Mulheres de Curitiba contra a criminalização do aborto

Durante todo o ato, os participantes exibiram um lenço verde, que nos últimos anos se tornou o símbolo dessa luta em vários países latino-americanos

Dezenas de mulheres se reuniram na praça Santos Andrade de Curitiba na última quinta-feira (28) para manifestar em defesa do direito da interrupção da gravidez. Esta manifestação foi organizada pela Frente Feminista de Curitiba, Região Metropolitana e Litoral em conjunto com a Frente Estadual pela Legalização do Aborto Paraná.

A escolha dessa data não foi aleatória: dia 28 de setembro é o Dia Latino-Americano e Caribenho de Luta pela Descriminalização e Legalização do Aborto e em outras 14 capitais do Brasil foram organizados atos similares. Estes eventos têm um significado ainda maior porque nas próximas semanas o Plenário do STF vai decidir sobre a descriminalização do aborto, que até agora no Brasil é consentida em caso de estupro, de risco para a vida da mãe e de problemáticas relacionadas a saúde do feto.

Além da multidão de mulheres e homens participaram ao ato representantes da Clínica de Direitos Humanos da UFPR, da Frente Feminista, da Rede Feminista da Saúde, da Rede Mulheres Negras do Paraná e vários coletivos culturais, como Juntas Paraná, a Bloca Feminista de Carnaval ‘Ela pode, ela vai’ e o coletivo Pretas com Poesia, que apresentaram algumas das suas poesias durante a manifestação. Também estavam presentes a vereadora Professora Josete (PT) e vários ex-candidatos às eleições estaduais do ano passado, como Roberta Cibin (PDT) e Julia Mittelbach (PT).  

Leia também: Renato Freitas cobra negociação entre empresa e moradores da ocupação Tiradentes II

No meio do ato, a mesma Millelbach afirmou que o aborto é um tema de saúde pública que precisa ser discutido sem antepor a religião. “Precisamos uma legislação que garante a vida das mulheres e dos seus direitos de escolha de ter ou não um filho. Então temos que lutar para o aborto legal e seguro”, declarou a ex-candidata à Assembleia legislativa.

A possibilidade de escolha das mulheres é um aspecto também sublinhado pela assistente social Elza Maria Campos, porque os últimos quatro anos de extremismo religioso vividos com o governo anterior fizeram com que os direitos das mulheres fossem colocados em segundo plano. “A maternidade não pode ser uma função obrigatória, porque é preciso garantir o direito de escolha”, afirmou durante seu discurso.

O evento foi encerrado com a fala do representante da Clínica de Direitos Humanos da UFPR, que apontou a importância dos atos que acontecerão nas próximas semanas em vários estados do Brasil. “Temos que dar visibilidade a esta pauta para mostrar que a maré verde chegou aqui para ficar. É um nosso dever histórico de nos todas como mulheres”. 

Durante todo o ato, os participantes exibiram um lenço verde, que nos últimos anos se tornou o símbolo dessa luta em vários países latino-americanos. O lenço já foi utilizado na Argentina durante as manifestações para a legalização do aborto e também é uma homenagem às mães da Praça de Maio, que durante a ditadura militar protestaram contra o desaparecimento de sues filhos. O verde é a cor da natureza e da vida e foi escolhido para protestar contra os movimentos pro-life, que se apropriaram da luta para a defesa da vida com a finalidade de opor-se à descriminalização da interrupção da gravidez.

Nas próximas semanas é prevista a manifestação organizada pelos movimentos contra á legalização do aborto, que na semana passada fizeram o lançamento do Frente Parlamentar Pro-Vida no plenarinho da Assembleia Legislativa.

Sobre o/a autor/a

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

O Plural se reserva o direito de não publicar comentários de baixo calão, que agridam a honra das pessoas ou que não respeitem níveis mínimos de civilidade. Os comentários são moderados por pessoas e não são publicados imediatamente.

Rolar para cima