O Sindicato dos Médicos no Estado do Paraná (Simepar) está denunciando condições precárias de trabalho e de atendimento na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Pinheirinho, em Curitiba. No entanto, segundo a entidade, situações de sobrecarga de trabalho e desgaste dos profissionais de saúde são comuns a todas as unidades da capital.
De acordo com o Simepar, a denúncia nº 02247.2021.09.0000 foi protocolada junto ao Ministério Público do Trabalho (MPT) em maio.
UPA Pinheirinho
Entre os problemas identificados na UPA Pinheirinho e relatados em relatório estão os atendimentos realizados em boxes abertos, um ao lado do outro, com cortinas e sem paredes que permitam manter a privacidade e o sigilo da consulta; o sistema “fast” implantado para aumentar a produtividade em detrimento da qualidade do atendimento; a presença de controladores de fluxo fiscalizando os profissionais de saúde; a falta de pediatras nos plantões; e a reforma realizada no prédio da unidade, que está sendo feita enquanto pacientes são atendidos. O documento pontua que os ruídos e a poeira prejudicam as consultas e ainda podem agravar casos respiratórios.
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“O assédio no trabalho e a precarização da rede de saúde só têm aumentado. Isso leva à superlotação das emergências, uma vez que os pacientes não conseguem atendimento nas unidades de saúde. Além disso, a demanda da população só aumenta e, inversamente, o número de profissionais foi reduzido. Tínhamos pediatras na atenção básica e nas emergências. Isso virou raridade”, afirma a médica pediatra que escreveu o relatório, Alessandra Pedruzzi.
Pedruzzi, que também é diretora do Simepar, cita que diante desse cenário cada vez mais profissionais estão adoecendo e pedindo demissão. Isso também acarreta, segundo a médica, na baixa qualidade do atendimento e na insatisfação da população usuária da unidade.
“Esses problemas geram doenças ocupacionais, físicas e mentais. Imagina trabalhar sob pressão o tempo todo? Controladores de fluxo e coordenação médica vigiando e cuidando da sua produtividade. Nós não temos mais condições de trabalhar. Vamos trabalhar esgotados, tristes, com síndrome do pânico porque não sabemos o que temos que fazer primeiro de tanta coisa. É muito desgastante e complicado trabalhar nessas condições.”
Para a profissional, essas questões poderiam ser solucionadas com a abertura de concursos com mais vagas para pediatras, o aumento do número de profissionais nas equipes de plantão, o combate à prática do assédio, a retirada do sistema “fast” de atendimento e dos controladores de fluxo, e a reforma das salas, para serem mais ventiladas e adequadas para as consultas.
O que diz a prefeitura
Atualmente, as UPAs do Tatuquara, Boqueirão, CIC e Fazendinha estão sob responsabilidade da Fundação Estatal de Atenção à Saúde (FEAS) da prefeitura municipal de Curitiba. As outras unidades são administradas pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS).
Ao Plural, a prefeitura informou que o tempo para os atendimentos nas consultas médicas depende da complexidade de cada caso e da necessidade da conduta médica. Isso, segundo a pasta, obedece a padrões internacionais que orientam sobre o tempo médio de consulta médica, o que permite a organização e padronização das agendas em toda sua rede de atenção.
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Sobre os atendimentos em boxes, a prefeitura negou que não haja privacidade. Conforme a pasta, a orientação é de que “o médico faça o chamamento dos próximos pacientes agendados ao finalizar o atendimento anterior”.
Em relação à falta de pediatras nas unidades, a pasta disse que o Ministério da Saúde e o Conselho Federal de Medicina (CFM) não preveem a presença de quaisquer especialistas nesses locais, mas que “Curitiba conta com 96 pediatras na Atenção Básica”. Eles são acionados durante o atendimento de crianças, quando é verificada a necessidade, especialmente nos casos graves.
Infelizmente a precarização trabalhista é a regra. A reforma trabalhista e as recentes decisões do STF só agravam a situação. Se o Médico é obrigado a se sujeitar ao tal “controlador de fluxo”. A quem recorrer ? A Justiça liberou gerou. A CMC é um anexo da prefeitura, formada por sabujos do alcaide fanfarrão. Só vivem para perseguir e humilhar os mais fragilizados.