Pesquisadores da Universidade Federal do Paraná (UFPR) participam de uma iniciativa da Agência Escola chamada “Pergunte aos cientistas”, que permite que a população tire dúvidas sobre saúde mental por meio de envio de perguntas para os professores.
Os casos de pacientes acometidos por doenças mentais aumentaram por conta da Covid-19. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), desde o início da pandemia a prevalência de ansiedade e depressão aumentou 25% em todo mundo.
O Brasil seguiu a tendência. Segundo um levantamento feito pelo Ministério da Saúde em 2020, foi verificada a elevada proporção de ansiedade (86,5%); uma moderada presença de transtorno de estresse pós-traumático (45,5%); e uma baixa proporção de depressão (16%) em sua forma mais grave entre os brasileiros.
Isso refletiu também na indústria farmacêutica. Segundo dados obtidos pela Agência Senado, um levantamento da Consultoria IQVIA e divulgados pelo Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos (Sindusfarma), revela que o número total de caixas de medicamentos relacionados com doenças mentais vendidas ao varejo (farmácias e drogarias) subiu 17,82% entre 2019 e 2020.
Entre 2018 e 2019, a alta havia sido de 10,7%. A venda de antidepressivos inibidores a recaptação de serotonina e noradrenalina (a Venlafaxina, por exemplo) apresentou uma trajetória mais acelerada, registrando altas de 21,5%, 20% e 14% entre 2019 e 2021.
Por outro lado, há pessoas que não conseguem identificar sintomas relacionados às doenças mentais ou, que têm dúvidas sobre como proceder nestes casos. A iniciativa da UFPR presta esta orientação de forma gratuita nesta edição (os temas mudam a cada nova temporada).
Dúvidas
Uma das perguntas enviadas aos cientistas foi quanto ao “nível de tristeza” e quando isso passa a ser preocupante. A resposta foi elaborada pelo cientista Deivisson Vianna Dantas dos Santos, que explicou que não se deve colocar valor moral neste sentimento. “Todo sofrimento é legítimo e precisa ser escutado. Às vezes o que alguém pode considerar um ‘mimimi’ é algo preocupante para o outro, que o faz sofrer.” A pedida, neste caso, é identificar o quanto o sentimento impacta na vida cotidiana.
Diversos questionamentos também foram feitos sobre a síndrome de Burnout, que é caracterizada pela exaustão emocional. Outras dúvidas acerca dos ambientes de trabalho também foram respondidas pelos cientistas. Essas relações trabalhistas foram fortemente impactadas durante nos períodos de mais restrição durante o enfrentamento da Covid-19.
Quem conseguiu trabalhar de forma remota muitas vezes ficou sobrecarregado e, em contrapartida, quem não pôde parar conviveu com o medo de ser infetado pelo coronavírus.
“A Síndrome de Burnout não é um problema que acontece de uma hora para outra. Envolve um processo de desgaste crescente. Analisar a realidade na qual se está vivendo, identificando sinais de desgastes físicos e emocionais pode ajudar a perceber o esgotamento em um estágio ainda inicial”, explicou a cientista Lis Soboll.
Todas as perguntas e respostas estão disponíveis na página da Agência de Comunicação da UFPR.
Ajuda
Quem precisa de ajuda para cuidar da saúde mental pode procurar as unidades básicas de saúde de Curitiba e pedir o encaminhamento para tratamento especializado. Se houver necessidades mais urgentes, basta ligar para o Samu (192) ou bombeiros (193)
Outro recurso é o Centro de Valorização da Vida, que disponibiliza escutas online e por telefone. Basta ligar para o 188 e não é preciso se identificar.
Além disso, a própria UFPR tem o programa ConVida, que orienta e previne problemas de saúde mental.
Outra iniciativa que pode ajudar em breve é a Linha Vida (196), lançada no início do mês pelo Ministério da Saúde.
Segundo o governo federal, a Linha Vida acolherá pessoas e fará o direcionamento, buscando a prevenção do suicídio e da automutilação. O projeto-piloto começará pelo Distrito Federal, por um sistema de atendimento multicanal. O serviço vai funcionar 24 horas por dia, todos os dias da semana.
Envie sua pergunta
Quem quiser falar com os cientistas da UFPR pode enviar um e-mail para o endereço eletrônico: [email protected], com nome completo, idade, profissão e cidade onde reside. Quem quiser enviar a dúvida em formato de vídeo, pode fazer o questionamento em stories do Instagram marcando o perfil @agenciaescolaufpr.