“Curitiba tem que voltar ao primeiro lugar do Ideb”, diz Goura

Candidato pedestista afirmou que se eleito vai atuar no combate às injustiças sociais

Candidato aos 45 do segundo tempo, o deputado estadual Goura (PDT) defendeu durante entrevista ao Plural nesta terça-feira (6) o legado de Gustavo Fruet (PDT), último prefeito de seu partido a governar Curitiba. Segundo Goura, que assumiu a candidatura após uma desistência de última hora do ex-prefeito, a cidade precisa retomar o primeiro lugar no Ideb e colocar as questões sociais como prioridade.

Questionado sobre a dificuldade de enfrentar uma eleição sem dinheiro e sendo pouco conhecido, Goura repetiu uma frase de Guimarães Rosa usada pela ex-presidente Dilma Rousseff (PT): “O que a vida quer da gente é coragem”.

Apesar de ter assumido a candidatura às pressas, Goura nega ter se sentido com status de “Plano B” e reforçou que, apesar de ter fama de calmo e sereno – assim como Fruet – será capaz de fazer os enfrentamentos necessários e atuar de maneira firme se for eleito prefeito. “A gente vai ter uma atuação firme, sempre na defesa dos direitos constitucionais, sempre em defesa da legislação”, diz o deputado.

Na conversa com o jornalista Rogerio Galindo, Goura falou sobre temas como a crise hídrica, licitação do transporte coletivo, combate as injustiças sociais, saúde, educação e sobre a gestão de Rafael Greca no combate à pandemia de Covid-19.

Veja outros trechos da entrevista:

O senhor tem essa imagem mais “zen”. Como o senhor com esse jeito calmo vai enfrentar grandes corporações e interesses? É possível imaginar o Goura batendo na mesa?

Eu acho que eu herdei um pouco do temperamento dos meus pais, Jaques Brand e Margarida Gomes de Oliveira, que são pessoas que têm uma calma na fala, uma calma no olhar. Eu acho que a gente tem que ter algumas virtudes para a política, uma das virtudes é a capacidade de ouvir, conversar. A política é justamente uma arena por assim dizer, onde a gente vai encontrar pessoas que pensam de forma diferente da gente.

Faz quase 20 anos que tenho buscado o caminho da meditação, ioga e o desenvolvimento de algumas virtudes. É muito importante que a gente tenha um olhar para dentro de nós, que a gente busque um autoaperfeiçoamento, pra gente também buscar um aperfeiçoamento do mundo exterior. A política é justamente essa tentativa da gente mudar essa realidade exterior.

Eu creio que a calma, sobriedade, até no momento em que está tudo muito acelerado, veloz, em que a gente está fazendo julgamentos muito apressados, são virtudes para a política e eu tenho buscado exercer isso sem abrir mão de ter um posicionamento firme na defesa de políticas públicas, na defesa do combate às injustiças.

Eu até falei isso em um encontro sobre ioga e política com alguns professores de ioga. Todos sabem que um dos principais princípios do ioga é o princípio da não violência, mas isso não pode ser confundido com omissão. A não violência não pode ser confundida com uma passividade.

Eu creio que na minha atuação como ativista, cidadão e como agente político, como vereador, deputado, tenho demostrado que a gente tem posicionamento sim, e que a gente vai conseguir engrossar a voz se for o caso, levantar a voz para defender políticas que são necessárias.

Eu quero lembrar que nosso mandato como vereador foi um dos que mais fiscalizou o Executivo, junto com a bancada de oposição da Câmara Municipal. Levamos notícias ao Ministério Público, ao Ministério Público de Contas. Como deputado igualmente temos buscado uma atuação firme. Sempre cumprindo esse que é o principal papel de um vereador e deputado que é fiscalizar os atos do Poder Executivo.

O sr. assumiu quando o Fruet desistiu. Não ficou um gostinho de plano B? Como o senhor imagina que isso vai ser entendido pelo eleitor, em um momento que fica parecendo que o prefeito Rafael Greca já tem uma eleição mais ou menos fácil?

Minha relação com o ex-prefeito Gustavo Fruet é de plena harmonia. Nós trabalhamos nesse um ano e meio com essas duas possibilidades, do Gustavo ser candidato ou de eu ser candidato. No entanto, o processo do ano e os trabalhos da Assembleia Legislativa acabaram me absorvendo de tal forma, que eu abri mão.

