Usar máscaras PFF2 reduz contágio?

Segundo professor de bioquímica da UFPR, transmissão cairia drasticamente com uso correto das máscaras

O Brasil enfrenta o pior momento da pandemia da Covid-19: de acordo com os últimos números divulgados pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) o Paraná teve aumento de 3.788 diagnósticos e de 203 óbitos em comparação com os dias anteriores. As políticas de prevenção são, mais do que nunca, fundamentais para garantir a proteção dos cidadãos.

Escolher o modelo mais seguro de máscara e usá-la de forma correta, cobrindo totalmente o nariz e a boca, é uma das medidas essenciais para reduzir o contágio da população. Mas qual máscara é a mais indicada para proteger contra o coronavírus?

A Universidade Federal do Paraná (UFPR) divulgou no início do mês um conteúdo reunindo três cientistas da instituição para comentar e esclarecer as principais dúvidas referentes aos diferentes modelos de máscaras. De acordo com o material, as máscaras PFF2 chegam até 99% de proteção e são recomendadas para ambientes com alto risco de contaminação, como o transporte público, por exemplo.

Os modelos PFF2 ou N95 podem ser considerados iguais, uma vez que os respiradores são conhecidos como N95 nos Estados Unidos, enquanto PFF2 é a sigla para Peça Facial Filtrante, utilizada no Brasil. Até então, esses dispositivos eram comuns apenas em ambientes hospitalares, mas durante a segunda onda da pandemia começaram a ser recomendados por especialistas.

“No início da pandemia havia uma preocupação muito grande acerca da falta desses insumos para os profissionais da linha de frente. Como agora existe uma maior disponibilidade, começou-se a recomendar o uso da PFF2”, comenta Herbert Winnischofer, professor de Química na UFPR, com ênfase em química inorgânica, química supramolecular e nanotecnologia.

Os respiradores são compostos por cinco camadas internas, com filtros de polipropileno fundidos e tratados quimicamente, além de filtro de fibra de celulose/poliéster, que bloqueiam 95% das partículas transportadas pelo ar. Isso significa que aquelas gotas grandes que carregam bastante vírus serão completamente bloqueadas pelo uso da PFF2.

O químico Herbert Winnischofer destaca que além de possuir uma filtragem superior, o formato anatômico da máscara também auxilia na proteção contra o coronavírus. “Ela foi desenhada para vedar em torno do nariz e da boca, de modo que o ar que você respira passe pelo filtro e não por espaços abertos entre a máscara e o rosto”, explica.

Por se tratar de um equipamento tão seguro, as máscaras PFF2 são altamente recomendadas para ambientes onde não é possível manter o distanciamento social, como o transporte público, e para os trabalhadores que precisam entrar em contato com muitas pessoas durante o dia, o caso de supermercados, por exemplo. 

Apesar de serem descritas como descartáveis, especialistas indicam que a máscara pode ser reutilizada entre sete a dez vezes. “Com exceção do ambiente hospitalar, a PFF2 pode sim ser reutilizada”, afirma Emanuel Maltempi de Souza, bioquímico com experiência na área de biologia molecular. “Mas não é recomendado o uso contínuo, é necessário o descanso do dispositivo em ambiente seco durante pelo menos 24 horas, para que o vírus seja inativado espontaneamente”, explica o bioquímico.

“Eu uso uma máscara PFF2 e uma de tecido por cima, então a de tecido protege essa máscara mais cara e eficiente. Ao voltar para casa, lavo o tecido e deixo a outra secando para reutilizar. Essa é a minha garantia de que ela não ficou suja e nem molhada”, conta o professor Herbert.

O professor e bioquímico da UFPR Emanuel Maltempi de Souza explica ainda que esse tipo de máscara tem um nível de proteção que chega a 94%; existem também outros modelos como PFF1, que filtra no mínimo 80% do ar; e a PFF3, que filtra 99%. “Se todos usassem uma máscara que garante proteção de 80% ou mais, sem dúvidas, as taxas de transmissão da covid-19 seriam reduzidas drasticamente”, opina o professor.

Iniciativas de divulgação da PFF2

Incentivados pela recomendação dos profissionais e pela alta do número de contágios, grupos têm se organizado através das redes sociais para promover informação e facilitar o acesso da população às máscaras.

O site pffparatodos.com é uma dessas iniciativas que reúne dicas e informações verificadas por especialistas da área da saúde e indica onde as peças faciais filtrantes podem ser encontradas. O movimento também disponibiliza listas com contato e endereço de lojas que vendem PFF em todo o país, além das ofertas e promoções do produto.

A faixa de preço desses respiradores varia entre cinco a doze reais, podendo haver modelos mais caros. Normalmente, esses dispositivos são encontrados em lojas de materiais de construção ou Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), mas antes de realizar a compra, é imprescindível que o cliente verifique se o produto possui selo do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) e se não há danos em sua estrutura.

Lígia Parise, estudante de Relações Públicas da UFPR, conta que começou a utilizar a PFF2 nos últimos meses, com o surgimento de novas variantes e a recomendação da comunidade médica. “Eu acessei a plataforma PFF para todos para saber quais eram os melhores modelos e descobrir  em quais lojas da região eu poderia encontrar. Esse movimento me ajudou muito a compreender esses novos modelos”, fala Lígia.

Para Souza, as iniciativas precisam ir além e sugere que sejam feitas campanhas de distribuição desse tipo de respirador para os trabalhadores e a população mais exposta ao vírus. “O uso da máscara não é uma proteção individual, é uma proteção coletiva. Por isso todos devem ter acesso à equipamentos com alta porcentagem de filtração e utilizá-los de forma correta”, conclui.

Colaborou Mayala Fernandes

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