Após denúncias de racismo, Atacadão suspende circulação de seguranças em lojas

Mudança vem depois que professora fez compras só de calcinha e sutiã para protestar contra racismo; outro caso foi registrado em Olinda

Depois de dois casos de denúncia de racismo em lojas de sua rede, o Atacadão anunciou nesta sexta-feira (14) que está suspendendo a circulação dos “fiscais de prevenção” em suas unidades. Segundo nota divulgada hoje pela rede, que faz parte do grupo francês Carrefour, os seguranças agora ficarão à disposição dosa clientes em pontos fixos.

O caso mais célebre envolvendo o mercado foi a denúncia feita pela professora e atriz Isabel Olveira, que fez compras na loja do bairro Guaíra, em Curitiba, apenas de calcinha e sutiã, como protesto pela atuação da segurança local. Ela relatou ter sido seguida por um fiscal ao longo de vários minutos enquanto fazia compras. Depois de mostrar sua indignação gritando que estava sendo alvo de racismo, ela voltou com o marido e, dentro da loja, tirou a roupa para mostrar que não era uma ameaça.

O outro caso aconteceu em Olinda, em Pernambuco. Um cliente disse que foi seguido por três seguranças dentro de uma unidade do Atacadão na cidade. Revoltado, ele esvaziou o conteúdo de todas as suas sacolas no chão para mostrar quer não tinha roubado nbada. Assim como Isabel, ele também disse que se considera vítima de racismo.

O grupo Carrefour ficou marcado pelo caso de um homem negro assassinado por seguranças de um supermercado em Porto Alegre. João Alberto de Freitas foi espancado até a morte em novembro de 2020.

Na nota divulgada, o Atacadão afirma lamentar profundamente os incidentes. É uma mudança de postura em relação ao que o mercado disse inicialmente no caso de Isabel – assim que a denúncia surgiu, a posição do mercado foi de apenas negar que tivesse ocorrido qualquer abordagem indevida. O caso denunciado em Curitiba está sendo investigado pela Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa Humana.

Veja a seguir a nota completa do Atacadão:

A rede Atacadão lamenta profundamente os casos ocorridos e informa que, no processo contínuo de evolução para que casos de racismo ou qualquer outro tipo de discriminação não ocorram em suas lojas ou qualquer das suas atividades, analisou mais uma vez os seus protocolos internos e tomou a decisão de implementar as seguintes novas medidas:

• Fica interrompida a atividade de circulação dos funcionários fiscais de prevenção em suas lojas. Ou seja, não há mais circulação destes profissionais de prevenção nos corredores. A medida foi implementada na última quarta-feira, 12, e é válida para todas as lojas;

• Os profissionais que antes circulavam pelas lojas ficarão à disposição dos clientes em pontos fixos e pré-determinados, na frente do caixa ou em sala que possui o circuito fechado de televisão (CFTV). A função dos profissionais que ficam em pontos fixos ou à frente do caixa é ser ponto de apoio aos clientes, ou atuação em casos de urgência (clientes passando mal e acidente, por exemplo). 

• Serão realizadas melhorias no processo de monitoramento de câmeras para manter um ambiente seguro para seus clientes;

• Realizará a revisão de treinamentos de suas equipes de loja em parceria com a Universidade Zumbi dos Palmares;

• Promoverá a ampliação da visibilidade dos canais de denúncia.

A rede Atacadão reitera o respeito aos mais de 5 milhões de clientes que recebe em suas lojas por semana, bem como seu compromisso com a mudança e combate ao racismo e qualquer tipo de discriminação, e permanece em processo de escuta ativa e segue revisando os processos internos.

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