“Processo de militarização das guardas municipais é muito perceptível”, diz sociólogo

Processo de militarização das guardas, que atinge todo o Brasil, faz com que essas instituições se aproximem das estruturas das polícias

Esta é a segunda reportagem da série publicada pelo Plural sobre a Guarda Municipal de Curitiba.

Embora tenham sido pensadas como uma instituição de apoio ao patrimônio público, desde que as Guardas Municipais (GMs) começaram a ser organizadas, na prática, já existia uma tendência de assumirem papéis que extrapolavam sua função original. Esse fenômeno, que abrange não apenas as GMs do Paraná como do Brasil inteiro, foi impulsionado pela militarização das forças de segurança.

“O processo de militarização é muito perceptível. Os guardas usam uniformes fardados, armamento pesado, têm viaturas muito parecidas com as da Polícia Militar, recebem treinamento militar, preparação para o confronto bélico”, afirma o mestre e doutor em Sociologia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), Giovane Matheus Camargo.

Camargo, que integra o Centro de Estudos em Segurança Pública e Direitos Humanos da UFPR (CESPDH/UFPR), explica que, em sociedades marcadas pela intensa desigualdade socioeconômica e racial, como a brasileira, a segurança pública tende a ficar sob responsabilidade única e exclusivamente das polícias e guardas municipais. Isso gera um problema de sobrecarga dessas instituições, que precisam administrar questões, que, em tese, deveriam ter apoio também de outros setores. 

“As drogas, que são uma questão de saúde pública e de educação, por exemplo, acabam sofrendo um controle social punitivo e é isso que tem aumentado os níveis de violência policial no país. Essa política criminal contra as drogas, conhecida como ‘guerra às drogas’ (que já revela o caráter bélico no nome), joga policiais para matar e para morrer.”

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2 comentários em ““Processo de militarização das guardas municipais é muito perceptível”, diz sociólogo”

  1. O processo de militarização das guardas municipais tem relação com o paradigma repressivo da polícia, paradigma este herdado do regime ditatorial, em que o militar é erroneamente considerado detentor absoluto da disciplina e da lisura, em detrimento as instituições civis. As Guardas Municipais podem participar da segurança pública de maneira mais efetiva sem perder o caráter civil, sem ser uma “miniPM municipal”, mas ter perfil próprio e proposta nova.

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