Curitiba tem 250 suspeitos de reinfecção por coronavírus

Confirmação virá com testes de sequenciamento genético para verificar a mutação do vírus

No dia em que o Brasil anunciou o primeiro caso confirmado de reinfecção por coronavírus no país, Curitiba confirmou a suspeita de outros 250 na cidade. As amostras ainda não foram enviadas para a Fiocruz, laboratório que irá analisar a linhagem dos dois vírus. A reinfecção só é considerada se for confirmada a mutação genética entre eles.

“Todos são considerados confirmados, tiveram sintomas clínicos e detecção do coronavírus. Os 250 estão dentro dos casos positivos, registrados novamente, em fase de investigação de possível reinfecção”, diz a infectologista Marion Burger, do Centro de Epidemiologia da Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba.  

Os suspeitos apresentaram sintomas da Covid-19 com intervalos maiores de três meses, sendo testados e positivados nas duas vezes. “Todos os 250 são quadros suspeitos; só vamos ter a resposta depois de haver o sequenciamento do vírus, pra isso as amostras detectadas estão sendo reunidas no Lacen (Laboratório Central do Estado do Paraná), que vai encaminhar pra Fiocruz, no Rio de Janeiro, que irá investigar.”

A infectologista explica que o coronavírus pode ser detectável no organismo por mais de 90 dias, por isso é o tempo mínimo utilizado para suspeitar da reinfecção. Para ela ser confirmada, no entanto, precisa de investigação clínica, epidemiológica e de sequenciamento viral para saber se é o mesmo vírus ou uma mutação dele.

“Para a comunidade científica é considerada reinfecção quando se prova que a primeira foi uma variante diferente da segunda, porque comprova que não é um vírus que ficou latente no organismo e reativou, mas uma variante nova, como se fosse um primo dele, com pequenas mudanças genéticas.”

A médica ressalta que há vários tipos de vírus que sofrem mutação, mas até agora só foram descobertas seis variações do coronavírus no mundo todo. As amostras coletadas em Curitiba estão reunidas no Lacen e ainda serão encaminhadas para o sequenciamento genético na Fiocruz. A demora, segundo a Prefeitura, se deu pela “situação crítica com atendimento e monitoramento da Covid-19” na Capital.

Máscara para todos

Mesmo sem a confirmação da reinfecção, há o registro do vírus duas vezes no organismo das 250 pessoas pesquisadas, sendo que a maioria teve mais sintomas na segunda vez. “Algumas fizeram quadro mais leve na segunda vez, mas a maioria é ao contrário, sintomas mais típicos na segunda, como falta de olfato e paladar”, observa a infectologista da Secretaria de Saúde de Curitiba.

“Não existe um padrão, mas a grande lição é que os cuidados têm que ser tomados por quem já foi e por quem não foi infectado, pois os reinfectados também podem transmitir o vírus e causar surto ou o acometimento de familiares. Os cuidados têm que ser os mesmos. Não dá pra ficar tranquilo”, alerta a médica. “Ainda é um universo pequeno perto dos 90 mil casos confirmados, mas é uma situação que pode ocorrer e vamos nos deparar com ela cada vez com mais frequência.”  

“Não sabemos o tempo de resposta do organismo e se a primeira infecção desencadeia uma resposta imunológica que vai proteger. A gente suspeita três meses, mas não quer dizer que não pode apresentar uma infecção mais cedo. Só o tempo dirá.”

Primeiro caso

O primeiro caso de reinfecção registrado oficialmente pelo Ministério da Saúde (MS) envolve uma médica de 37 anos, de Natal, no Rio Grande do Norte. Ela foi contaminada em junho, se curou e teve o resultado positivo novamente em outubro, 116 dias após o primeiro diagnóstico. “As análises realizadas permitem confirmar a reinfecção pelo vírus SARS-CoV-2, após sequenciamento do genoma completo viral que identificou duas linhagem distintas”, informou o MS em nota.

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