Bienal de Quadrinhos de Curitiba atrai 15 mil pessoas ao MuMA 

Com autoras importantes do Brasil e de fora, Bienal de Quadrinhos prova seu valor como maior evento do gênero no sul do país

Um clima de reencontro e de diversidade marcou a 7ª edição da Bienal de Quadrinhos de Curitiba, que aconteceu entre 7 e 10 de setembro no MuMA – Museu Municipal de Arte de Curitiba. Mais de 60 convidados paranaenses, nacionais e internacionais, cerca de 160 expositores e um público estimado de 15 mil pessoas acompanharam exposições, debates, palestras, intervenções, oficinas, lançamentos e sessões de autógrafos, sob o tema “Resistências, Existências: Quadrinhos e Corpos Plurais”.

Bienal de Quadrinhos

O maior evento de quadrinhos do sul do país, e um dos que mais atrai turistas a Curitiba, voltou a ser presencial depois de cinco anos. Foi a maior atração cultural do Feriado da Independência, e já deixa saudades, naqueles já habituados à Bienal e em quem esteve presente pela primeira vez. “Foi interessante e divertido”, resume Fredrik Strömberg, presidente da Associação Sueca de Quadrinhos, e um dos convidados internacionais da edição – ao lado da francesa Chantal Montellier, da argentina María Luque, do jornalista e quadrinista de Kosovo Gani Jakupi e da também sueca Joanna Rubin Dranger. “Vi muitos livros relacionados à história do Brasil, HQs utilizadas como documentos para comunicar a vida. Vi muito sobre pessoas negras, indígenas e LGBTQIA+, e tudo isso é bem-vindo”, completa.

Lilian Mitsunaga

A homenageada da edição foi Lilian Mitsunaga, artista responsável pelo letreiramento das edições brasileiras de HQs da Disney, Marvel e DC, entre milhares de outras. Se o seu importante trabalho por vezes é solitário e invisível, a Bienal veio para resgatar sua jornada numa exposição, e jogar luz numa artista que há 40 anos se dedica aos quadrinhos. “Fiquei encantada, por muitos motivos: ao ver jovens artistas publicando, ao sentir o clima incrível e acolhedor da Bienal. Na cerimônia [Lilian recebeu o Troféu Claudio Seto na abertura do evento], quase chorei. Ficar seis dias encontrando tanta gente legal foi uma experiência fantástica”, disse a artista paulistana.

Marcelo D’Salete

Um dos quadrinistas mais premiados do país, Marcelo D’Salete proporcionou imensas filas de autógrafos e participou de uma concorrida mesa no Cine Guarani, um dos espaços do MuMA onde ocorreram conversas, palestras e debates sobre temas diversos – de tecnologia à charge política. “A Bienal já é um evento fundamental dentro da área das artes gráficas no Brasil. Nesta edição, se provou um marco essencial de contato com o público e entre os próprios artistas”, disse o autor de “Mukanda Tiodora”, obra que foca na escravidão em São Paulo na década de 1860. O quadrinista, ilustrador e professor paulistano também é autor de “Angola Janga – Uma História de Palmares”, (2017) HQ vencedora do Prêmio Jabuti, e “Cumbe” (2014), que levou o prêmio Eisner.

Bastidores

Com meses de preparação, duas edições online, e cinco anos sem experienciar os encontros, parte da essência da Bienal de Quadrinhos de Curitiba, a coordenação do evento celebrou os quatro dias intensos, diversos e otimistas. “O retorno do público foi fantástico. Sentimos um ambiente mais leve, era isso que queríamos trazer. Numa mesa com mulheres, por exemplo, foi a primeira vez que elas falaram sobre roteiros, e não sobre o fato de serem mulheres fazendo roteiro. O tema da edição se tornou concreto, inclusive na diversidade de público. Agora, é daqui para frente. É florescer, porque o terreno já está posto”, dizem Luciana Falcon, Greice Barros e Gilmar Kaminski, trio que coordena a Bienal de Quadrinhos de Curitiba.

Esgotado

Em quase todo o complexo do MuMA, principalmente nos últimos dias, era possível ouvir salvas de palmas aleatórias, puxadas por quase todos os presentes, inclusive o público. Era o sinal de que o último exemplar da HQ de algum expositor havia sido vendido. Ótimo indício de que para os artistas expositores que vieram do país todo, o evento também foi um sucesso.

Solidariedade

A Bienal de Quadrinhos de Curitiba, em parceria com o Coletivo HQ Uni-vos, também fez um trabalho social importante durante os quatro dias de evento: arrecadou mais de 235 quilos de alimentos, destinados à Casa de Passagem Indígena de Curitiba.

Exposições

Para quem quer curtir um pouquinho do que rolou na Bienal deste ano, ainda dá tempo. As exposições “Brasil em Quadrinhos” e “Resistência” seguem em cartaz no MuMA até o dia 7 de outubro. Já as que ocupam o andar superior, como a de Lilian Mitsunaga, “Ultraviolência” e “Intersecções”, seguem em cartaz até o dia 7 de novembro.

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