Segurança da PUC aborda estudante negro e alega “atitude suspeita”

Estudante registrou boletim de ocorrência e universidade diz que está apurando denúncia

O aluno da PUC, Henrique Iolando Theodorowicz, 22, registrou nesta sexta (14) um boletim de ocorrência contra um segurança da instituição por racismo. Theodorowicz, que é bolsista, afirma que é seguido sistematicamente pelo campus de Curitiba, onde estuda tecnologia em jogos digitais.

Na quinta-feira (13) Theodorowicz, que é negro, chegou antes do início das aulas para jantar no campus. Antes de chegar a uma das lanchonetes, porém, foi abordado por um segurança porque estava em “atitude suspeita”. O funcionário mencionou a vestimenta do rapaz, que usava uma durag, que é uma espécie de lenço, utilizada sobretudo por rappers.

“Eu entrei e já comecei a ser seguido. Inclusive em outras ocasiões eles falavam no rádio um com o outro. Eu estava esperando minha esposa, que estuda na UFPR e vinha jantar comigo”, explicou Theodorowicz.

Além da durag, ele trajava roupas de academia. No entanto, o estudante que frequenta a unidade desde 2019, afirma que a atitude da equipe de segurança é sistêmica e não é a primeira vez que ele foi seguido.

“O próprio segurança disse que já estava de olho em mim quando eu entrei. Eu perguntei o porquê e ele disse que era o procedimento porque estava usando durag e eu era suspeito. Só queria estudar em paz”, lamentou.

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Quando a esposa dele, Rebeca Gonçalves Pereira, 21, chegou ao câmpus confrontou o segurança, que não soube detalhar exatamente o que fazia de Theodorowicz um suspeito. “Ele chamou o chefe da segurança e eu continuei questionando porque o Henrique era suspeito. Aí me falaram que não conheciam ele e que é o procedimento. Então comecei a apontar outros alunos e perguntar se o segurança conhecia. Ele disse que não, mas só abordou o Henrique. Eu me preocupo com a segurança dele mesmo, pelo que pode acontecer, porque é a pessoa que eu amo [choro]”.

Racismo

O casal considera a situação um caso de racismo. Por essa razão foram à delegacia e registraram um boletim de ocorrência na delegacia do Tarumã. O documento qualifica a situação como “crime de preconceito de raça ou de cor”.

O advogado da vítima, Valnei França, acompanhou o procedimento junto à PC. “Além de ser seguido ele também foi interrogado pelo segurança sem nenhuma justificativa. Isso é sistemático com o intuito de intimida-lo”, criticou.

A Polícia Civil (PC) vai investigar o caso, mas não há prazo para conclusão do inquérito.

Em nota da assessoria de imprensa a PUC declarou que “repudia o racismo e quaisquer outras formas de discriminação, principalmente dentro do ambiente universitário”.

A universidade já havia sido comunicada pelo próprio estudante sobre a conduta dos seguranças, mas não houve retorno às reclamações de Theodorowicz.

Ao Plural a PUC afirmou que “a Universidade está apurando rigorosamente o caso a fim de tomar todas as medidas necessárias e reforça que a equipe de segurança recebe capacitação frequente contra abordagens preconceituosas e discriminatórias”.

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14 comentários em “Segurança da PUC aborda estudante negro e alega “atitude suspeita””

  1. Conselho Nacional de Justiça e o MPF tem que investigar nossa PCPR e o MPPR Se lembram quando Renato Freitas recebeu um email racista? A PCPR até hoje não resolveu o caso. O MPPR só agora que lidou com o caso da mulher que foi racista com o segurança da câmara. Esses dias minha conhecida pediu ajuda pra PMPR pra lidarem com um assediador no Bigorrilho e não mandaram ninguém.
    Aposto que todos esses carros que o Dino entregou vão ser usados pra rachas e logo a frota fica sucateada. Polícia inútil e perversa.

  2. É triste ver que o racismo ainda é uma realidade tão presente em nossa sociedade. Reportagens como essa nos mostram que a cor da pele ainda é utilizada como critério de suspeição e que muitas vezes as pessoas são vítimas de abordagens violentas simplesmente por serem negras. É importante que casos como esse sejam amplamente divulgados e discutidos, para que possamos combater o racismo e construir uma sociedade mais justa e igualitária para todos. É preciso que as instituições de ensino e a sociedade em geral assumam o compromisso de acabar com o racismo e promover a inclusão e a diversidade. Ninguém deveria ser tratado de forma diferente por causa de sua cor de pele, e é nossa responsabilidade lutar contra essa forma de discriminação.

  3. José Carlos de Medeiros

    Racismo coisa nenhuma !!!
    E o que diriam se o segurança tivesse abordado um branco ??
    O segurança cumpriu o papel dele ,que é o de proceder uma verificação caso entenda que seja necessário .E se a Polícia me para na rua prá dazee uma checagem de rofina , eu deveria ‘incomodar ” a Defensoria Pública pela pretensa “incomodação” dessa Força de Segurança?!
    Claro que não !!! A Polícia está fazendo o serviço que deve fazer !
    A discriminação está é na cabeça desse estudante, que por ser negro acha que cada olhar dirigido a ele é discriminatório .
    É muito mimimi com essa besteira ; agora só falta punirem o segurança .
    Com tanta violência acontecendo nas escolas , todo mundo deve ser verificado ; e chega dessa palhaçada !!!

    1. Vc deve ser branco certo? Como a esposa dele falou, os outros estudantes brancos foram abordados? Mimimi porque nunca será na tua pele. E quanto a violência achar que todos os negros que se arriscarem sair ou estar nestes locais, bora achar que é suspeito? Não da pra aceitar, e não é de hoje que estes seguranças escolhem quem observar. Se estão sendo treinados quem está fazendo este treinamento precisa ser investigado.

    2. Comentário preciso…a maioria dos ataques a escolas e universidade os caras estão estranhamente vestidos… não vou falar mais pq não tenho advogado 😂aí vão vim atrás de min dizendo q sou racista tbm…mas a verdade e que devemos manter um bom senso ao se vestir e demais coisas…o mundo anda mal e o segurança só fez o trabalho dele..

  4. Patrícia Cristina

    Péssima segurança na Puc então, preferem perseguir negros ao invés de neonazistas. Ainda bem que já sou formada e não frequento lá.

  5. Entao quer dizer que se sou negro nao posso nem entrar na universidade para visitar. Preciso tomar cuidado na proxima vez. E o fim, com a palavra o ministro dos direitos humanos. Brasil cada vez pior.

    1. Realmente o despreparo na formação estes seguranças e impressionante tudo se resolveria se estas faculdades instalassem uma porta giratória com detector de metais acabariam de vez estes constrangimentos

      1. André Luiz Canton

        Inconsciente tua colocação, já foi em bancos? Qualquer coisa de metal trava a porta, até pasta de dente, aí do nada vc vai estar pelado na porta giratória. Existe profissionais e existe profissionais….

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