A escola que eu deixei pra trás…

Crianças relatam como é estar longe por tanto tempo e do que elas sentem saudade

Nesta semana, as crianças de Curitiba e Região Metropolitana completam seis meses sem aulas presenciais. Por causa da pandemia do coronavírus, elas foram suspensas em 23 de março e, desde então, a rotina de todos os alunos tem sido de educação virtual. Aulas e tarefas on-line tomaram o espaço das brincadeiras em grupo e do contato direto com os amigos e os professores.

Alguns conseguiram se adaptar bem a nova rotina, mas a maioria ainda luta para prestar atenção e entender o conteúdo. Para os menores, o mais difícil é não poder brincar e “ir no parquinho com os amiguinhos”. Para os maiores, faz falta a interação. Para todos, o risco do coronavírus é real.

O Plural conversou com estudantes de idades variadas para saber do que eles sentem mais falta da escola e como tem sido estudar em casa. Confira os relatos:

Enzo Gabriel das Neves, 4 anos

“Eu sinto falta da Isabela e de brincar no escorregador. Eu quero voltar pra escolinha, eu não tenho medo do vírus porque ele que tem que morrer, não eu.”

Benjamin Solda Souza, 4 anos

“Sinto falta dos amiguinhos e de ir no parquinho. Eu tô gostando de ficar em casa porque tenho tempo de ver desenho. Mas não queria fazer atividades da escola. Eu queria voltar pra lá amanhã, mas eu tenho medo do coronavírus porque ele é bem difícil.”

Isis Setim Ohashi, 5 anos

“Eu sinto falta de brincar no parquinho com meus amigos. Eu até voltava pra escola pra ir no escorregador, mas de máscara, porque tenho medo do coronavírus. Ele é chato, feio, não deixa a gente sair de casa. Mas estudar em casa é legal porque eu tô aprendendo as letras.”

Marina Bielik, 6 anos

“Tenho saudade dos meus amigos e de fazer atividades com as professoras. Eu queria ir pra escola mas tenho medo do coronavírus, tenho medo de morrer.”

Fernando Gonçalves Cesquim, 7 anos

“Sinto falta dos meus amigos, era legal estar na escola, fazer amigos e brincar. Tinha aula de grupo e eu gostava de conversar com meus colegas enquanto a gente tava fazendo a matéria. Eu mudei de colégio e minha mãe tá me ajudando na aula em casa, o que está sendo legal. Eu só voltaria pra escola se tivesse vacina pra Covid porque eu tenho medo, né. Tá todo mundo morrendo por causa dele.”

Bernardo Correia de Freitas Galindo, 7 anos

“O que eu mais gostava era a hora que esperávamos os pais chegarem pra nos buscar e a gente ficava assistindo desenho, todo mundo junto. Se eu pudesse ir pra escola agora ia querer ver os jogos de robótica do tablet, mas ia querer brincar com meus amigos também. Eu não tenho muito medo do coronavírus mas não quero ficar doente; seria pior do que quebrar o braço.”

Carmela Ribas Vieira, 10 anos

“Sinto falta de brincar com meus amigos, gostava dos passeios e de fazer texto; era bem divertido. Em casa está legal mas eu me sinto entediada. As atividades são um pouco difíceis mas eu faço nas folhas [impressas]. Eu não iria na escola amanhã por causa do corona, mas se não tivesse o vírus, ia. Eu tenho muito medo, medo de ficar doente e as outras pessoas também.”

Melissa Chaves Reiser, 10 anos

“Eu gostava de ter contato com os outros na escola; sinto falta dos meus amigos. Lá era melhor o aprendizado pois estudar em casa é um pouco difícil, tem coisas que nossos pais não sabem. O professor explica melhor. Eu gostava da escola pra brincar, conversar ou até mesmo ficar no tédio.”

Aisha Setim Ohashi, 11 anos

“Sinto saudade dos meus amigos, de acordar para ir pro colégio. Enfrentar a escola me dava confiança, pois lá tinha aventura, brigas, amizades. A gente chega e não sabe o que vai vir, diferente de ficar em casa ou de ver aula on-line, que não tem nem conversa entre os alunos direito. Na escola a gente aprendia se divertindo. Eu gostava do contato com os professores, na minha carteira me explicando e me dando atenção. Também tinha aulas especiais, como Educação Física, que nunca mais foi a mesma; agora é só conteúdo. Na sala tinha ainda a ajuda do colega, como na hora em que a gente perde qual é a página do livro, ou quer contar um segredo.”

Ana Clara Bielik, 13 anos

“Sinto falta da explicação dos professores, de poder tirar dúvidas pessoalmente. Não está tendo proveito satisfatório pela internet. Gostaria de voltar às aulas presenciais, mas tenho receio pela falta de cuidado dos outros alunos. Tenho medo da Covid.”

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1 comentário em “A escola que eu deixei pra trás…”

  1. Parabéns pela reportagem. Importante dar espaço e voz às crianças. Elas precisam contar como se sentem, para que no retorno, sejam sentidas e vistas.

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