Louis Armstrong era de uma grandeza que desafiava o racismo

Documentário "Louis Armstrong's Black & Blues", na Apple TV+, mostra que o lendário jazzista não viveu indiferente ao racismo nos EUA

Para fazer “Louis Armstrong’s Black & Blues”, em cartaz na Apple TV+, o diretor Sacha Jenkins teve acesso a um arquivo curioso: as fitas de áudio colecionadas pelo homem que cantava “What a Wonderful World” como ninguém.  

Porque além de ser um dos maiores nomes do jazz na primeira metade do século 20, Louis Armstrong (1901–1971) também era um entusiasta de novas tecnologias. Em especial, ele curtia gravadores de fita magnética, aqueles com rolos grandes, do tipo que se via em estúdios.

Pois Armstrong tinha um desses em casa e usava com frequência para gravar bate-papos com amigos que apareciam na sua casa. Ou para gravar momentos da vida ao lado da esposa Lucille Wilson. 

A partir desse acervo de áudios, o documentário usa um texto elegante, narrado pelo rapper Nas, para mostrar um pouco do que pensava o homem que criou uma figura pública para navegar um período complicado da história americana.

Louis Armstrong

Armstrong foi famoso – absurdamente famoso – numa época em que os Estados Unidos tratavam os negros do país como cidadãos de segunda classe, para dizer o mínimo. Na prática, o país vivia um apartheid em que negros tinham de usar outros banheiros, outros bares, outras escolas… Quando não eram linchados. 

Uma das coisas que o filme de Sacha Jenkins faz é mostrar que Louis Armstrong se tornou tão grande, mas tão grande, que ele sozinho conseguiu subverter as regras absurdas e racistas da época. A grandeza de Armstrong confundia alguns brancos (os racistas), que não sabiam o que fazer com ele. Porque ele era adorado por muita gente, tanto negra quanto branca. 

Documentário

Em uma das histórias contadas pelo filme, uma multidão indignada quase sai do controle porque um figurão branco e racista está disposto a atrapalhar a apresentação de Armstrong. O desfecho dessa história é mais uma prova (não que ela fosse necessária) do carisma do trompetista de voz rouca. 

A questão racial é um ponto complicado na biografia do músico, que não poucas vezes foi acusado de ser conivente com o sofrimento dos negros nos Estados Unidos. Agora, Jenkins argumenta que o jazzista era muito mais consciente do que se imaginava e que não foi indiferente às questões de raça. De fato, ele as viveu na própria pele.

Onde assistir

 “Louis Armstrong Black & Blues” está em cartaz na Apple TV+.

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