Dois ensaios para pensar a pandemia do coronavírus

Gratuitamente disponíveis, obras digitais pensam o momento atual em textos curtos

A pandemia do coronavírus parou o mundo, colocou nossos planos em um estado de espera. Mas também produziu uma série de reflexões sobre o momento histórico que estamos vivendo. Tentando lançar um pouco de luz sobre esse momento de incerteza, diversos ensaios curtos, com as mais variadas abordagens, têm sido publicados. A seguir, confira dois textos que merecem atenção: 

Um amanhã que não se compra

Ailton Krenak é um líder indígena, ambientalista e escritor brasileiro. Carrega sua etnia no próprio nome: seu povo se encontra na região do rio Doce, local no qual nasceu em 1953. É do ponto de vista de quem se conecta profundamente com a natureza que Krenak nos entrega “O amanhã não está à venda” (Cia. Das Letras, 2020). 

“Quem está apenas adiando compromissos, como se tudo fosse voltar ao normal, está vivendo no passado”, destaca o autor que nos fala de uma outra vida possível – mais serena, conectada com o mundo natural à nossa volta. Um mundo parado – um pouco como estamos agora, em meio à pandemia. Krenak fala da pandemia do coronavírus como uma resposta à forma de vida danosa que temos levado, como se Terra e humanidade fossem entidades desconectadas. “Tudo é natureza. O cosmos é natureza. Tudo em que consigo pensar é natureza”, escreve. 

Vivemos em uma sociedade do consumo, agora em hiato, esperando – um lembrete gritante de que, mesmo no capitalismo, “o amanhã não está à venda”. 

Nós que lutemos

“O verdadeiro antídoto para epidemias não é a segregação, mas a cooperação”, escreve o conhecido historiador israelense, Yuval Noah Harari, em seu ensaio “Na batalha contra o coronavírus, faltam líderes à humanidade” (Cia. Das Letras, 2020). 

Ao longo do artigo, originalmente publicado na revista Time, o autor de “Sapiens” e “21 lições para o século 21” faz uso da história das pandemias para defender a união entre países e a ciência enquanto solução para a pandemia. 

Para Harari, é o pensar enquanto espécie – entendendo que saúde é uma questão coletiva e de interesse global – o que poderá nos salvar. Com um tom otimista, o historiador relembra momentos da história humana, e que a melhor arma é sempre a informação. “[…] os cientistas levaram apenas duas semanas para identificar o novo coronavírus, sequenciar seu genoma e desenvolver um teste confiável para detectar pessoas infectadas”, diz. 

Segundo o autor, a crise pela qual passamos não é apenas uma crise de saúde, mas também de confiança – entre uma nação e seus governantes, e entre países. Apesar disso, Harari destaca um importante clichê: toda crise é, também, uma oportunidade.

Serviço
“O amanhã não está à venda”, de Ailton Krenak. Companhia das Letras, disponível gratuitamente nos sites Amazon, Kobo, Google Play e Apple.

“Na batalha contra o coronavírus, faltam líderes à humanidade”, de Yuval Noah Harari. Companhia das Letras, 12 páginas, disponível gratuitamente.

Sobre o/a autor/a

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

O Plural se reserva o direito de não publicar comentários de baixo calão, que agridam a honra das pessoas ou que não respeitem níveis mínimos de civilidade. Os comentários são moderados por pessoas e não são publicados imediatamente.

Rolar para cima