Eu disse “Gustavo, vou te apoiar plenamente”, e esse é o caminho que estava desenhado. O Gustavo decidiu pelas razões dele não seguir mais e eu era o nome do partido. Obviamente que da minha parte eu gostaria de ter feito um processo com muito mais tempo, de discussões sociais, de aprofundamento nas políticas públicas da cidade, como eu costumo fazer é um processo coletivo, mas a gente encarou esse desafio.

Eu acho que nossa candidatura também representa algumas possibilidades novas para Curitiba, representa um oxigênio diferente, representa uma visão de futuro que a gente quer trazer junto com o resgate de coisas boas do passado. Na gestão Gustavo Fruet tivemos a criação da Secretaria da Mulher, que foi extinta pelo atual prefeito, tivemos a criação da Secretaria da Pessoa com Deficiência que igualmente foi extinta pelo atual prefeito.

A gente teve pela primeira vez nas gestões recentes um olhar com uma visão social muito mais forte, talvez se assemelhando ao que tivemos nos 80 na gestão do Requião e do Maurício Fruet, que tiveram avanços sociais muito grandes. O Gustavo trouxe isso, eu pretendo trazer essas inovações que foram implantadas na gestão do Gustavo, o fortalecimento da educação pública municipal, o aumento dos investimentos e, acima de tudo, uma gestão muito mais participativa.

Uma gestão que escute os servidores, que discute a sociedade como um todo. Ao mesmo tempo, a minha caminhada traz também outras pautas, então a gente ta falando em propostas relativas a humanização do parto, a implementação de uma política de mobilidade ativa em toda a Curitiba. Muitas vezes as pessoas criticam “ah bicicleta é um tema elitista”. Não é. A bicicleta sempre foi uma aliada da classe trabalhadora desde sempre, você vai no Sítio Cercado, você vai na CIC, você vê muita gente pedalando.

A gente quer fazer com que a ideia de uma cidade caminhável, de uma cidade acessível para bicicletas, esteja presente por toda a Curitiba. Respondendo à pergunta, não me sinto um plano B. O Gustavo está comigo, a gente está fortalecendo a nossa chapa de vereadores, tenho o apoio pleno do presidente Carlos Lupi, do Ciro Gomes também.

Obviamente, foi uma coisa que me pegou um tanto de surpresa, mas eu já estou reorganizando a vida, a família, as crianças, o trabalho na Assembleia Legislativa, para esse foco total agora na candidatura.

Mas acabou atrapalhando, não? Como fazer para enfrentar a Prefeitura, o Greca e chegar ao segundo turno?

Eu vou parafrasear em homenagem a mim que é amante do Guimarães Rosa: “o que a vida quer da gente é coragem”. A vida é surpreendente, a gente não controla os acontecimentos, eu não vou ficar me lamentando, inclusive esse é um dos principais ensinamentos do ioga. Existe uma tendência nossa de ficar no lamento, mas a gente tem que olhar pra frente e trabalhar com os dados da realidade.

O PDT está trabalhando para ter o apoio do partido no nacional, para recursos obviamente, em uma campanha majoritária, diferente de campanha de vereador e deputado. Nas minhas candidaturas todas, nas duas em que me elegi, fizemos com corpo de voluntários, com pessoas que se engajaram ativamente na criação artística, no trabalho voluntário de serviços, todos necessários para uma candidatura.

Numa candidatura majoritária para uma cidade do porte de Curitiba, a gente está falando de 2 milhões de pessoas em 75 bairros. Do Cachoeira ao Ganchinho, a gente tem que dar conta de chegar em toda a cidade, então a gente trabalha para isso logo no início do lançamento da candidatura pela Internet.

A gente recebeu muitas manifestações de pessoas querendo ajudar, querendo colaborar voluntariamente, estamos fazendo esse cadastro. Conseguimos no final da semana passada, finalmente, abrir a nossa conta no banco, saiu o CNPJ, fizemos um financiamento coletivo dos primeiros gastos da campanha. Isso traz pra gente a possibilidade da política ser feita de forma diferente, a política pode ser feita por pessoas reais que acreditam em um propósito, que acreditam numa ideia.

Não simplesmente porque ocorre uma pressão em quem trabalha na Prefeitura para fazer campanha para o prefeito, ou para os seus vereadores, candidatos apoiados por ele. Não, a gente tem que trabalhar e eu trabalho com essa ideia. Quem acredita que Curitiba pode ter um desenvolvimento justo, que Curitiba pode ter uma política cultural pró-ativa, descentralizada, forte, que Curitiba pode encaminhar para o fim das desigualdades sociais tão gritantes que a gente tem na nossa cidade, que venha junto.

