“Prédios de Curitiba” narra histórias da cidade vertical

Projeto usa redes sociais, site e livro para tratar de 40 construções curitibanas sob aspectos estéticos, históricos e urbanísticos

“Às vezes, eu pesquisava um prédio na internet e tudo o que encontrava eram valores de aluguel”, diz o arquiteto Guilherme de Macedo, nascido em Curitiba, mas criado em Arapoti, no interior do Paraná. Aos 37 anos, ele é idealizador e catalizador do projeto “Prédios de Curitiba”, uma espécie de plataforma digital e física que fez um inventário da cidade por meio da história de seus prédios. 

“O prédio em si é um objeto, uma estrutura. É frio, você olha e, claro, ele te transmite uma sensação, mas sou muito mais fascinado pelo afetivo, pelo que aconteceu ali. Esse lado mais histórico do lugar”, diz Macedo. 

Por isso, o projeto reúne mais de 20 profissionais de diversas áreas que atuam como fotógrafos e redatores produzindo um conteúdo variado. Há quem goste mais da parte histórica, de falar de patrimônio; quem fale pelo viés mais crítico da urbanidade; e aqueles que discutem mais a formação de imagens. Em meio à pluralidade de vozes, o arquiteto trabalha mais fomentando o desenvolvimento do projeto – daí a ideia de “catalizador”.  

Além das abordagens diversas, o projeto em si é bem amplo: começou como uma página no Facebook, em 2013; migrou para o Instagram, em 2016; ganhou livro em 2017, e esse ano lançou um portal. A premissa é transparente: falar sobre os prédios da cidade, contando sua história, trazendo fotografias, entrevistas e reflexões.

A ideia por trás, no entanto, é maior. “Criar uma comunidade que seja um ponto de contato entre o espaço cultural histórico dos prédios e o que vai ser construído daqui para a frente”, afirma o idealizador. Mais do que documentar o passado, o projeto busca unir esse olhar de afeto às perspectivas técnicas e de mercado. O objetivo final é ter uma comunidade mais ativa (e significativa) que pense a cidade

Cidade aqui ganha contornos, e um conceito, menos físicos. “Particularmente, acho que a cidade é a cidade de cada um”, diz o arquiteto. A cidade passa, então, a ser um espaço construído pelo dia a dia, pela rotina e pelos trajetos, permeada de interferências e influências diversas (ambientais, climáticas etc.) que as pessoas sofrem, e produzem, ao mesmo tempo. Aqui, a cidade passa a ser representada pela relação que cada um de nós estabelece com ela, cada curitibano um pouco “construtor de Curitiba”.Em termos físicos, o projeto tem um livro homônimo, lançado por meio de lei de incentivo, em 2017. A obra faz um recorte de 100 anos de história, a partir de 1916 (data de início de construção do Paço da Liberdade), falando de 40 prédios. Além de fotografias, o livro apresenta também uma trajetória histórica do processo de verticalização da cidade. Ainda é possível adquirir exemplares pelo site do escritório de arquitetura responsável pela publicação.

Livro foi publicado em 2017, por lei de incentivo e pode ser adquirido pela internet. Foto: Rafael Pto

Já a versão digital do projeto conta com redes sociais, textos, vídeos, fotografias e ensaios. Por hora, o conteúdo virtual apresenta o mesmo recorte da pesquisa que embasou o livro, com informações sobre os 40 prédios escolhidos. A proposta no longo prazo, no entanto, é diversificar, falando de outras estruturas. Tudo, claro, sem deixar o aspecto afetivo de lado – seja o afeto dos integrantes do projeto, ou da comunidade que eles buscam solidificar. 

Serviço
“Prédios de Curitiba”, de Guilherme de Macedo, Fábio Domingos Batista, e Washington Takeuchi. Lona Arquitetos, 256 páginas, R$ 100.

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