Para marcar o Dia Internacional da Mulher, a Articulação Despejo Zero promoveu a Jornada de Lutas das Mulheres, que reuniu moradoras de ocupação, catadoras de recicláveis e indígenas. Nesta terça-feira (7) houve passeata no Centro Cívico, em Curitiba e na sequência encontro com representantes do Governo do Estado.
Entre outras demandas, as mulheres chamaram atenção sobre a Casa de Passagem Indígena de Curitiba (CAPAI), que recebe indígenas que vêm à capital para vender artesanatos.
Um documento foi entregue ao chefe da Superintendência-geral de Diálogo e Interação Social (Sudis), Roland Rutyna. O governador Ratinho Jr. (PSD) não estava no encontro.
Casa de passagem
Ao longo dos primeiros anos da pandemia da Covid-19, a Capai de Curitiba ficou fechada, deixando povos indígenas desabrigados.
Em 2021 membros da etnia Kaingang chegaram a acampar no pátio do Palácio das Araucárias para cobrar providências. Por sua vez, o Governo do Estado entende que a manutenção e adequação das CAPAIS compete ao município.
Depois da pressão feita por povos indígenas e ativistas dos Direitos Humanos a CAPAI foi reaberta em 2022, mas em novo endereço. Antes os indígenas utilizavam um espaço próximo ao Jardim Botânico, agora, o atendimento é feito na Rockefeller, no Rebouças, em um barracão alugado.
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O imóvel é particular e o aluguel custa R$ 12 mil mensais à Fundação de Ação Social de Curitiba (FAS). Isso, conforme o documento entregue a Sudis, é um fator de preocupação porque “demonstra indisposição dos órgãos públicos em realocarem a Casa de Passagem para um local definitivo”.
O que são
As Casas de Passagem são locais de apoio para indígenas que vão às cidades para vender artesanato e conseguir doações. A comercialização da arte é uma fonte de renda para os povos originários em todo Paraná.
Além disso, as mulheres indígenas também pediram mais ação do Governo do Estado junto às prefeituras para manutenção das Casas de Passagem, contratação de funcionários indígenas para atendimento e veículos para transporte das famílias e emergências médicas.
Segundo a Sudis a superintendência vai processar “os pleitos junto as secretarias do governo, atendo orientação do Governador Carlos Massa Ratinho Júnior”.
Passeata
Ativistas que compõem a Jornada de Luta de Mulheres da Articulação Despejo Zero, da qual indígenas fazem parte, caminharam pela avenida Cândido de Abreu até a sede do Governo do Estado antes da entrega do documento.
Ao longo do trajeto elas chamaram atenção pelo crescimento de casos de feminicídios – mortes de mulheres por serem mulheres – que vitimou quase quatro mulheres por dia no primeiro semestre de 2022, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
As manifestantes também chamaram atenção para questão da moradia – o déficit habitacional em Curitiba chega a 50 mil residências bem como a necessidade de regularização fundiária e reforma agrária.