Em meio a crise de energia e alta na conta de luz, Copel aumenta lucro dos acionistas

Com a venda da Copel Telecom, pagamento de dividendos deste ano quase dobrou em relação ao ano passado

Mesmo diante da crise hídrica e energética que assola o Brasil e o Paraná, que levou à tarifa de energia mais cara já aplicada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) aos consumidores, a Copel decidiu aumentar o capital repassado aos acionistas. Só neste ano, foram R$ 1.275 bilhão distribuídos aos investidores. 

Em 2020, a Copel distribuiu um total de R$ 643 milhões a título de dividendos e juros sobre capital próprio, formas de distribuição dos lucros e resultados da empresa. No ano anterior, a estatal distribuiu R$ 378 milhões, dos quais R$ 280 milhões a título de juros sobre capital próprio, e pouco mais de R$ 98 milhões de dividendos. 

O aumento dos lucros da Copel, segundo relatórios disponíveis no site da empresa, se deu principalmente por conta da chegada de recursos extraordinários da venda da  subsidiária de telecomunicações da empresa, a Copel Telecom, e do recebimento integral da Conta de Resultados a Compensar (CRC). A Copel Telecom foi arrematada em agosto pela Bordeaux Participações por R$ 2.395 bilhões.

Além do pagamento já realizado do saldo remanescente dos dividendos de 2020 de R$ 1.275 bilhões, em 11 de agosto, a Copel pretende fazer mais uma transação em 30 de novembro no valor de R$ 1.437 bilhões em proventos regulares referentes ao exercício de 2021. Desse valor, R$ 600 milhões são referentes à parte da privatização da Copel Telecom.

O maior acionista da empresa, detendo 31% de todas as ações, é o Governo do Estado. Isso, no entanto, não significa que ele receba a maior parcela por ação. De acordo com a Política de Dividendos da Copel, quem tem ações preferenciais tipo “A” serão os acionistas com maior valor unitário. Os menores valores são para as ações ordinárias, que é o tipo de participação do governo paranaense.

De acordo com o governo, a distribuição de dividendos entra no caixa do estado como receita corrente patrimonial e os recursos são utilizados em políticas públicas “para melhorar a vida dos paranaenses”. “O desinvestimento na Copel Telecom é parte do plano de governo e foi concretizado em 2021. A orientação do Governo do Paraná é que a Copel foque seus negócios em geração, transmissão, distribuição e comercialização, apoiando negócios sustentáveis, a atração de investimentos e dando robustez à rede estadual.”

Discurso contraditório

Para o deputado estadual Soldado Fruet (PROS), que discute a privatização da Copel desde o início do mandato, a empresa e o governo do estado contrariaram o discurso de não utilizar o capital da venda da Copel Telecom para remunerar os acionistas e sim investir o recurso no crescimento da companhia, com foco na geração de energia elétrica.

O parlamentar chegou a questionar o uso dos recursos da venda da Copel Telecom em discurso na sessão plenária da Assembleia Legislativa do Paraná em 23 de agosto.

“Quando uma empresa se desfaz de ativo geralmente ela paga dívidas ou investe no negócio. O governo poderia muito bem pegar a parte do estado do lucro da Copel para subsidiar a energia para baixar o custo para os paranaenses”, afirma.

O que diz a Copel

Segundo a empresa, o dinheiro da venda da subsidiária está no caixa, mas ainda não entrou em balanço público – o que deve ser feito apenas nos últimos meses de 2021. Por ser uma empresa de capital misto, o dinheiro da Copel não é “carimbado”, ou seja, não tem uma destinação pré-definida. 

Em relação ao uso do dinheiro da alienação da Copel Telecom para pagamento dos dividendos em novembro de 2021, a empresa afirmou que “não dá para dizer, pois o caixa da Copel é único”. 

“A Copel informa que, desde 2019, está realizando o maior programa de investimentos em energia em seus 67 anos. Entre 2019 e 2021, o investimento somado é de R$ 5,9 bilhões. Somente em distribuição de energia a Copel está aplicando, apenas nos últimos três anos, mais de R$ 3,2 bilhões em programas como o Paraná Trifásico, que está implantando 25 mil quilômetros de redes trifásicas de energia em todo o Paraná, no lugar das monofásicas, com investimentos de R$ 2,1 bilhões em cinco anos, e o Rede Elétrica Inteligente, que está modernizando a gestão e a distribuição de energia elétrica no Paraná, com investimentos R$ 820 milhões em 151 municípios em sua primeira fase”, diz a empresa, em nota.

Reportagem sob orientação de João Frey

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7 comentários em “Em meio a crise de energia e alta na conta de luz, Copel aumenta lucro dos acionistas”

  1. Na moral, muita balela de político populista, empresas como a copel e Sanepar conseguem trazer maior retorno a sociedade quando são mistas e distribuem dividendos do que estatalzinha usada por político populista para ganhar voto, vcs paranaenses estão de parabéns, exemplo para o Brasil

  2. Dividendos de copel, vale, taesa, Romi, e outras mais, basta comprar ações e se beneficiar, mas a empresa pode desvalorizar, invista em ações …

  3. Não é só na Copel. No Brasil inteiro está acontecendo o incrível fenômeno da eletricidade ter ficado mais cara devido à crise hídrica, ao mesmo tempo em que o lucro das elétricas aumenta proporcionalmente. E o país inteiro adormecido, fingindo que não é com ele, porque os ladrões eram os outros…

  4. Cezar Luiz Kachel

    A Copel “explica, mas não justifica”, pois, além da distribuição de dividendos, também houve distribuição aos seus colaboradores, a título de “Participação nos Lucros e Resultados – PLR”, o vapor médio individual de nada menos de R$ 60.000,00, isto mesmo, SESSENTA MIL REAIS.
    Deve, igualmente, ser lembrado que a Copel é uma empresa de economia mista, sendo o principal acionista o Governo do Estado do Paraná, ou seja, todos nós, que não recebemos nenhum centavo dos seus lucros, pelo contrário, só aumentam as tarifas que devemos pagar, que proporcionam lucros para os outros.
    Também não se pode deixar de citar que lucros de empresas estatais deveriam ser aplicados na sua atividade-fim e não distribuídos a acionistas e colaboradores, estes já muito bem remunerados e com muitas vantagens que empregados da iniciativa privada não têm.

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