Startup de Curitiba segmenta atuação e ajuda Igrejas a aumentar presença nas redes sociais

A pandemia da Covid-19 estimulou a ampliação de ministérios e pastorais voltados para a comunicação

A pandemia da Covid-19 fechou muitos lugares para evitar aglomerações e uma das soluções encontradas foi utilizar a internet para continuar as atividades. Lojistas rapidamente se readaptaram e aproveitaram o fluxo de clientes no e-commerce.

Escolas capengaram um pouco até conseguir treinar e fornecer equipamentos aos professores para transformar a sala de casa em sala de aula, mas as ferramentas disponíveis possibilitaram interação com os alunos.

Outras organizações que precisaram se adaptar rapidamente foram as igrejas, muitas das quais não tinham atuação tímida nas redes sociais. Uma delas foi a paróquia São José das Famílias, que fica no Sítio Cercado, em Curitiba.

Simone Grah de Barros, que é membro da Pastoral da Comunicação (Pascom), lembra da preocupação dos fiéis durante o lockdown. “Quando fecharam as portas da Igreja foi preciso uma readaptação. Tinha gente da Pascom que havia feito o curso de comunicação, mas foi um desafio”.

O marido dela, que trabalhava na TV, treinou os voluntários da pastoral, que passaram a pandemia toda produzindo e transmitindo missas e outros programas para as pessoas que estavam em casa. A Igreja também investiu: foram adquiridas quatro câmeras e mesa de som.

Negócios

De Curitiba a startup Viddium, que fica no Água Verde e foi fundada em 2019, pouco antes da pandemia, percebeu uma oportunidade por conta das restrições. Os números dão o panorama. De acordo com a consultoria Business Insider, somente no Instagram houve aumento de 70% no uso do recurso ‘live’, que são as transmissões ao vivo, durante a pandemia.

A Viddium oferece equipamentos que permitissem transmissões ao vivo com boa qualidade e as Igrejas eram clientes em potencial, embora muitas delas deixassem a comunicação em um plano secundário. “Inicialmente as lideranças das Igrejas pensam que não é necessário esse investimento em comunicação, alguns são até contra. Outra coisa que percebi foi em relação ao custo, que muitas vezes, a depender do tamanho da Igreja, pode parecer alto. Então criamos um sistema de financiamento direto conosco e temos kits a partir de R$ 5 mil”, explica Iuri Jainan, CEO da Viddium.

No período pré-pandemia a empresa era fornecedora de aproximadamente 30 Igrejas. Depois da bandeira vermelha houve crescimento vertiginoso e o atualmente são 200 Igrejas atendidas em todo Brasil.

A startup fornece câmeras, aparelhagem de som, computadores e demais equipamentos que possibilitem gravação e transmissão de cultos, missas e outras atividades religiosas. Quem adquire também recebe um guia para aprender a operar os aparelhos e 30 dias de suporte técnico.

Solução provisória

Na paróquia São José das Famílias a transmissão das missas, em princípio, seria um quebra-galho até que os fiéis pudessem voltar ao regime presencial. Só que o conteúdo das redes sociais acabou atraindo gente que não pertencia à comunidade e fez sucesso.

O mesmo aconteceu com a Igreja Presbiteriana de Curitiba. “Era uma demanda que a gente já vinha levantando há algum tempo, mas há uma certa resistência porque às vezes o investimento é considerado um pouco alto. E no começo da pandemia foi um desafio nos conectarmos à nossa comunidade”, lembrou Fabricio Pereira Barbosa, liderança do Ministério de Transmissão.

A solução, aqui, também seria provisória, mas hoje a Igreja, que é cliente da Viddium, conta com estúdio, câmeras robóticas (não precisam de operador) e recentemente adquiriu um novo computador para melhorar a qualidade das transmissões. O investimento foi de R$ 20 mil neste último equipamento.

No primeiro momento foi preciso ‘treinar’ os fiéis, sobretudo aqueles mais velhos, para entender como funcionariam as reuniões e transmissões. O aplicativo zoom, por exemplo, foi um desafio, embora eles usassem a versão paga – que custa cerca de R$ 1,2 mil no pacote adquirido pela Igreja.

Depois também foram exploradas outras possibilidades e hoje a Igreja Presbiteriana conseguiu adaptar o conteúdo às plataformas mais adequadas: Youtube, Facebook, Instagram e já engatinha um projeto no Twich.

“Agora temos um ministério consolidado mesmo. Inclusive muita gente que nos assiste, que acompanha os cultos nem é de Curitiba. Temos muita audiência na região norte, no interior de São Paulo e Minas Gerais. Entendemos que a internet é uma ferramenta para levar a palavra do Evangelho”, diz Barbosa.

Demanda

Como existem igrejas que têm demandas diferentes, que variam de acordo com o tamanho do templo, arquitetura e até mesmo iluminação, a Viddium vende kits de equipamentos que vão de um set básico a equipamentos com robótica.

O kit mais básico da empresa, que atende igrejas menores ou que estão começando a investir em transmissões, conta com uma câmera, um tripé e uma placa de captura. Esse sistema é integrado a um software de broadcasting gratuito e custa na faixa de R$ 5 mil reais, com qualidade Full HD.

Para locais maiores, o investimento pode ser maior – em torno de R$ 50 mil. Este formado fornece três câmeras com acesso remoto, zoom panorâmico e também switch, a chamada mesa de corte.

“Mas a gente monta o pacote de acordo com a demanda da Igreja. Por exemplo, na Perpétuo Socorro há câmeras robóticas porque lá há missas de hora e hora no fim de semana, é uma demanda muito grande”, salienta Jainan.

Bons resultados

Se antes grande parte das Igrejas estavam reticentes quanto aos benefícios das redes sociais, hoje muitas delas entendem que a internet permite atingir um público maior. “Muita gente diz ou pela internet ou pessoalmente, quando pode vir: nossa, que bom que estão transmitindo, eu não perco uma missa”, revela Simone.

O público cativo nas páginas da paróquia repete o comportamento em outras denominações religiosas. A mais famosa delas talvez seja a Igreja Presbiteriana de Pinheiros, que tem 1 milhão de inscritos no canal de Youtube e perfil verificado. Hoje o canal conta com transmissões 24 horas e uma equipe específica para comunicação.

“O comportamento das pessoas assistirem conteúdo na internet veio para ficar. Não à toa temos aqui clientes do Rio Grande do Norte, Amazonas, Ceará. As redes sociais que antes eram uma solução provisória vieram para ficar”, analisa Jainan, da Viddium.

Sobre o/a autor/a

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

O Plural se reserva o direito de não publicar comentários de baixo calão, que agridam a honra das pessoas ou que não respeitem níveis mínimos de civilidade. Os comentários são moderados por pessoas e não são publicados imediatamente.

Rolar para cima