“O inimigo conhece o sistema”, de Marta Peirano, explica por que a ferramenta mais democratizante da história – a internet – se tornou uma máquina de vigilância e manipulação em massa para regimes autoritários.
Só assim, por meio da explicação de Peirano, será possível pensar numa forma de transformar a internet numa ferramenta para gerenciar a crise que se aproxima – e fazer isso da maneira mais humana possível.
Nesse contexto, Peirano argumenta que a internet não é livre, aberta ou democrática. É uma coleção de servidores, satélites e cabos de fibra óptica controlados por um número cada vez menor de empresas.
Marta Peirano
Embora a internet seja a maior infraestrutura já construída e o sistema que define todos os aspectos de nossa sociedade, ela ainda é uma espécie de segredo. Esse é o argumento de Marta Peirano.
Para a jornalista, que escreve sobre cultura, tecnologia, arte digital e software livre para vários jornais e revistas, trata-se de uma tecnologia que está enterrada, submersa ou camuflada.
Os algoritmos da internet são opacos. As microdecisões que a envolvem não são rastreáveis. Os data centers que armazenam e processam as informações estão escondidos e protegidos por armas, criptografia e arame farpado.
A infraestrutura crítica do nosso tempo está fora de vista. Não podemos entender a lógica, intenção e propósito do que não vemos.
Todas as conversas que temos sobre essa infraestrutura são na verdade conversas sobre sua interface, um conjunto de metáforas que se interpõe entre nós e o sistema. Por fim, é uma linguagem projetada para ofuscar nossa compreensão dessa infraestrutura.
Livro
“O inimigo conhece o sistema”, de Marta Peirano. Tradução de Ana Helena Oliveira. Rua do Sabão, 328 páginas, R$ 62 e R$ 29 (e-book).