O senhor falou de bicicletas, parques humanizados, questões que são ligadas a essa nova esquerda, defesa animal também é uma pauta que tem aparecido muito né. O senhor como um homem de esquerda que fala de injustiças sociais, a gente menos discussões nessa nova esquerda sobre as grandes questões como saúde, educação, o senhor não acha que pode estar tendo uma perda de foco na grande questão que são as injustiças sociais? Como combater as injustiças sociais em uma cidade como Curitiba com um orçamento tão apertado?

R: Em minha atuação como vereador, como deputado, a gente abriu completamente o leque, buscando justamente o avanço social em todas as pautas necessárias. Aqui eu quero reafirmar que temos que valorizar a saúde pública, o SUS como uma conquista de todos os brasileiros, igualmente o fortalecimento dos investimentos na educação pública.

A rede municipal de educação chega em toda a cidade, a gente ta falando de 185 escolas, 230 CMEIS, a gente ainda tem uma carência muito grande de vagas nas creches e avanços para educação em tempo integral na nossa cidade. Pensando que essas desigualdades justamente de Curitiba, com suas 359 favelas, mais de 400 ocupações irregulares, ela exige do Poder Público Municipal um olhar para prioridades.

Aqui eu discordo completamente da maneira como o prefeito atual geriu a crise que a gente ta vivendo com a pandemia, priorizando os grandes contratos com a Prefeitura, em especial do transporte coletivo e não dando atenção para quem mais precisa.

Para os pequenos comerciantes, feirantes, eu tive no Largo da Ordem nesse domingo, ta todo mundo muito revoltado, muito triste porque não teve uma escuta por parte do Poder Público municipal e tão pouco do estadual.

A gente precisa ter essa visão social de Curitiba, que tem um orçamento, mas a gente tem que escolher adequadamente as prioridades. Hoje de manhã eu fui no Parolin, e nós temos uma candidata lá, a Rose da Reciclagem, que trabalha lá com a coleta de materiais recicláveis.

A situação de toda essa população exige muita atenção do Poder Público, a gente tem mais de 15 mil catadores e catadoras em Curitiba que coletam materiais recicláveis, que vivem disso e não recebem o apoio do Poder Público. Eles estão pedindo barracões para poder trabalhar com uma cobertura, para poder ter EPIs, equipamentos de segurança, é uma série de questões que a Prefeitura tem que ter um olhar muito mais sensível.

Precisamos do fortalecimento da educação pública, Curitiba tem que voltar a estar no primeiro lugar no ranking do IDEB entre as capitais. A gente tem que na Saúde Pública restabelecer Curitiba como uma referência na estratégia da saúde da família, na atenção primária, na promoção da saúde, a gente tem que pensar que todas as ações da Prefeitura devem convergir muito mais.

As ações do meio ambiente, cultura, lazer, esporte, educação, a gente tem que agir pela promoção da saúde integral da população. Para isso, a gente tem que ter uma Prefeitura sensível, que dialogue e estabeleça esse diálogo com os servidores públicos.

Eu friso, os servidores precisam desse diálogo com a Prefeitura e a atual gestão interrompeu esse diálogo em todas as áreas, na FAS, na Secretaria de Educação, na Saúde, até no IPPUC. Quem é servidor lá não consegue levar adiante as suas demandas, assim como a Guarda Municipal. A gente tem que dialogar com toda a sociedade.

A gente viu um grupo de empresários recentemente, que se intitularam de “Fechados pela Vida”, desde o início da pandemia, uma das coisas que eles estavam propondo era esse diálogo com o Poder Público. Acesso a créditos, a facilitação do acesso, a isenção de taxas e outras coisas mais para que eles pudessem manter os seus empregados e serviços. Eles não foram ouvidos pela Prefeitura.

Propostas emergenciais para mobilidade e mesmo o uso dos chamados parklets, as vagas vivas, a possibilidade de um comércio ocupar a parte da frente da rua, mantendo um distanciamento social entre os consumidores, nada disso foi ouvido pelo prefeito. Então, o que a gente quer é uma Prefeitura que dialogue, que fortaleça os conselhos e tenha sensibilidade, e não uma vontade única que se impõe sobre as demais.

