Governo do PR rejeitou obra que impediria vendaval de destruir obra da engorda

Pesquisadores da UFPR vão avaliar estragos causados pela ressaca e pela ausência de gabiões em obra

O vendaval que atingiu o litoral paranaense carregou uma quantidade enorme de areia depositada artificialmente no processo de engorda da orla de Matinhos. Pesquisadores e técnicos receberam nesta quinta-feira (11) uma solicitação formal do Ministério Público para que avaliem o tamanho dos estragos. O relatório deverá ser entregue na semana que vem, para que se decida o que fazer a partir daí.

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Em todo o litoral do Sul do Brasil, a quarta-feira (10) foi marcada por chuvas fortes, ventos de quase 100 km/h e pela formação de um ciclone extra-tropical. Houve prejuízos em vários municípios costeiros, e no Litoral do Paraná foram contabilizadas 38 famílias desabrigadas. O dano à obra da engorda da orla aumenta significativamente os problemas financeiros causados pelo mau tempo.

Pesquisadores afirmam que era previsível que ressacas como a da quarta-feira ocorressem, e que o governo do Paraná foi alertado sobre a importância de proteger com gabiões a areia recém-depositada, até que ela pudesse estar compactada para resistir melhor ao mau tempo. No entanto, a construção da obra de proteção é demorada e o governo Ratinho Jr. (PSD) optou por ir direto à obra de engorda.

“Isso cria um problema, porque agora é preciso ver quem se responsabiliza pelos danos”, afirma o professor Eduardo Vedor, da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Os pesquisadores dizem que ainda não é possível calcular a quantidade de material extra que será necessária para refazer o que foi levado pelo vendaval. A obra completa da revitalização da orla está orçada em quase R$ 500 milhões – não se sabe se com os acontecimentos dessa semana será necessário um aditivo, por exemplo.

Obra questionada

A obra da engorda é questionada por ambientalistas e pelo Ministério Público do Paraná, entre outros fatores, por não contar com uma licença ambiental. O governo está usando uma licença de uma tentativa anterior de fazer a obra, de 2010 – porém, segundo os promotores e os técnicos, a obra prevista na época era completamente diferente.

O MP entrou com um pedido para que a obra seja interrompida e para que o contrato com o Consórcio Sambaqui, vencedor da licitação, seja considerado nulo. No entanto, o juiz Flávio Antônio da Cruz, da 11ª Vara Federal de Curitiba, que levou onze meses para analisar o caso, decidiu que no momento de seu despacho já era tarde demais para interromper os trabalhos sem danos maiores para o erário.

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