“Tantas Almas” estreia em Curitiba com sessão única no Cine Passeio

Filme fala da dor de um pai frente a crimes das milícias de extrema-direita na Colômbia – uma reflexão que vale também para o Brasil

“Tantas Almas” desembarca em Curitiba para uma sessão única seguida por um debate no sábado (11). O filme já tem estrada: circulou em vários países, conquistou prêmios e foi exibido em mais de 15 estados no país. É uma coprodução entre Colômbia e Brasil, com curitibanos assinando funções importantes na obra, a exemplo da diretora de arte, Laís Melo, que estará no bate-papo com o público no Cine Passeio. O Plural conversou com o coprodutor, Rafael Urban, que falou um pouco sobre o longa-metragem. 

A história (ficcional) apresenta a história do pescador José, que percorre o maior rio da Colômbia na esperança de encontrar seus dois filhos – vivos ou mortos. Ao longo de sua jornada, esse pai revela o sofrimento de todo um país. O ano em que se passa o enredo é 2002, período marcado por crimes bárbaros cometidos pelas milícias de extrema-direita, as Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC). O que se assiste é o retrato de uma dor particular, mas também universal. Qualquer semelhança com a história do Brasil ou com receios frente ao futuro, não são coincidência. 

Trailer filme “Tantas Almas”

Herança

Conforme nos explica o coprodutor, o projeto recebeu incentivo público da Colômbia e do Brasil. As verbas nacionais vieram do Fundo Setorial do Audiovisual e da Ancine. “Isso é uma coisa muito importante, é herança de um momento em que o país investia muito em cultura, particularmente em cinema”, diz Urban.

Apesar da maior parte da verba ser colombiana, os 20% de recursos brasileiros resultam em visibilidade e também na geração de renda por aqui. Por exemplo, além de Urban, Larissa Figueiredo é coprodutora. Ela, a diretora de arte e mais dois atores estiveram na Colômbia durante as filmagens.  

Festival de San Sebastian

O namoro com a obra ainda começou antes do edital de 2016 que contemplou o filme, no Fórum de Coprodução do Festival de San Sebastian, na Espanha em 2015. “Lá, o projeto com que a gente [Sto Lat Filmes, produtora de Urban] mais se identificou foi o ‘Tantas Almas’, tinha um diálogo com o que a gente estava fazendo e queria fazer”, diz ele e segue explicando que a parte colombiana da produção começou ainda antes e consumiu cerca de uma década de trabalho. O filme foi finalizado em 2019, mas com a pandemia o lançamento foi adiado. 

Colômbia e Brasil

Urban tem toda uma trajetória como documentarista, ponto em comum com o diretor e roteirista de “Tantas Almas”, Nicolás Rincón Gille. A ideia para o enredo surgiu durante o trabalho de Gille na trilogia de documentários “Campo Hablado”, sobre como a violência afetou a lembrança de histórias pessoais e do próprio país. Segundo o coprodutor, o que despertou a atenção para o projeto é a proximidade com a realidade brasileira. “Muitas vezes a ficção não só recupera histórias do passado, mas projeta futuros desejáveis ou indesejáveis”, diz Urban. “É lamentável que a gente viva um momento no Brasil em que as forças paramilitares, as milícias, ganham corpo e força.”

“Tantas Almas”

Exibição única seguida por debate com a diretora de arte, Laís Melo. Sábado (11), às 17h. Cine Passeio (R. Riachuelo, 410). Ingressos a R$ 10 (meia-entrada para todos). Outras informações, no site do Cine Passeio.

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