A minha visão de política é ampla, a gente ta falando de políticas sociais para quem mais precisa, e que Curitiba possa criar, um círculo virtuoso de desenvolvimento. Buscando uma integração completa com a região metropolitana, em todas as áreas, buscando a preservação ambiental e o desenvolvimento social e humano em paralelo.

Uma questão séria que estamos lidando na cidade é a crise hídrica. O que o senhor se for eleito prefeito imagina que pode fazer para amenizar essa e futuras crises hídricas?

R: Nós fizemos como presidente da Comissão do Meio Ambiente um ciclo de audiências públicas sobre a crise hídrica, sobre a estiagem que a genta ta passando e sobre a necessidade de políticas públicas efetivas para produção e preservação da água. A água é um direito humano, essencial, que deve estar acessível a toda a população.

A gente sabe que em Curitiba o acesso a água é desigual. Muitas famílias não tem acesso as caixas da água e o próprio racionamento começou em algumas áreas prioritariamente do sul e só depois que chegou para o resto da cidade. O que ficou latente, como conclusão das audiências, ouvindo especialistas das universidades, ouvindo a Sanepar, ouvindo a população e os produtores rurais da região metropolitana, é que primeiro não vai existir água se a gente não tiver políticas de preservação do meio ambiente.

A água que o curitibano bebe vem da Serra do Mar, vem dos rios da região metropolitana e a gente tem que ter uma política muito efetiva de preservação do meio ambiente. As encostas da Serra do Mar, e aqui a gente ta falando do Parque do Marumbi, da Serra da Baitaca, do Pico Paraná, ali estão as nascentes que abastecem os nossos reservatórios. Os reservatórias de Piraquara I, II e o reservatório do Iraí.

O reservatório da Passaúna que abastece principalmente a região oeste de Curitiba e parte do sul também, tem origem no Rio Passaúna que está em Campo Magro. A gente tem que ter uma política muito séria de preservação do meio ambiente, habitação do interesse social na região metropolitana e Curitiba não pode se furtar de coordenar esse processo.

A Capital está completamente ligada aos municípios da RMC, nós estamos propondo que haja uma integração completa das políticas públicas de Curitiba com a região metropolitana. Se não tiver essa integração, vamos continuar vivendo a falta de continuidade das políticas e a próxima crise da água vai ser ainda mais grave.

Então, é necessário que a gente avance por políticas em pagamentos de serviços ambientais, e que Curitiba possa também destinar e ter um fundo para isso. Para preservação de áreas de florestas onde estão os nossos mananciais, onde estão as nascentes de preservação da mata ciliar, se nós não fizermos isso em um sentido de urgência, a próxima crise será ainda mais grave.

Estamos propondo que haja um sentido de urgência nisso tudo e que Curitiba não se furte ao papel que lhe cabe de coordenar essa integração metropolitana. As políticas de preservação ambiental são essenciais, se a gente não tiver a floresta em pé a gente não vai ter água. Um outro ponto que vale a gente reforçar, é a importância de uma política de agricultura sustentável. Curitiba tem um zoneamento 100% urbano, não existe área rural em Curitiba.

Eu fui autor quando estava na Câmara Municipal da Lei da Agricultura Urbana, que deve ser praticada sem agrotóxicos, mas todo o cinturão verde de Curitiba, os mais de 15 mil produtores rurais aqui da região metropolitana devem ser estimulados dentro da agricultura familiar. Dentro da Agroecologia, porque ela preserva as nascentes, preserva a qualidade da água que vai abastecer os nossos reservatórios.

Graças a esses produtos rurais é que a gente vai ter uma água de qualidade saindo das torneiras no Centro Cívico, no Batel, em toda a cidade, a gente precisa agir com um sentido de urgência para essa integração metropolitana.

O grande setor em que o confronto com empresários parece mais necessário na Prefeitura é o transporte coletivo. O que o sr. prevê para a nova licitação?

O próximo prefeito tem uma responsabilidade muito grande de conduzir o processo com participação social, com transparência, que vai culminar no novo edital de concessão do transporte coletivo. A gente sabe que o atual contrato finda em 2025, os próximos quatro anos são decisivos para que a gente tenha um transporte coletivo que cumpra sua função social e privilegie os usuários do transporte coletivo, função social do transporte e não o lucro dos empresários.

É simples assim! o transporte coletivo é tão importante para a cidade, pois ajuda a reduzir a quantidade de carros do transporte motorizado individual, diminui a poluição da cidade igualmente e lhe garante um acesso a cidade. O atual prefeito, uma das primeiras coisas que ele fez logo que assumiu, foi aumentar a passagem de R$ 3,70 para R$ 4,25 e como se isso não bastasse ele extinguiu a tarifa diferenciada dos domingos que possibilitava com que famílias de bairros mais afastados pudem acessar a cidade.

