Artesãos que expõem na feirinha do Largo da Ordem, em Curitiba, estão insatisfeitos com a nova modelagem das barracas, proposta pela prefeitura. Na última semana o vereador Marcos Vieira (PDT) protocolou uma indicação para que o edital de contratação de fornecedores fosse suspenso, o que não ocorreu já que a concorrência foi realizada nesta segunda-feira (10).
A indicação foi apoiada pelos vereadores professora Josete e Ângelo Vanhoni, ambos do PT, bem como por Maria Letícia (PV) e Amália Tortado (Novo). O documento foi motivado pelo apontamento dos artesãos que reclamam da falta de diálogo com a prefeitura para a nova modelagem.
A mudança vai deixar as barracas com 4m² de área útil (2mx2m), sendo a cobertura 2×3. No entanto, isso deve prejudicar a exposição dos produtos.
“Os artesãos questionam o projeto, muito em função do espaço, que oficializa um balcão em U com menores medidas do que eles têm à disposição atualmente com a bancada em L, e ainda maior altura, dificultando a exposição de peças no espaço superior. Pontos que os artesãos levantam há 2 anos mas não tem retorno algum. Ou seja, trata-se mais de uma imposição que uma construção coletiva”, destacou o vereador Marcos Vieira.
Além disso, os parlamentares também pediram à prefeitura novos modelos para que os próprios feirantes pudessem escolher. Esta proposta foi levantada ainda em 2022, durante audiência pública na Câmara Municipal, porém a prefeitura não acatou a sugestão.
Outra opção seria que membros do Instituto de Turismo, responsável pela gestão da feira, fossem à feira do Largo da Ordem para consultar pessoalmente os feirantes.
Incompatível
Os feirantes prepararam um abaixo-assinado com mais de 500 assinaturas pedindo que a prefeitura de Curitiba reconsidere o modelo das novas barracas. O documento foi entregue para vereadores e demonstra a insatisfação da categoria.
Um dos signatários é Aurélio Malhovano, cuja família trabalha com artesanato desde 1980. Ao Plural ele disse que a prefeitura deveria ter aberto diálogo com os feirantes. “O modelo apresentado deveria partir do atual, que é um dos melhores em quarenta anos e aí nos apresentar opções. Nós tentamos argumentar, mas só recebemos nãos e alguns talvez, nenhum sim”, lamenta.
Atualmente 1,1 mil feirantes utilizam o equipamento locado. O novo modelo das barracas foi inspirado numa pintura de Jean-Baptiste Debret, de 1835, que retrata vendedores de carvão e de milho. “Não estamos falando de estética, ela tem de ser funcional para quem trabalha”, critica Malhovano.
“Se é para gastar em barracas novas, falem com os maiores interessados, os artesãos”, desabafou Tiemi Takahashi, por meio das redes sociais. No Instagram ela fez uma foto ilustrando o quanto de espaço a menos os trabalhadores terão para expor os produtos.
A proposição enviada à prefeitura pelos vereadores detalha que “a própria Comissão de Feiras, composta pelos artesãos, informou que não houve um diálogo concreto, em que foram chamados apenas para 2 reuniões, uma primeira para se conhecerem e já em uma segunda com a apresentação do protótipo com um representante do IPPUC, sem aviso prévio de que essa seria a pauta. E na sequência somente foram informados que o edital para a licitação seria lançado em março, como de fato ocorreu, em 22 de março de 2023”.
O que diz a prefeitura?
A licitação do Instituto Municipal de Turismo (IMT) para as novas barracas ocorreu nesta segunda-feira (10). O processo está em fase de julgamento e o resultado deve ser anunciado no dia 17, conforme a prefeitura.
Houve uma única proposta classificada, cujo valor é de R$ 18,4 milhões. A fornecedora, de acordo com o processo, é Luciana Valente, cuja empresa é sediada no bairro Boqueirão, em Curitiba.
Embora ainda haja expectativa de reverter o modelo escolhido pela prefeitura devido a falta de diálogo, a prefeitura de Curitiba afirma que foi realizada uma reunião com os artesãos em fevereiro de 2022, quando participaram 250 pessoas.
Apesar das críticas dos artesãos, segundo o IMT houve audiência pública na Câmara no ano passado e havia um e-mail para recebimento de sugestões para o qual foram enviadas 50 mensagens. “Todas as considerações dos artesãos foram analisadas”, afirmou em nota o Instituto.
Entre as sugestões o IMT diz que foram acatadas a possibilidade de exposição em balcão em L ou U, mais proteção contra chuva nas laterais da barraca e o aumento do balcão, “solução para [a] prateleira inferior a mesa frontal para guarda de materiais” e possibilidade de inversão e redução do balcão.
Sobre o documento enviado pelos vereadores pedindo a suspensão da licitação, cujo último trâmite ocorreu nesta terça-feira (11), o Executivo ainda não se manifestou.
No segundo ano a empresa que irá administrar as barracas irá receber R$140 por domingo, sabendo que são mais de 1000 barracas é um lucro de R$560.000 por mês, com barracas compradas por verba pública para os artesãos, em 4 anos a empresa terá lucrado R$26.880.000 com os artesãos, um lucro absurdo em cima de uma categoria já desvalorizada. É uma vergonha o que a prefeitura está fazendo com os artesãos
Não se trata somente do modelo fisico e funcional proposto, o maior mesmo é o modelo de CUSTEIO proposto.
Atualmente cada barraca custa ao artesão $ 40,00 por feira realizada.
Esse valor compreende a montagem e desmontagem, bem como a guarda da barraca,
No modelo proposto, no primeiro ano o custo seria $ 0,00 (subsídio da prefeitura), passando ao custo aproximado de $ 140,00 a partir do segundo ano.
Isso é um verdadeiro despropósito e uma total falta de respeito com a inteligência de qualquer pessoa
Esse é o real problema….
Em nosso estatuto temos hoje o direito de adquirir uma barraca, realizar a montagem ou contratar quem realize o serviço
A CORTINA DE FUMAÇA tem o real propósito de alterar o estatuto, retirando os direitos adquiridos em mais de 25 anos de trabalho.
ATENÇÃO ARTESÃ E ARTESÃO
RESPONSABILIZE SEU VEREADOR, ELE FOI ELEITO PARA TE DEFENDER !!!
Houveram reuniões sim, mas em nenhuma aceitaram o que os artesãos frizaram: NÃO QUEREMOS O MODELO PROPOSTO DE BARRACA! NEM DE GESTÃO DAS MESMAS!