Deputados do PR aderem a atos pró-Bolsonaro e usam dia para atacar imprensa e STF

Manifestações a favor do presidente recebem a simpatia e a presença de vários parlamentares do estado

As manifestações com pautas antidemocráticas que se espalham pelo país neste 7 de setembro, dia da Independência, recebem o apoio de deputados do Paraná. Desde cedo, muitos parlamentares que representam o estado ocupam as ruas e as redes sociais embalados por um discurso de ataque às instituições – o mesmo que deu o tom à fala de Jair Bolsonaro, nesta manhã, em Brasília.

A milhares de apoiadores, o presidente voltou a ameaçar o Supremo Tribunal Federal (STF). “Ou o chefe desse poder enquadra os seus ou esse poder pode sofrer aquilo que nós não queremos”, disse ele em mais um discurso com nuance golpista.

Antes de se juntar aos apoiadores, Bolsonaro deu início ao dia da Independência com a tradicional solenidade cívica de hasteamento da bandeira, da qual participaram políticos próximos – entre eles o deputado federal pelo Paraná Ricardo Barros (PP). Líder do governo na Câmara, Barros postou uma foto ao lado da mulher, a ex-governadora do Paraná Cida Borghetti, e do presidente. “Bom dia, já estamos no Palacio Alvorada com o presidente Bolsonaro para este 7 de setembro inesquecível. O Brasil para os brasileiros. Vamos todos as ruas. Em paz [sic].”, escreveu o parlamentar no Twitter.

Barros mantém-se como um dos mais fiéis políticos da base do governo federal. O nome do paranaense também é um dos principais associados a um possível esquema de corrupção por trás de acordos de compras de vacinas contra a Covid-19 pelo Ministério da Saúde, o que o tornou um investigado pela CPI da Covid conduzida por senadores. Na mesma rede social, nesta sexta, ainda no aeroporto Afonso Pena, em Curitiba, o deputado comunicou que embarcava rumo a uma grande mobilização para “autorizar” o presidente  “a nos liderar nesta patriótica missao [sic].”

Outros deputados federais pelo Paraná que aderiram aos atos foram Pedro Lupion (DEM), Reinhold Stephanes Junior (PSD), Evandro Roman (Patriotas) e Diego Garcia (PODE). Em uma montagem com a foto do Bolsonaro, Roman descreveu a participação na manifestação como um ato pela “liberdade, pela família, pela democracia e pelo Brasil”. Em vídeo, Garcia disse estar preocupado com a “censura” que conservadores como ele sofrem no país, em uma crítica velada ao STF.  

Nos últimos meses, a Corte tem sido o principal alvo de ataque de bolsonaristas – e do próprio presidente. Decisões recentes de ministros para barrar a disseminação de fake news e o financiamento  de organizações antidemocráticas têm sido lidas pela base de Bolsonaro como atos de ativismo judicial.

Em julho deste ano, ao arquivar o inquérito dos atos antidemocráticos, o ministro Alexandre de Moraes determinou a abertura de inquéritos isolados para investigar o uso de dinheiro público na máquina antissistema que mantém grupos defensores de Bolsonaro. Um deles, especificamente, é contra a deputada federal do Paraná Aline Sleutjes (PSL), que participou dos atos hoje cedo em Brasília e vai se juntar ao evento previsto para ocorrer durante a tarde na Avenida Paulista, em São Paulo, onde Bolsonaro também promete comparecer. Em foto nas redes sociais, ainda em Brasília, a parlamentar aparece cercada de cartazes com frases antivacina e de ataque ao Congresso e ao comunismo. Em outro post, ela se refere ao dia como o de uma “segunda independência” do Brasil.

Deputada Aline Sleutjes em manifestação em Brasília. Foto: Twitter Aline Sleutjes/ Reprodução

Em São Paulo, também deve aderir ao coro favorável ao presidente o deputado Filipe Barros (PSL). “Na paulista já tem milhares de pessoas. Tá lindo de ver. O clamor do povo é um único: independência e liberdade daqueles que querem nos subjugar, implementando sua ditadura. Fora, Alexandre e todos aqueles que cooperam com seus atos ilegais”, escreveu o parlamentar no fim da manhã, em um claro pedido de destituição de ministros.

Paraná

No Paraná, atos a favor de Jair Bolsonaro também ocorrem desde cedo. Em muitos deles, como em Curitiba, ganham destaque cartazes com frases que pedem a destituição do STF e intervenção militar sob o comando do presidente. Há expectativa de que deputados estaduais alinhados às pautas antidemocráticas saiam às ruas.

O deputado estadual delegado Francischini (PSL) disse, em postagem, que hoje é dia de “sair às ruas de verde e amarelo, extravasando todo o orgulho que sentimos por esta grande Nação”. Na véspera, em um estímulo à participação de policiais militares nos atos, o parlamentar disse que tirar o “direito” da corporação de aderir às manifestações a favor do presidente é coisa da “esquerdalha” – embora o próprio estatuto da Polícia Militar proíba policiais de participarem de aglomerações partidárias.

Ainda do PSL, o Coronel Lee também se referiu a este 7 de setembro como “o dia de uma nova independência”, e Ricardo Arruda escreveu abaixo de um vídeo da manifestação em Brasília “vai ser gigante”. O correligionário Delegado Fernando Martins viajou à Brasília para se juntar a políticos na solenidade de hasteamento à bandeira. No início da tarde, o parlamentar postou uma foto ao lado do presidente pedindo respeito à Constituição Federal e que “deixem Bolsonaro governar o país”.

Já Homero Marchese, do PROS, aproveitou a data para fazer críticas à imprensa. “Nesta manhã de 7 set, já temos 2 independências declaradas: 1- a da grande imprensa em relação aos fatos (ela omite dados, imagens, classifica os protestos de antidemocráticos e compara multidões de um lado a punhados de outro); e 2- a da população em relação à grande imprensa [sic]”. Seu correligionário, o deputado soldado Fruet escreveu, abaixo da imagem de um carro, que estava se preparando para os atos. “Juntos por nossa liberdade. Jair Messias Bolsonaro”.

Curitiba terá nesta tarde atos a favor e contra o presidente. No Centro Cívico se reúnem manifestantes pró-Bolsonaro, mas o ápice deve ocorrer no período da tarde. Às 16, na praça Santos Andrade, está previsto o encontro de contrários às pautas antidemocráticas.

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