Quanto menos você souber de “Lamb”, melhor. Essa pode parecer uma afirmação contraditória para uma resenha, mas a ideia aqui é entregar o mínimo possível da história.
Tome como ponto de partida uma sinopse do filme que circula pela web. Dá para perceber o cuidado em não revelar quase nada. “Maria e Ingvar, um casal sem filhos, descobrem um bebê misterioso recém-nascido em sua fazenda na Islândia”. Agora, tenha em mente que “bebê misterioso” é um baita eufemismo.
Algo acontece
Maria e Ingvar, interpretados por Noomi Rapace e Hilmir Snaer Gudnason, vivem em algum lugar ermo do território islandês, cuidando de cordeiros, carneiros e ovelhas. A rotina na fazenda, ao contrário do que sugere o senso comum, envolve trabalho que não acaba mais.
Um dia, no parto de uma ovelha, algo acontece. Depois de puxar a cordeira de dentro da mãe, marido e mulher trocam olhares cúmplices, como num diálogo sem palavras. (Aliás, é curioso perceber como um casal que vive isolado, e que convive muito, fala quase nada entre si.) Por algum motivo misterioso, os humanos resolvem adotar a cordeira. E a batizam de Ada.
Dali em diante, “Lamb” vai ficando mais e mais estranho – e surpreendente. Não existem muitos filmes como esse por aí.
Sjón
Parte do mérito pela estranheza de “Lamb” é de Sjón, um dos dois roteiristas do filme. Mais conhecido como letrista da cantora Björk, Sjón é um escritor importante na Islândia e tem obras traduzidas pelo mundo. Ele é autor de “Pela boca da baleia”, publicado no Brasil pela Tusquets, e demonstra gosto por histórias mitológicas e… esquisitonas. O outro roteirista é Valdimir Jóhannsson, um estreante com experiência em efeitos especiais que dirige seu primeiro longa-metragem.
“Lamb” consegue misturar a atmosfera de um filme de horror com alguns elementos fantásticos. Porém, em vez de dar sustos, o objetivo aqui é deixar você de queixo caído.
Streaming
“Lamb” está em cartaz no MUBI.