“Uma bela manhã” e a vida que vale a pena

Léa Seydoux interpreta uma jovem viúva que encara os problemas com coragem e resiliência no novo filme de Mia Hansen-Løve

Sandra é uma jovem viúva e mãe de uma menina que, cinco anos depois de perder o marido, sofre outra rasteira da vida. Agora, é seu pai que fica doente, com uma síndrome rara que afeta o cérebro e torna a pessoa cega, embora não haja nada errado com os olhos. É Sandra, interpretada por Léa Seydoux (no melhor papel da sua vida), que está no centro de “Uma bela manhã”, novo filme da diretora e roteirista Mia Hansen-Løve.

O pai de Sandra (Pascal Greggory) era um professor de Filosofia respeitado e querido pelos alunos. Um homem que se dedicava à obra de pensadores alemães como Adorno e Heidegger, mas que também admirava o romancista Thomas Mann, autor de “A montanha mágica”. 

Pois o pai conseguiu transmitir esse amor pela língua alemã e pela literatura para a filha Sandra, que trabalha a maior parte do tempo como intérprete e tradutora. Quando “Uma bela manhã” começa, Sandra faz uma visita ao pai e logo fica claro que ele não está bem e precisa de ajuda. Além de roubar a visão, a síndrome funciona como um tipo de doença degenerativa do cérebro, deixando a pessoa cada vez mais confusa, debilitada e esquecida.  

“Uma bela manhã”

Então as filhas – Sandra e a irmã – procuram um asilo onde o pai possa receber a atenção de cuidadoras. Nesse intervalo, durante um fim de tarde como tantos outros, Sandra vai buscar a filha na escola e ao voltar para casa, passando por um parque, reencontra um amigo, Clément (Melvil Poupaud), que não via há muito tempo. 

A conversa é superficial e um pouco desajeitada, mas eles combinam um encontro, e depois outro, e acabam se apaixonando. Para Sandra, isso representa mais um problema, porque Clément é casado e tem um filho. 

Isso, dito dessa forma numa resenha, pode dar a ideia de que o filme é um romance sobre amores impossíveis, mas a história tem pouco a ver com isso e, na verdade, é bem melhor do que isso. 

Léa Seydoux

O argumento de Hansen-Løve que ilumina “Uma bela manhã” diz que uma vida plena envolve muito mais coisas do que só alguns momentos felizes. Sandra parece saber melhor do que ninguém que a vida é também feita de tristezas, dificuldades e despedidas. E você só vive de verdade se encarar isso tudo com coragem, sem ignorar as coisas boas que surgirem pelo caminho. 

Onde assistir

“Uma bela manhã” (“Un Beau Matin”, no título original) está disponível para alugar nas plataformas da Apple e do Google. O filme entrou direto no streaming sem passar pelos cinemas brasileiros, depois de chamar atenção na última Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.

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