Primeiro livro de Kenni Rogers é feito com memórias e cicatrizes

A busca por entender seu lugar no mundo e as vivências como registro literário são o ponto de partida de “Quando era mato, tudo”, que será lançado neste domingo (4)

O primeiro livro assinado pelo artista e ativista cultural Kenni Rogers, “Quando era mato, tudo”, será lançado neste domingo (4), às 11 horas, no Instagram do Balada Literária. No encontro virtual, leitores e curiosos poderão saber como o olhar social e as vivências da rua entraram para as páginas da obra, e também conhecer detalhes sobre o processo que resultou na publicação on-line do título com download gratuito. 

A publicação veio da participação na oficina “Vivências Literárias”, promovida pela parceria entre a iniciativa Balada Literária e o Itaú Social, destinada a pessoas que trabalham com formação de leitores em comunidades e periferias. A proposta tem tudo a ver com o trabalho de Rogers, dedicado a levar o mundo literário para os jovens da Grande Curitiba, inclusive, por meio do diálogo com o teatro e a arte urbana. 

Emaranhado de memórias e cicatrizes

No total foram cinco autores selecionados que ganharam uma bolsa e desenvolveram suas produções com a orientação do escritor Marcelino Freire. A ideia era que cada participante buscasse o entendimento de seu lugar de atuação, e principalmente de suas vivências e memórias no registro literário, conforme fala o escritor. 

O título escolhido pelo escritor confirma a importância desse resgate para o livro, é uma espécie de brincadeira irônica com a frase que circula em inúmeros memes “Quando cheguei aqui, era tudo mato”, pois se trata de uma história que já aconteceu. As primeiras laudas nasceram do que viveu, antes de chegar em Curitiba, um menino no interior do Paraná, retratando lembranças que vão de cheiros até rotinas do dia a dia. Depois, acontece o trânsito para a capital com o ponto de vista de quem está profundamente envolvido com questões sociais, como situações presenciadas nas comunidades, nos presídios, e com adolescentes em casas de acolhimento.

“É um emaranhado de memórias, cicatrizes, olhares, lembranças, histórias ouvidas e presenciadas”, diz o artista ao explicar que se trata de um texto desconstruído. “Tem narrativas mais longas, ora mais poéticas, ora um foco em outra personagem que surge, tudo intercalado por olhares de quando eu sento para observar a cidade e as pessoas”, diz ele. 

A rua como cenário

Para levar a literatura aos jovens e crianças, uma das ferramentas de Rogers é a arte das ruas. “Eu faço um samba muito grande. Se vou falar de literatura, busco diálogo a partir do graffiti para chegar num escrito no muro e, daí, falar de texto, de poesia, da cidade”, fala o artista ao apresentar a rua como o ‘lugar’ do livro. “As vivências da rua foram combustão para minha escrita.”

Como a permanência da memória ao longo do tempo é forte no material, o autor escolheu ilustrações que trazem todo um simbolismo. A busca resultou em um registro similar ao que se carrega marcado na pele, na contramão do efêmero, com desenhos feitos pelo tatuador Rengaf. Completando o projeto gráfico de “Quando era mato, tudo”, lá está a rua novamente, representada pela arte do grafiteiro Gustavo Santos Silva, conhecido como Gustas, na capa. Ou seja, o primeiro contato visual é com o trabalho de outro artista também urbano. 

Lançamento do livro “Quando era mato, tudo” de Kenni Rogers

Domingo, 4 de dezembro, às 11h. No Instagram da Balada Literária. Download gratuito a partir do dia 4 aqui

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