O governador do Paraná, Ratinho Jr. (PSD), afirmou nesta segunda (9), que os acampamentos em frente a quartéis, montados por bolsonaristas com intenções antidemocráticas, serão desmontados. A declaração foi feita na troca de comando da Polícia Militar.
O ex-comandante da Polícia Militar, coronel Hudson Leôncio Teixeira, agora é secretário de segurança. No lugar dele assumiu o coronel Sérgio Almir Teixeira. A troca de comando aconteceu na academia do Guatupê, em São José dos Pinhais, e contou com o alto escalão da segurança pública no Estado, inclusive o governador.
Coronel Hudson esteve à frente da corporação no ano passado e embora tenha fama de linha dura, não foi tão severo ao controlar os atos antidemocráticos ocorridos em todo Estado. Inclusive admitiu prevaricação durante negociação com manifestantes na rodovia BR-277, em Ponta Grossa, em novembro passado.
Agora o novo comandante assume com a missão de cumprir a lei. O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) determinou a desocupação das áreas próximas dos quartéis em todo País, com prazo de 24 horas a contar desta madrugada de segunda-feira (09).
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Embora a Polícia Militar do Paraná tenha sido conivente com os atos antidemocráticos até agora, Ratinho Jr. disse que a decisão do STF será cumprida. “Como a gente sempre fez: buscando ter um diálogo para que as pessoas possam entender essas ordens judiciais que foram emitidas, cumprindo aquilo que a lei determina, que a Justiça determina”, afirmou o governador após a troca de comando.
Ratinho afirmou que o secretário e o comandante da PM, bem como outros membros do alto escalão de segurança no Paraná se reuniram para desenhar soluções para as desocupações.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública declarou que “as forças de segurança também estão preparando as ações para desmobilização dos atos que ainda estão na frente dos quartéis, em respeito à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF)”.
Além disso, a assessoria de imprensa da pasta informou ainda que “O Estado do Paraná também se colocou à disposição do Ministério da Justiça para auxiliar no que for preciso para a retomada da ordem e da paz na capital federal”.
Antidemocráticos
O Supremo Tribunal Federal, por meio de nota assinada por todos os ministros disse que os atos terroristas de domingo foram “fruto do inconformismo de quem se recusa a aceitar a democracia”.
A ação enérgica da corte em identificar a punir os terrorista, aliada à determinação para retirada de manifestantes antidemocráticos da frente dos quartéis, fez com que os movimentos golpistas diminuíssem.
Embora tenha incentivado o golpismo ao lado de quatro anos de governo, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que está nos Estados Unidos, afirmou que “depredações e invasões de prédios públicos como ocorridos no dia de hoje […] fogem à regra”. No mesmo tuíte Bolsonaro – que ainda se apresenta como presidente do Brasil – lembrou dos atos “de esquerda” ocorridos em 2013 e 2017.
O STF afirmou que “atuará para que os terroristas que participaram desses atos sejam devidamente julgados e exemplarmente punidos” e que “não se deixará intimidar por atos criminosos e de delinquentes infensos ao Estado Democrático de Direito”.
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A repercussão dos atos terroristas fez com que a movimentação diminuísse em Curitiba. Nesta manhã o número de manifestantes em frente ao quartel do Exército no Bacacheri já era pequeno. No entanto, ainda há movimentação no Boqueirão e no Pinheirinho.
Em Umuarama, uma das cidades mais bolsonaristas do Paraná, o acampamento também começou a ser desmontado. Em Foz do Iguaçu, Cascavel, Londrina e Maringá também há movimentação para desmonte os acampamentos golpistas.
Até que enfim. Em frente ao Cindacta, no Bacacheri, os bolsonaristas estão jogando ovos e batendo nos carros com as hastes das bandeiras que seguram – além de complicar o trãnsito, perturbar quem mora ao redor ou precisa passar ali todos os dias.