Startup de Curitiba desenvolve aplicativo que mapeia espaços para deficientes visuais

Ferramenta foi usada no carnaval do Rio de Janeiro neste ano

A retomada do carnaval na Sapucaí no mês passado, além de alegria, também trouxe acessibilidade aos foliões que têm deficiência visual. O aplicativo Veever, desenvolvido pela startup curitibana, foi utilizado para mapear a estrutura do local e transmitir as informações por áudio para os usuários.

A empresa nasceu em 2015, após um Hackaton organizado pela prefeitura de Curitiba. Os três sócios Leonardo Custódio, Lohann Coutinho e João Pedro Novochadlo se uniram e empregaram uma tecnologia já existente para criar uma solução de baixo custo.

Novochadlo fazia trabalho voluntário no Instituto Paranaense de Cegos e, embora não tenha deficiência, conheceu de perto a realidade de quem era atendido por lá.

Durante a maratona de programação, a experiência do voluntariado aliada às habilidades de programação dos sócios resultou no aplicativo. Em 2019, ele foi disponibilizado nas plataformas e hoje já conta com cerca de 1,2 mil downloads na Apple Store e no Google Play. O número de usuários ativos é menor, cerca de 250.

Foto: Divulgação/Veever

Tecnologia

Os dispositivos de microlocalização utilizados pela empresa são importados da Itália e usam bluethooh para mapear e transmitir informações para aparelhos celulares. Eles são fixados em locais estratégicos e usam inteligência artificial. Contudo, não se trata de uma tecnologia nova.

O que a Veever fez foi sistematizar os dados para auxiliar pessoas com baixa visão ou cegas. Um profissional de audiodescrição cria a “legenda” descrevendo os espaços. “Por exemplo: se o local tem uma estátua, a audiodescrição vai trazer as informações de textura, cor, tamanho, onde ela está. Ou vai informar que tem uma porta, dando detalhes mesmo”, explica Novochadlo.

O investimento inicial dos sócios foi de R$ 25 mil para importação dos dispositivos. Para além disso, apenas o trabalho intelectual dos desenvolvedores.

Para o usuário o aplicativo é gratuito. O custo da operação fica a cargo das empresas que querem dar acessibilidade ao público.

O valor varia conforme a extensão e o número de dispositivos contratados. Por mês cada um custa R$ 14,90, com contrato anual. Já para eventos, a locação é feita por dia e gira em torno de R$ 29,90 para cada dispositivo.

Em ambos os casos, há também uma taxa de implementação, cujo valor varia de acordo com a o tipo de projeto.

Rio de Janeiro

Em 2019, a startup fez uma parceria com o Rock in Rio e ajudou a mapear as mais de 20 áreas da Cidade do Rock, tendo um retorno bastante positivo por parte dos usuários e da organização do evento, que na edição deste ano também contará com a solução.

Deste trabalho foram feitas conexões para outras parcerias, até que veio a pandemia da Covid-19. Com a suspensão de eventos, os negócios da startup foram impactados, até a retomada com o carnaval deste ano.

Na Sapucaí, em princípio, apenas um camarote havia contratado o serviço de acessibilidade e com prazo apertado – apenas cinco dias antes da festa começar.

Durante a implementação, a Liga de Escolas de Samba se interessou pelo aplicativo, o que fez com que o mapeamento fosse ampliado também para um dos acessos. Por falta de tempo, a Veever não pôde mapear o sambódromo todo, mas a primeira experiência já desponta a possibilidade de novos negócios.

No futuro

De acordo com informações da empresa, há, ao menos, 280 milhões de pessoas que têm algum tipo de deficiência visual no mundo. E grande parte delas sofre com falta de acessibilidade.

No pós-pandemia e com a boa repercussão do trabalho a Sapucaí, a Veever projeta uma retomada dos negócios para o segundo semestre, já que as atividades ficaram em standby durante o período.

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