigo. Nem há saudade tão eterna como aquela que nasce com o luto. Amanheci de luto pela morte do meu amigo Mário Lunardi. Trabalhamos juntos, militamos juntos”, escreveu Cláudio Ribeiro.

“Que triste e inesperado. Trabalhamos juntos na SMS [Secretaria Municipal de Saúde] e lembro com carinho dos ótimos papos com ele”, disse João Paulo Pimentel. 

Adriano Massuda, que trabalhou com Mário, disse que o amigo era uma “figura fantástica e singular em todos os sentidos”. “É uma enorme perda para o SUS-Curitiba.”

Mário teve uma dificuldade respiratória e foi internado no Hospital Erasto Gaertner, onde sofreu uma parada cardíaca. Ele foi sepultado na segunda-feira (5), na Capela Cemitério Jardim da Saudade. Ele deixa a esposa e dois filhos. 

A missa de sétimo dia de falecimento de Mário acontece no próximo domingo (11), às 17h, na Paróquia Cristo Rei (Rua Padre Germano Mayer, 410).

Sobre o/a autor/a

4 comentários em “Mário Lunardi, psicólogo e ativista obstinado, morre aos 60 anos”

  1. Madalena Becker Lima

    Mário foi um psicanalista do antigo Colégio Freudiano de Curitiba, onde discutia questões acerca do sofrimento humano. Sempre atencioso com os colegas e amigos. Preocupado com seus pacientes, era um entusiasta da clínica psicanalítica.

  2. Mário foi um companheiro na Luta Estudantil nos anos 80 e, colega de trabalho Coordenando o lindo Educação ComCiência da SEED na gestão do Maurício Requião.
    Nossos SENTIMENTOS aos Familiares e Amig@s.

  3. Mário teve uma dificuldade respiratória e foi internado no Hospital Erasto Gaertner, onde sofreu uma parada cardíaca. Ele foi sepultado na segunda-feira (5), na Capela Cemitério Jardim da Saudade. Ele deixa a esposa e dois filhos.

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