Encontro de mulheres indígenas do Paraná discute saúde feminina e medicina tradicional 

Reunião do Movimento Xondaria Kuery Jera Rete acontece no domingo (19) na Aldeia Rio D'Areia, em Inácio Martins

No domingo (19), o Movimento Xondaria Kuery Jera Rete promoverá o quarto encontro das mulheres indígenas Guarani do Paraná para discutir a saúde feminina e a medicina tradicional dos povos originários. A reunião será na Terra Indígena (TI) Rio D’Areia, em Inácio Martins, cerca de 200 km distante de Curitiba, das 10h às 17h. 

“O objetivo desse encontro é levar um incentivo para as mulheres se cuidarem e usarem mais a medicina tradicional indígena. Isso porque, de uns tempos para cá, as indígenas estão adoecendo mais com infecções, câncer no colo do útero…aumentou muito isso nas aldeias”, relata Eliane de Castro, uma das idealizadoras do movimento Jera Rete.

Mais conhecida por Eli ou para mirī Paty, seu nome indígena, ela conta que o encontro trará debates sobre os cuidados necessários durante o ciclo menstrual e o uso das ervas medicinais, além de rodas de conversas e atividades que abordarão a importância do autoexame às mulheres Guarani.   

Segundo Eli, por conta da pandemia, a programação do evento será aberta apenas às indígenas e apoiadores do Movimento Jera Rete. 

O Xondaria Kuery Jera Rete

Coordenado por Eli, o Movimento Xondaria Kuery Jera Rete (que se traduz para algo como “movimento de guerreiras de almas fortes”) é um coletivo de mulheres indígenas do Paraná que busca orientar, acolher e garantir os direitos de indígenas de todo o estado. O movimento, criado em 2018, leva o nome da tia de Eli, a primeira cacica do Paraná, que faleceu há oito anos.

Eli afirma que o movimento passou a promover os encontros anuais a fim de difundir informações e discutir temas urgentes que muitas vezes não chegam às aldeias paranaenses. Além de dar espaço para os debates a respeito da mulher nos vários âmbitos da sociedade, as reuniões também buscam ressaltar a importância da manutenção e do fortalecimento da cultura e dos costumes das populações tradicionais. “Falamos sobre educação, saúde, território e tudo que tem relação com os povos indígenas. Esses encontros fortalecem muito as aldeias e também trazem muitas informações sobre o que está acontecendo fora delas.”

Um dos apoiadores do Movimento Jera Rete é o Projeto Origem, criado em 2019 por Nathalia Sibuya, Bruna Kamaroski e Juan Schenone como uma rede de apoio e fortalecimento aos povos originários do Paraná. 

Nathalia Sibuya, pesquisadora socioambiental do projeto, destaca que o Movimento “traz esse diálogo entre as mulheres, a possibilidade de fortalecimento entre elas, de discutir suas questões e suas especificidades”.

A parceira da causa indígena, que esteve presente no primeiro encontro promovido pelo Movimento Jera Rete, relata sobre as discussões em torno da saúde feminina, exames preventivos e medicina indígena. “A gente sabe das diferenças que existem e de todo esse conhecimento tradicional, que é também técnico e de grande força e potencial, principalmente em relação às plantas medicinais. Falava-se muito desse processo entre o mundo não-indígena e o mundo indígena e como fazer essas questões dialogarem de uma forma mais receptiva, como fazer com que o estado e as políticas públicas respeitem as especificidades e a autonomia das indígenas.”

Vaquinha

Para a realização do encontro, Eli busca recursos e doações que serão utilizados para o deslocamento das indígenas e alimentação. A coordenadora do Movimento também está organizando uma vaquinha para comprar doces e outras lembrancinhas de natal para as 40 crianças da TI Rio D’Areia, onde será realizado o evento.

Além disso, Eli também pretende fazer a distribuição de camisetas para todas as mulheres da aldeia. “Como é a primeira vez que vão se reunir as mulheres só para discutir essas questões, é bem importante a gente marcar essa data”, afirma.

Para quem quiser contribuir, as doações podem ser feitas por meio do PIX de Eli, através do código [email protected].

Reportagem sob orientação de João Frey

Sobre o/a autor/a

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

O Plural se reserva o direito de não publicar comentários de baixo calão, que agridam a honra das pessoas ou que não respeitem níveis mínimos de civilidade. Os comentários são moderados por pessoas e não são publicados imediatamente.

Rolar para cima