Desemprego é o que mais preocupa curitibanos na pandemia

Pesquisa em dez bairros da Capital aponta falta de renda como principal problema causado pela Covid-19

O colapso no sistema de saúde em Curitiba e a preocupação com a saúde mental ou física até foram citados, mas passam longe de ser a principal aflição do curitibano. Por aqui, o que tá tirando o sono mesmo é falta de renda e emprego. A constatação é de uma pesquisa realizada em dez bairros da Cidade, com 523 moradores.

Ela foi desenvolvida pela ONG Cidade da Gente, com apoio do Instituto Sivis e da Província Marista Brasil Centro-Sul. Questionários on-line foram aplicados entre moradores dos bairros: Bairro Novo, Boa Vista, Boqueirão, Cajuru, Cidade Industrial (CIC), Fazendinha, Matriz (Centro), Pinheirinho, Santa Felicidade e Tatuquara.

Entre os entrevistados, 70,8% responderam que o principal problema decorrente da pandemia é o desemprego e a falta de renda, seguido do colapso do sistema de saúde (10,6%) e da saúde mental (10,2%).

“Os dados indicam que, mesmo se tratando de uma questão de saúde pública, os curitibanos estavam mais aflitos — e, possivelmente, foram mais afetados — com o cenário econômico”, aponta a pesquisa.

Fonte: ONG Cidade da Gente

Cenário pós-pandemia

Os participantes também escolheram o cenário que mais gostariam para a pós-pandemia. O mais esperado deles é a cura para a Covid-19, resposta de 34,9% dos curitibanos. Outros 29,5% vislumbram a diminuição do número de casos e o fim do isolamento social. Já o aumento na quantidade de vagas de emprego aparece entre 22,3% dos entrevistados.

“Tomados em conjunto, os resultados indicam o desejo da população de que a pandemia seja controlada para que possam voltar a suas atividades sociais e econômicas cotidianas.”

Além disso, 5,6% esperam a melhoria na estrutura do sistema de saúde, 2,3% mencionaram o aumento da solidariedade entre as pessoas e 1,5% apontaram o aumento na assistência do governo como cenário predileto.

Fonte: ONG Cidade da Gente

Iniciativas individuais

Outro questionamento foi para saber quais tipos de iniciativa os curitibanos têm visto acontecer para diminuir os efeitos negativos da pandemia. Mais da metade dos entrevistados disse perceber mobilizações realizadas pelos próprios moradores (51,6%). “Este é um indício de possível aumento da solidariedade entre as pessoas, que foi comentado também nas entrevistas e grupos focais. De acordo com a população de Curitiba, há poucas iniciativas encabeçadas por instâncias organizadas, como governos, lideranças comunitárias e empresários”, revela o levantamento.

Fonte: ONG Cidade da Gente

Cenários possíveis

Com base nos resultados, os organizadores do trabalho (empreendedores sociais, empresários, líderes comunitários, professores e integrantes do Poder Público) irão discutir e desenhar planos de ação para construir o melhor cenário pós-pandemia.

São três prognósticos levantados pela pesquisa. Um deles marcado pelo individualismo, que ganhou o nome de ‘Farinha pouca, meu pirão primeiro’. Ele retrata o pensamento egoísta, a polarização e o desrespeito social às orientações sanitárias, levando ao aumento dos casos.

Outro cenário possível é o da solução paliativa, chamado de ‘Japona’, o casaco quente do inverno curitibano. “Os ganhos que teremos na cidade em relação à solidariedade e à cooperação serão pontuais e passageiros. Assim que a situação se estabilizar, a cidade voltará a uma espécie de normal e perderá tudo o que ganhou.”

O futuro mais otimista, o de transformação, foi denominado de ‘Gralha Azul’, pelo qual a sociedade, “por meio da solidariedade e do engajamento de todos, conseguirá se reerguer de forma estruturada e rápida, evitando grandes prejuízos para todas as camadas, sobretudo, para as mais vulneráveis”.

A pesquisa completa foi traduzida em um e-book didático a respeito do assunto.

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