Mães promovem #VetaGreca para impedir homenagem a promotora da “cura gay”

Grupo se reuniu com apoiadores e com vereadores "arrependidos" para cobrar medidas contra proposta e registrar indignação com o apoio da Câmara à homofobia

O Grupo Mães pela Diversidade – Paraná começou uma campanha #VetaGreca para tentar impedir que o prefeito sancione a lei aprovada pela Câmara de Curitiba que concede Título de Cidadania Honorária a Deuza Avellar. A homenageada é psicóloga e defende, entre outras coisas, a chamada terapia de conversão de homossexuais ou “cura gay”, que é vetada pelo Conselho Federal de Psicologia pelo fato da homossexualidade não ser patologia.

Nesta quarta-feira, o grupo se reuniu com diversos vereadores para estudar medidas cabíveis em relação a iniciativa e entregar uma carta manifestando indignação com a proposta. Para Marise Felix da Silva, do Grupo Mães pela Diversidade, é inadmissível que Curitiba homenageie uma pessoa que “trata homossexualidade como doença. A doença é a homofobia”.

As mães foram recebidas na Câmara por vereadores simpáticos à causa que votaram contra a proposta e outros parlamentares “arrependidos” que disseram ter votado sem saber dos detalhes da atuação da homenageada, entre eles o líder do governo, o vereador Pier Petruziello (PP). Ao Plural, Petruziello – que votou a favor da proposta nos dois turnos – afirmou que com as informações que possui hoje sobre a atuação de Avellar se absteria de votar.

O líder do prefeito organizou um encontro do grupo com o secretário de governo, Luiz Jamur, o que deve acontecer na próxima semana. As mães querem que o prefeito, Rafael Greca, vete o projeto, uma vez que a tramitação na Câmara já foi encerrada com a aprovação em dois turnos em plenário. Além da reunião com Jamur, o grupo estuda a possibilidade de manifestações e está promovendo uma campanha virtual com a hashtag #vetaGreca.

O grupo também foi recebido pelas vereadoras Professora Josete e Carol Dartora (PT), que devem encampar a campanha #vetaGreca nas redes sociais.

Homossexualidade e pedofilia

Como o Plural revelou, Avellar defende que homossexuais podem decidir serem convertidos de volta a heterossexualidade, inclusive com ajuda da psicologia e da fé. Em vídeos publicados no Youtube ela também diz que a homossexualidade é resultado de confusão, abuso e dinâmicas familiares, além de relacioná-la a pedofilia.

Na defesa do projeto, o autor, o vereador Ezequias Barros (PMB) acusou a esquerda de “promover a pedofilia” ao responder a críticas da petista Professora Josete à homenagem.

Marise diz que o discurso é “uma sandice” e ignorante. “As estatísticas mostram que 80% a 85% dos pedófilos são homens heterossexuais”, aponta. Uma pesquisa da Universidade Estadual Paulista (UNESP) com base no acompanhamento de pacientes atendidos no Pronto Socorro do Hospital de Clínicas da instituição aponta também que 78,7% das vítimas são do sexo feminino, com idade média de 9 anos.

Outra mãe do grupo, Nadine Chiquiloff, diz que não entende “qual a contribuição dessa senhora à cidade”. O Título de Cidadania, segundo Regimento Interno da Câmara, é destinado “àqueles cuja conduta atenda os princípios constitucionais e que venha dignificar a homenagem e o Município de Curitiba“.

Para Nadine e Marise, a atuação de Avellar promove a homofobia e a violência contra a população LGBTQIA+. “É uma situação muito séria. Vivemos numa sociedade muito violenta e esse tipo de ação gera violência contras as pessoas”, diz Nadine. “Nossa conversa com os parlamentares foi justamente no sentido de que é preciso manter a sociedade em paz”.

Nesta quarta, o Conselho Regional de Psicologia afirmou que apesar da atuação de Avellar pela “cura gay” não há procedimento investigativo contra ela, mas que pode agir se provocado.

Leia a carta das mães pela Diversidade na íntegra:

Sobre o/a autor/a

8 comentários em “Mães promovem #VetaGreca para impedir homenagem a promotora da “cura gay””

  1. O grupo Mães pela Diversidade LGTV4K deve aprender a respeitar quem pensa de forma diferente e não taxar pessoas com adjetivos deploráveis. Se alguém quiser buscar ajuda de um psicólogo para abordar o homossexualismo, qual o problema? Respeitem os outros para serem respeitados! A homenagem à Deuza Avellar é valida e merecida!

  2. Marcelo César Padilha

    É inacreditável que em pleno 2022 ainda haja pessoas defendendo esse tipo de ideia – que a identidade de gênero da pessoa possa ser encarada como um desvio de caráter. O pior, ademais, é a casa do povo – o parlamento local – acolher e encampar essa ideia como normal, ao homenagear quem a defende, sob critérios obscuros, quando não dúbios, aparentemente como forma de violentar o senso comum, qualificando-o como se exceção. Só neste tempo cinzento que vivemos, onde até presidente defende atos institucionais de exceção e ataca as demais instituições de Estado Democrático, é que uma ideia bizarra dessas pode aparentar algum sentido. Mas não tem. Nem de perto.

  3. Solange Torres Debrot

    Estou com as mães pela diversidade. Uma pessoa que é tão preconceituosa a ponto de promover terapia para a “cura gay” não merece nenhum título. De nada! O que ela faz é aumentar a violência e a homofobia.
    #vetaGreca

  4. Andrey Sarmento

    Curitiba de acolhedora a racista e homofóbica. Tempos estranhos e com retrocessos com Bolsonaro presidente, Rato governador e Greca prefeito.

  5. Parabéns Mães pela Diversidade pelo posicionamento coerente e pelo amor e respeito que tem pelos filhos e filhas LGBTQIA+ . Não precisamos homenagear quem não respeita a diversidade.

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