Bolsonarista agride eleitor do PDT em Matinhos

Antes de agredir dono de bicicletaria, homem disse ser "filho de Bolsonaro"

O dono da bicicletaria Tuareg em Matinhos, no litoral do Paraná, foi agredido nesta quinta-feira (22) por um cliente que disse ser “filho de Jair Bolsonaro” quando desferiu um soco pelas costas. “Meu olho ficou inchado e o nariz começou a sangrar na hora”, descreve a vítima, Armando Tuareg. O empresário é apoiador das campanhas dos candidatos Goura, Gustavo Fruet e Desiree, que concorrem aos cargos de deputado estadual, deputado federal e senadora, respectivamente, todos pelo PDT.

Segundo Armando, a agressão ocorreu durante a manhã, quando foi buscar materiais em uma loja de utilidades domésticas. Ao terminar a compra, parou para conversar com o dono da loja na porta do estabelecimento sobre assuntos de rotina, sobretudo eleições e esportes. Porém, ao ouvir a conversa, o agressor de Armando saiu da barbearia na qual estava, que se localiza ao lado da loja de utilidades, e começou a gritar que era filho do Bolsonaro e que Armando tinha que “vazar dali”. “Eu só perguntei o que estava acontecendo e, quando virei, ele me socou no olho e meu nariz começou a sangrar”, relata a vítima.

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Armando afirmou que já prestou serviços ao seu agressor diversas vezes, mesmo sabendo que ele é um usuário de crack que costuma ter comportamentos agressivos, pois já apedrejou uma ambulância na cidade recentemente. “Ele é surfista e deixou a bicicleta comigo para conserto desde domingo. Eu arrumei e não cobrei nada, e ele me cumprimentou normalmente antes do ocorrido”, relata. 

Mesmo após não ter reagido à agressão, Armando foi procurado novamente pelo agressor no horário do almoço, quando ele retornou à bicicletaria para ameaçá-lo novamente e atirar no local uma das peças de sua bicicleta que ainda nem havia pagado. 

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“Eu não sei se isso não foi a mando de alguém da cidade, que pagou para esse cara me agredir”, reflete Armando. “A gente vive em uma situação complicada, porque Matinhos é um coronelismo tremendo”, afirma. O coronelismo, por sua vez, é um dos principais aspectos da estrutura política no país, conforme explica o cientista político da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Marco Rossi. “O poder, o dinheiro, a propaganda e a influência são realmente os aspectos que mais influenciam a política brasileira, que é muito marcada pelo conchavo e pelas artimanhas”, afirma. 

Nesse sentido, Armando acredita que a agressão foi motivada por razões políticas devido ao fator surpresa do ocorrido. “Como explicar uma pessoa que te cumprimenta de manhã e, depois, te agride sem você nem dirigir a palavra a ela, conforme as próprias testemunhas que estavam ali viram? É uma coisa de louco.”

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Além disso, a vítima afirma que achou “muito estranho” o fato de seu agressor gritar que era “filho de Bolsonaro” antes de agredi-lo, pois ele não é apoiador da campanha pela presidência da República do PDT, apenas para os cargos de Governo, Câmara dos Deputados e Senado. “Por que eu fui agredido de graça, estando no direito de me manifestar na política? A gente vive em um estado democrático de Direito ou em uma ditadura?”, questiona Armando. 

O dono da bicicletaria buscou atendimento médico em uma das Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Matinhos, de onde retornou para casa por volta das 15h. O diagnóstico médico não localizou fraturas no rosto, apenas um inchaço localizado na região do olho esquerdo. Até o momento de publicação desta reportagem, Armando não havia registrado um boletim de ocorrência sobre o crime, mas pretendia fazê-lo.

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