Governo nega estragos em obra de engorda da praia e diz que tudo será refeito em dois dias

IAT nega ter rejeitado construção de gabiões para proteger obra contra ressacas

Contrariando as informações prévias levantadas pelos pesquisadores da Universidade Federal do Paraná (UFPR), o Instituto Água e Terra (IAT), ligado ao governo do Paraná, afirma que os estragos causados pelo mau tempo na obra de engorda da orla de Matinhos foram pequenos. Segundo nota enviada nesta sexta (12) ao Plural, “apenas o trabalho realizado para preparar a base onde será construído o espigão (no Pico de Matinhos) foi afetado, mas será refeito em dois dias. Nenhuma máquina sofreu danos, assim como a região da engorda de areia”. 

Os ventos de quase 100 quilômetros por hora e a ressaca causados por um ciclone extratropical nas proximidades do Litoral paranaense causaram danos a vários municípios costeiros. Pesquisadores da UFPR, que constituíram um grupo de estudos para acompanhar as obras na orla de Matinhos, dizem ter avaliados imagens e visto perda perceptível de areia recém-depositada artificialmente nas praias. A areia colocada na orla ainda não está completamente compactada, e por isso é removida mais facilmente pelos fenômenos naturais.

O governo do Paraná nega ainda que tenha rejeitado a construção de gabiões que, segundo os técnicos da UFPR, foram sugeridos exatamente para proteger a obra desse tipo de fenômeno meteorológico. “O projeto elaborado pelo IAT foi analisado por uma equipe multidisciplinar da UFPR, através do Instituto Tecnológico de Transportes e Infraestrutura, e passou por diversas adequações, com a adesão de sugestões e opiniões de especialistas, além do amplo debate em audiências públicas. Todo o processo é regular e visa a melhoria das condições da cidade”, diz a nota.

Os técnicos da UFPR foram notificados pelo Ministério Público para apresentar na próxima segunda-feira uma avaliação dos estragos na obra. O IAT diz não ter recebido nenhuma notificação do gênero, e a matéria na verdade não dizia que o instituto foi notificado.

Obra questionada

A obra da engorda é questionada por ambientalistas e pelo Ministério Público do Paraná, entre outros fatores, por não contar com uma licença ambiental. O governo está usando uma licença de uma tentativa anterior de fazer a obra, de 2010 – porém, segundo os promotores e os técnicos, a obra prevista na época era completamente diferente.

O MP entrou com um pedido para que a obra seja interrompida e para que o contrato com o Consórcio Sambaqui, vencedor da licitação, seja considerado nulo. No entanto, o juiz Flávio Antônio da Cruz, da 11ª Vara Federal de Curitiba, que levou onze meses para analisar o caso, decidiu que no momento de seu despacho já era tarde demais para interromper os trabalhos sem danos maiores para o erário.

Leia a nota do IAT na íntegra

O Instituto Água e Terra (IAT) esclarece que avaliou os danos causados nas obras de Revitalização da Orla de Matinhos pelo ciclone extratropical no Litoral. Apenas o trabalho realizado para preparar a base onde será construído o espigão (no Pico de Matinhos) foi afetado, mas será refeito em dois dias. Nenhuma máquina sofreu danos, assim como a região da engorda de areia. 

O IAT não recebeu nenhuma notificação do MP para avaliar os danos. Também não houve ?rejeição de obra que impediria destruição de obras por vendaval?, conforme cita o título. Esse é apenas um exercício retórico da reportagem, que se limitou a ouvir apenas um lado.

O projeto elaborado pelo IAT foi analisado por uma equipe multidisciplinar da UFPR, através do Instituto Tecnológico de Transportes e Infraestrutura, e passou por diversas adequações, com a adesão de sugestões e opiniões de especialistas, além do amplo debate em audiências públicas. Todo o processo é regular e visa a melhoria das condições da cidade.

O ciclone extratropical é um fenômeno meteorológico. Assim que ele foi identificado pelo Simepar, o IAT solicitou ao Consórcio Sambaqui medidas de alargamento na praia dos canais da Avenida Paraná e do Rio Matinhos, o que permitiu maior fluidez da água da chuva, evitando grandes alagamentos, mesmo com precipitações acima da média. 

No momento da maré cheia, na tarde desta quinta-feira, a faixa de areia se encontrava na largura de 70 metros. A faixa de areia na praia de Caiobá, onde já foi feita o alargamento, apresentou resultado esperado no projeto executivo da obra e o processo de estabilidade está se concretizando de maneira positiva.

O IAT lembra, ainda, que as obras têm duração total de 32 meses, com investimentos de R$ 314,9 milhões em 6,3 km de extensão. Elas representam um conjunto de intervenções para amenizar justamente os impactos causados por eventos como este, de ressaca e maré alta.

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