Poesia completa de Rodrigo Garcia Lopes ganha edição especial 

O livro "Poemas Coligidos" reúne sete publicações anteriores do autor com versos produzidos de 1983 a 2020 e está em pré-venda com 50% de desconto

Em pré-venda pela Kotter Editorial, a edição especial “Poemas Coligidos” reúne a poesia completa do londrinense Rodrigo Garcia Lopes – que além de poeta é romancista, tradutor, compositor, jornalista e também colunista do Plural. O livro apresenta, em volume único, sete publicações anteriores com versos assinados por ele ao longo de quatro décadas. 

Lopes é um dos nomes mais respeitados no cenário brasileiro das letras, com uma trajetória que comprova facilmente esse título. Entre outros feitos, por exemplo, traduziu obras de nomes consagrados como Arthur Rimbaud, Walt Whitman, Sylvia Plath, Laura Riding e Marcial. 

Já como autor, seu poema “Stanzas in Meditation” foi incluído na antologia “Os Cem Melhores Poemas Brasileiros do Século” (2001), organizado por Ítalo Moriconi. Ainda chegou três vezes à reta final do Prêmio Jabuti, duas como finalista na categoria Melhor Livro de Poesia e uma na Melhor Tradução. O último lançamento assinado por ele foi “O enigma das ondas”, livro de poesia de 2020 e que ganhou edição portuguesa recentemente. 

Em entrevista ao Plural, feita por e-mail, Lopes fala sobre o seu trabalho, o lançamento de “Poemas Coligidos”, e diz: “A poesia está se tornando uma reserva ecológica da sensibilidade e da linguagem humanas em tempos de superficialidade e manipulação linguísticas, negacionismo irracional, guerra, intolerâncias, neoliberalismo escroto e capitalismo selvagem.”

​A tradução e a autoria de poesia estão presentes no seu caminho profissional. Como uma atividade interfere na outra?

Comecei a traduzir quando tinha 16 anos, quando li, no ABC da literatura, do Ezra Pound, sua defesa da tradução como uma ótima ferramenta de aprendizado para o poeta principiante, uma verdadeira academia de ginástica poética. Difícil (alguns diriam até impossível, no caso da poesia), mas extremamente prazerosa. É leitura, escrita e criação ao mesmo tempo. Ao traduzir, levando em conta todos os elementos que constituem o original, o poeta é capaz de repoetizar o original em sua própria língua. A tradução é uma arte que permite ao tradutor recapturar, em ocasiões privilegiadas, o momento da criação. No romance policial-histórico O trovador (Record, 2014), eu pude explorar bastante, ficionalmente, a questão da tradução, levando-a para o centro da trama.

Qual o lugar da poesia no mundo atual, no Brasil de hoje? Qual o papel de sua poesia nesse cenário? 

A poesia, sendo a arte da linguagem verbal, sempre terá lugar nas mentes e corações humanos, enquanto existirmos. Se o que escrevo aumentar a percepção e a sensibilidade das pessoas, já me dou por satisfeito. Vejo “Poemas Coligidos” na perspectiva de as coisas melhorarem no nosso sofrido Brasil, de compartilhar o que produzi nesses anos com as gerações que estão chegando. A poesia está se tornando uma reserva ecológica da sensibilidade e da linguagem humanas em tempos de superficialidade e manipulação linguísticas, negacionismo irracional, guerra, intolerâncias, neoliberalismo escroto e capitalismo selvagem. O que dizer da poesia em um país com tantos problemas como o nosso e que vive o pior momento de sua história, um verdadeiro pesadelo, em que somos governados por seres que acreditam piamente que clubes de tiro são infinitamente mais importantes que bibliotecas? Isso num país onde 48% da população não lê e quase 70% nunca teve incentivo à leitura em toda a sua vida? A palavra-chave é aquela velha palavra mágica: educação.

Você falou anteriormente que poesia não é entretenimento, mas que seus poemas têm elementos de humor e sátira. Como você explicaria o que é a sua poesia?

Sim, poesia é arte, não entretenimento, como lembrou o já citado Pound. Também não acho que ela deva estar necessariamente atrelada à nenhuma causa ou pauta. A sátira e o humor, desde Marco Valério Marcial ou muito antes, sempre foram poderosas armas poéticas de crítica social e política. 

Paulo Leminski considerava você um dos mais notáveis poetas paranaenses de uma geração que surgia. Em 1985, no Correio de Notícias, ele escreveu: “Me impressiona a falta de provincianismo, a abertura cosmopolita, a coragem da informação difícil, o extremo atrevimento desse londrinense, nada indigno do pioneirismo que levantou, naquela terra vermelha, a cidade mais rápida do Brasil.” O que você diria que mudou na sua poesia desde então?

O Leminski, o Caio Fernando Abreu e o Armando Freitas Filho estiveram entre os primeiros leitores de minha poesia fora de Londrina, os primeiros a escreverem sobre ela, quando eu era ainda um garoto. Foi muito importante ter aquele feedback no comecinho dos anos 1980. A poesia é um eterno aprendizado, e fico feliz em reunir os setes livros publicados até agora porque isso permite colocar minha produção em perspectiva, uma visão panorâmica. Não acredito em evolução poética na obra de um autor. A maturidade vai dando, supostamente, uma profundidade maior, mas acho que cada poema, cada livro, é resultado de um momento de vida específico, insubstituível e
irrepetível. Não sei se hoje seria capaz de escrever certos poemas de Solarium, por exemplo, assim como não sei se o poeta de Solarium seria capaz de escrever certos poemas de O enigma das ondas. Sempre tive pra mim que era possível cultivar várias vozes e personalidades poéticas dentro de uma única obra, como Fernando Pessoa, por exemplo, nos ensinou.

Livro de Rodrigo Garcia Lopes

“Poemas Coligidos”, poesia completa de Rodrigo Garcia Lopes

Edição especial. Kotter Editorial, 632 páginas. Na página da editora, o livro está em pré-venda com 50% de desconto (R$ 84,85).

Atualizado em 20 de dezembro de 2022.

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