Estamos reforçando o que está previsto na Lei Federal de Mobilidade Urbana, que a gestão da mobilidade deve priorizar o coletivo sobre o individual e o não motorizado sobre o motorizado. A gente vai criar uma cidade que seja boa para os pedestres, ciclistas e para as pessoas com deficiência, temos prerrogativa legal para fazer isso.

Pensar em uma cidade que privilegie o transporte coletivo com subsídios? Sim, mas subsídios transparentes, que venham com controle social, subsídios que tenham contrapartidas para os usuários, a gente viu esses R$ 200 milhões que o atual prefeito está destinando para os empresários, sem nenhuma contrapartida. Não reduziu a tarifa, não aumentou a frota e não trouxe prejuízo nenhum para os empresários e isso parece que é o mais importante para o atual prefeito.

Nós conseguimos no ano passado, eu e a vereadora Professora Josete (PT), entramos com uma ação judicial e conseguimos por três dias barrar o aumento que estava sendo feito. A Prefeitura conseguiu derrubar a liminar e a tarifa do transporte coletivo foi aumentada na véspera do carnaval, na sexta-feira de véspera pelo atual prefeito.

Está claro que a gente tem uma Prefeitura que não está preocupada em ter transparência nos dados, efetivação do controle social, o Conselho Municipal de Transporte que seria justamente quem faria esse controle, não se reúne desde 2017.

Então é muito grave, eu entendo que temos que ter transparência e controle social, o atual contrato da Prefeitura com as empresas de transporte coletivo tem sido objeto de investigações por parte do Ministério Público, tivemos uma CPI na Câmara Municipal de Curitiba, nós mesmos fizemos várias ações, requerimentos, pedidos de informações que não foram suficientemente esclarecidos.

Então, o que nós nos propomos a fazer é uma gestão que priorize a função social do transporte e não o lucro dos empresários.

Existe esse pacto de não agressão entre os candidatos de oposição?

O que eu conversei com o deputado Francischini e com outros candidatos e candidatas é que nós temos que direcionar a nossa crítica. Eu divirjo do deputado Francischini em muitos temas na Assembleia Legislativa, basta ver como eu voto, como ele vota, mas nós mantemos uma posição de respeito democrático.

Eu entendo que a crítica tem que ser direcionada a maneira como Curitiba está sendo gerida. O atual prefeito tem feito um desmantelamento das políticas públicas, tem enfraquecido a educação, Curitiba caiu no ranking do Ideb, ele (Greca) tem enfraquecido o diálogo com os servidores. O desmantelamento da política de saúde mental em Curitiba é muito grave igualmente, das políticas de assistência social.

Minha crítica no momento não é ao deputado Francischini ou aos outros candidatos, a minha crítica está direcionada ao prefeito Rafael Greca, na maneira como ele vem cuidando da cidade. A gente ta esquecendo de fortalecer uma cidade que caminha a real sustentabilidade e não apenas a propaganda. Não faz sentido pra mim direcionar uma crítica a atuação do deputado Francischini, porque to interessado em discutir as políticas de Curitiba.

A gente vive em uma cidade incrível, mas que está parada no tempo. A gente ta vivendo do que Curitiba foi nos 70,80 e não está avançando, parece que Curitiba não chegou no século XXI. O atual prefeito prefere gastar muito mais com propaganda, na consolidação do marketing da Prefeitura pra fora, para inglês ver por assim dizer, do que olhar para dentro, fazer os investimentos necessários para que Curitiba deixe de ser tão desigual, violenta e injusta.

Eu lembro que em 2017, o atual prefeito gastou R$ 11 milhões em propaganda oficial, 2018 foram R$ 24 milhões, eu e o vereador Professor Euler questionamos a propaganda do asfalto. No ano passado, vimos banners sendo colocados por ai e falando “asfalto novo”, com um gasto exorbitante nisso. Em 2019, não sabemos quanto a Prefeitura gastou porque eesses dados não estão disponíveis. Em 2020, até onde nós averiguamos foram R$ 10 milhões.

Nós queremos uma cidade que invista muito mais nas políticas sociais, no avanço da mobilidade, do que em propaganda que só serve para a vaidade do prefeito e não para resolver os problemas que a cidade tem que encarar.

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