O lançamento de um edital de credenciamento de empresas para fornecimento de “serviços médicos” para a Fundação Estatal de Atenção à Saúde (FEAS) teria sido resultado de um acordo entre a Fundação e o Sindicato dos Médicos do Paraná e atinge apenas uma pequena parcela das horas de trabalho médico geridas pela instituição.
A informação foi divulgada em plenário, na Câmara Municipal de Curitiba pelo líder do governo na Casa, Tico Kuzma (PSD), em resposta a um pedido da vereadora Maria Letícia (PV) de moção de apoio aos profissionais da Saúde da FEAS. No discurso, Kuzma acusou Letícia de usar dados errados e se basear em um “blog”, sem mencionar o Jornal Plural que noticiou a publicação do edital em primeira mão.
Segundo o Sindicato dos Médicos do Paraná, a instituição tem um acordo com a FEAS “de não terceirização” dos médicos. Segundo o presidente da entidade, Marlus Volney de Morais, o acordo prevê uma “sequência de passos” que inclui a oferta de vagas aos médicos da rede SUS, a realização de concursos etc. O último passo seria a terceirização.
Morais também diz que a FEAS comunicou o sindicato de que o edital é só um credenciamento. “Eles querem ter esse cadastro de reserva pronto”, explicou. Esse cadastro viria ser usado em situações de “último caso”. Ainda segundo o presidente do Simepar o sindicato continua contrário a terceirização. “De forma alguma aceitamos isso”, completa.
Para Maria Letícia, o acordo não representa os interesses dos médicos. “Num assunto tão importante que ocupa a maior parte do orçamento municipal acordos não condizem com uma atitute responsável que é o mínimo que se espera de um sindicato que esta comprometido com os médicos. Se tratamos de direito e legalidade não dá pra improvisar. É preciso ser sério”, critica.
A moção de apoio aos médicos, apresentada por Letícia, acabou não sendo votada porque o tempo da sessão se esgotou e deve voltar ao plenário na próxima segunda-feira, dia 15 de maio. O texto pede apoio dos parlamentares aos profissionais, especialmente em vista das reclamações relativas a más condições de trabalho e de assédio moral feitas por profissionais.
Na tribuna, o líder do governo na Câmara minimizou as denúncias feitas pela vereadora e pelo Plural, sacudindo em uma mão um exemplar do novo Código de Conduta e Integridade recém lançado pela FEAS. Também aproveitou para desqualificar o trabalho dos jornalistas do Plural, afirmando que “muitos vereadores já foram vítimas de blogs” e que os parlamentares “não podem se pautar” pela imprensa independente.
“O que o vereador quer dizer que os vereadores foram ‘vítimas’ de um jornal que não recebe verba pública e que não publica releases laudatórios sobre o trabalho deles. Nesse sentido concordamos completamente com ele e continuaremos nosso trabalho de cobrir de forma independente o poder legislativo curitibano”, afirma o chefe de redação do Plural, Rogerio Galindo.