Arte e Letra publica obra do escritor Jamil Snege

Fora de catálogo há quase 20 anos, “Viver é prejudicial à saúde”, livro mais importante do autor curitibano, ganha nova edição até o fim do ano

(Atualizado em 20 de julho de 2020.)

Jamil Snege (1939-2003) é um escritor que não dava a mínima para convenções. Ganhava a vida como publicitário e escreveu 11 livros, que publicou em edições independentes, do autor. Mais de uma vez, recusou o convite de grandes editoras para publicar sua obra.

Agora, ao Plural, a Arte e Letra confirmou que vai publicar “Viver é prejudicial à saúde”, considerado o livro mais importante do escritor curitibano e fora de catálogo há quase 20 anos. “Se a pandemia deixar”, diz o editor Thiago Tizzot, “o livro sai até o fim do ano.”

Uma pesquisada na Estante Virtual mostra que existem algumas poucas edições disponíveis para comprar, com preços entre R$ 110 e R$ 200, uma fábula de dinheiro por um livro de dimensões discretas (são só 80 páginas) e sinal de que virou mesmo uma raridade. Como, aliás, todos os outros livros do Turco (era como os amigos o chamavam).

O plano é começar com “Viver é prejudicial à saúde”, mas, se tudo der certo, não ficar só nele. “Eu gostaria muito de publicar mais coisas do Snege, mas vamos aos poucos”, diz Tizzot.

As negociações com a família de Snege começaram cinco anos atrás. Ao longo das conversas, ao decidir qual seria o primeiro título a ser reeditado, “Viver é prejudicial à saúde” foi se tornando uma escolha unânime.

“Por dois motivos”, diz Tizzot, que dá sua versão da história. “Quando terminei de ler o livro pela primeira vez, sabia que levaria aquela experiência comigo para sempre. E, como editor, gostaria muito que isso acontecesse com outras pessoas.”

Arte e Letra

Em 2013, para o jornal “Cândido”, da Biblioteca Pública do Paraná, Jean Snege, um dos filhos de Jamil, disse: “Todos queremos que os livros voltem a circular”. E Daniel, irmão de Jean (ambos filhos de Jamil, mas de mães diferentes), no mesmo texto, reconheceu a demora para reeditar os livros.

Em uma conversa por e-mail, Jean disse que a decisão de não reeditar os livros num primeiro momento foi tomada para não retardar ainda mais o processo de inventário.

“Superada essa fase, sentamos e discutimos a melhor forma de editar os livros, respeitando a obra e todo o cuidado que o Jamil sempre teve com cada projeto”, diz Jean. “Estudamos algumas propostas e optamos por essa parceria com a Arte e Letra, que há tempos vem fazendo um trabalho importante para a literatura paranaense.”

“Viver é prejudicial à saúde”

“Viver é prejudicial à saúde” é descrito como uma novela, um gênero traiçoeiro usado para classificar livros breves que estão entre o conto e o romance, seja no número de páginas, seja no tamanho da trama desenvolvida.

Na narrativa, o protagonista, que é também narrador, vive uma crise existencial. Infeliz no trabalho e no amor – entrou e saiu de três casamentos –, ele acha que não há mais nada que justifique sua existência no mundo. Até o dia em que, dirigindo pela Estrada da Graciosa, ocorre um acidente e ele acha que matou alguém atropelado (e, na verdade, não era uma pessoa, era um porco). Tudo muda depois disso.

Junto de “Viver é prejudicial à saúde”, outros dois livros fecham a trinca de obras mais prestigiadas de Snege: o romance autobiográfico “Como eu se fiz por si mesmo” e as crônicas de “Como tornar-se invisível em Curitiba”.

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