‘Mobiliza UFPR’ é lançado com abraço coletivo

Protesto alerta para possível paralisação da universidade e chama para greve

O dinheiro disponibilizado pelo Ministério da Educação (MEC) para o custeio da Universidade Federal do Paraná (UFPR) termina neste mês. Isto porque houve um corte de 30% na verba anual, o que representou uma redução de R$ 48 milhões no caixa. Em outubro, a instituição não deve mais ter como pagar serviços básicos, como água e luz. Bolsas e outros benefícios já foram cortados dos alunos. Para chamar atenção ao problema, que arrisca paralisar as aulas, estudantes, professores e servidores se reuniram para protestar em frente ao setor de Ciências Biológicas da universidade.

O ato, um “abraço coletivo”, iniciou a mobilização pelo setor de Biológicas, mas deve se estender para outras áreas. “Este foi um abraço em forma de solidariedade à universidade e os cortes que estamos sofrendo pelo MEC”, explica o técnico administrativo, Fábio Roberto Caetano, integrante do novo movimento, chamado de ‘Mobiliza UFPR’.  “Gostaríamos que outros setores se mobilizassem e trouxessem essa inquietude para as pessoas, para que possamos sair desse estado de passividade, pois a situação é bastante grave”, avalia Fábio.

“Sabendo da condição crítica que a UFPR vive, com o risco iminente de fechar as portas já em outubro, somada à extinção das bolsas de pós-graduação, resolvemos nos unir em protesto, para informar a sociedade da gravidade da situação que vivemos”, reforça a servidora Débora Coutinho.

“Não somos nós pessoas doutrinadas ou vermelhas, mas gente de bem que quer manter a universidade viva. Porque educação é a nossa joia mais preciosa e nem deveria estar em pauta a sua existência, como está hoje”, afirma Débora. “Este abraço foi em sinal de amor e respeito pela instituição por qual lutaremos.”

O professor Marcelo de Meira Santos Lima, do departamento de Fisiologia, lembra que a perspectiva é de que haja um corte de 50% do orçamento da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) para 2020. “O impacto de tudo isso é uma inoperância das universidades, não só nas pesquisas, mas na própria manutenção das condições gerais de aula”, diz.

“Mas esta percepção da dificuldade que vivemos não é identificada por todos os alunos, que não imaginam a dificuldade que temos em manter as coisas funcionando. Por isso, sentimos a necessidade de fazer um movimento para levar estas informações a toda comunidade universitária e também externa, para que fique claro nosso papel formativo.”

O docente destaca que o setor de Biológicas, onde começou o movimento, produz 30% de toda pesquisa e geração de conhecimento da UFPR. “Foi um ato emocionante que representa nossa união, pois há uma bandeira comum: a pesquisa e a universidade pública.”

Todos preocupados com o fim de bolsas e pesquisas científicas. Foto: UFPR

Greve Nacional

Segundo o coordenador geral do Sindicato dos Trabalhadores em Educação das Instituições Federais de Ensino Superior no Estado do Paraná (Sinditest/PR), Daniel Mittelbach, a situação está no limite. “Não tem dinheiro para chegar até o fim do ano. Diante desse cenário, cada vez mais catastrófico, não só pelos cortes mas por projetos como o Future-se e outras medidas do governo – que reiteradamente retiram a autonomia universitária e a capacidade de fazer pesquisa, dar um ensino de qualidade e promover atividades de extensão, garantindo um retorno pra sociedade que a banca – decidimos, em conjunto, construir e mobilizar a UFPR para a Greve Nacional da Educação.”

O movimento prevê a paralisação geral para os dias 2 e 3 de outubro. “A Greve Geral da Educação de 48 horas surge como um importante instrumento de luta, de pressão e de diálogo com a sociedade sobre o desmonte da educação pública no Brasil”, afirma a Associação dos Professores da UFPR (APUFPR).

Para a entidade, a precarização vem por todos os lados. “Além das milhares de bolsas de pesquisa extintas sem nenhuma explicação, aulas de campo e outras atividades essenciais para a formação acadêmica estão sendo canceladas. Não há dúvidas de que essa desmonte progressivo é uma estratégia para a imposição do Future-se, que prevê o repasse da administração das Ifes (Instituições Federais de Ensino Superior) à iniciativa privada.”

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