Uma noite com “Os rapazes da banda”

Filme em cartaz na Netflix adapta uma peça homônima dos anos 1970 e expõe consequências da homofobia

Na Nova York de 1968, sete amigos gays se reúnem para uma festa de aniversário. Entre doses de álcool, um caubói, um “jogo entre bêbados” e um convidado indesejado, o grupo acaba desnudando seus dramas pessoais no filme “Os rapazes da banda”.

Conforme as horas passam, e a tensão cresce, o clima festivo dá lugar à dramaticidade dos personagens que, embriagados, precisam lidar com seus sentimentos escondidos.

Michael (magistralmente interpretado por Jim Parsons, o Sheldon da série “Big Bang: a Teoria”), é o anfitrião do evento que vive preso em um ciclo de autopiedade e ódio por si mesmo; Donald (Matt Bomer), é o ex de Michael.

Também comparecem à festa o cortejador Larry (Andrew Rannells), que não consegue ser monogâmico, e seu parceiro Hank (Tuc Watkins), que está se divorciando da esposa.

Emory (Robin de Jesús) faz o homem latino carismático e excessivamente “afeminado”, e é a alma da festa. Enquanto o discreto e sensível Bernard (Michael Benjamin Washington) é o único homem negro gay do grupo.

Harold (Zachary Quinto) é o melancólico e atrasado aniversariante, enquanto Charlie Carver interpreta o caubói contratado para ser seu presente.

No centro das tensões está Alan (Brian Hutchison), ex-colega de faculdade de Michael, que parece estar passando por uma tempestade emocional. O personagem é uma espécie de invasor: aparece sem aviso na festa, faz comentários agressivos, e é violento com os outros personagens. É a partir do comportamento homofóbico de Alan que boa parte das tensões transborda.

O drama, inspirado na peça homônima de Mart Crowley, já contava com uma versão cinematográfica feita em 1970. Em 2020, a produção ganhou uma repaginada pela Netflix. O roteiro é da autoria do próprio Crowley, que mescla a ação principal, no apartamento, a flashbacks poéticos e reveladores.

Além de explorar estereótipos geralmente atribuídos aos gays (o “afetado”, o “que não parece gay”, o “enrustido”), o filme se vale de chavões batidos (como “nada contra, desde que não fiquem se beijando na minha frente”) para expôr o preconceito.

As marcas emocionais deixadas pela homofobia são escancaradas pela performance dos atores; enquanto os diálogos trazem à tona, ainda, as diferentes camada de opressão que envolvem raça, gênero e classe social.

“Os rapazes da banda” nos lembram que, embora não estejamos mais em 1968, muitas coisas parecem não ter mudado.

Streaming

“Os rapazes da banda” está em cartaz na Netflix.

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