O Grupo Galpão esteve presente no Festival de Curitiba desde a primeira edição. Em 2010, eles apresentaram “Till, a saga de um herói torto” pela primeira vez. O espetáculo está de volta no Festival de 2022, dentro da Mostra Lúcia Camargo, para provar que, além de encantador, continua profundamente atual. E ainda tem a essência do Galpão, que é inspirada nas encenações medievais com artifícios do teatro popular, de rua.
A interpretação da atriz principal, Inês Peixoto, que há 30 anos é integrante do grupo, já vale o ingresso. Mas, como ela conta, essa tragicomédia oferece muito mais para a plateia. “É como uma cebola”, diz Peixoto. “Vai descascando e entendendo que atrás daquela situação visível tem outros problemas relacionados, como a questão social e política, a corrupção e a religião.”
A obra mostra como a falta de consciência, imposta pelas necessidades da sobrevivência, facilita a manipulação. Com humor e leveza, o personagem que dá título à peça é uma espécie de burlão presente em várias culturas. Tem um quê de Macunaíma ou Pedro Malasartes. Contudo, o seu parente mais próximo na cultura popular brasileira (eu diria que) é Chicó, de Ariano Suassuna, em “Alto da Compadecida”. Ambos são heróis às avessas, cheios de artimanhas e com um charme que nos faz torcer por eles – mesmo nos momentos mais questionáveis.
Peça teatral
“Till, a saga de um herói torto”. Dias 4 e 5 de abril, às 21h. Teatro da Reitoria (R. XV de Novembro, 1.299 – Centro). Ingressos a R$ 80 e R$ 40 (meia), sem contar taxas administrativas. A bilheteria exclusiva fica no Shopping Mueller (piso L2) e funciona de segunda-feira a sábado, das 10h às 22h; domingos e feriados, das 14h às 20h. Classificação indicativa: livre.