Se no auge do Shopping Hauer “todo mundo” (inclusive eu) se divertia em pé, com saquinhos de drinks ou copos plásticos na mão, hoje, cinco anos depois, parece que amadurecemos: a coquetelaria em saquinhos plásticos, ótima sacada do Ponto Gin em 2018, ganhou taças lindas e apresentação mais complexa; já eu dificilmente me animo com a ideia de beber drinks em pé, preferindo ambientes tranquilos e cadeiras confortáveis.
O Ponto Gin, ao menos, parece ter envelhecido melhor: “trintou” com ar cool e de novidade. A estética em tons acobreados da antiga unidade permanece, mas a casa atual (que já abrigou o Cosmos) é bem maior, permitindo a mudança de conceito e a atualização do “hype”: o Ponto Gin agora serve alta coquetelaria e gastronomia.
Os snacks (tão em alta nos restaurantes quanto fugazes na boca) dão o tom do menu, pensado para ser compartilhado e fluir com os drinks assinados pelo bartender Gabriel Bueno (antes no vizinho AstroLAB). Mas se os snacks por aí costumam reprovar na equação preço-tamanho-qualidade, nas mãos da chef Júlia Schwabe o cálculo não é tão simples.
Ponto Gin: quanto custa comer bem em Curitiba?
Com passagens por restaurantes de linha contemporânea como Bobardí, Nomade e Obst (nos dois últimos acompanhando Lênin Palhano, considerado por alguns o melhor chef da cidade), Júlia Schwabe trouxe uma sequência de snacks e pratos à nossa mesa com um sorriso e uma leveza que destoam do que se vê em muitas cozinhas profissionais. Sua comida no Ponto Gin segue essa linha: é leve, o que ajuda na harmonização com os drinks de Bueno. Também é versátil, estimulante e – ufa – não soa pretensiosa.
No cardápio digital, as descrições dos snacks são misteriosas (“Cenoura, missô, sementes”, “Siri, coentro, laranja”) e os valores, que começam em R$ 51, mantêm o suspense: será que não vou me arrepender de gastar R$ 51 (6 un) nessa entradinha de cenoura com missô? Para muita gente, não tem dúvida nenhuma aí: pode ser uma delícia, mas não justifica o preço. Vale lembrar que os números impressos nos cardápios sempre contêm outros ingredientes: o imóvel no Batel, a louça de cerâmica, a gastronomia assinada, a decoração da moda, o sofá confortável…
Eu me arrependi de comer o snack de cenoura, misso e sementes a R$ 51? Acredito que influenciadores e jornalistas que escrevem sobre gastronomia falam com tanta tranquilidade sobre preços porque, na maioria das vezes, comem de graça, a convite dos estabelecimentos (ainda que nem sempre sejam claros sobre essa relação). Foi o meu caso ali. Possivelmente eu não tivesse escolhido esse snack (ou mesmo esse restaurante) se aguardasse a conta ao final. Mas posso dizer que cenoura, misso e sementes foi uma das melhores coisas que eu provei naquela noite: crocante de sementes com tartar de cenoura temperado com suco de cenoura reduzido e misso, finalizado com beldroega (planta comestível). É chocante o tanto de sabor e texturas ali.
No novo Ponto Gin, cabe a cada um fazer seu cálculo: as ostras (R$ 71; 4 un) impressionaram pela intervenção certeira. O vinagrete de caju e o leite de coco com cajuína complementaram o sabor delicado da ostra, um trunfo quando se erra tanto por aí ao tentar imprimir uma assinatura onde ego não cabe. Já o Cavatelli com vegetais orgânicos, farofa de pão e salada de pancs (prato principal; R$ 71) mostrou que ali também cabe comida que “abraça”: massa feita na casa, atenção ao ponto de cozimento, vegetais saborosos demais e boa textura. Quando o ingrediente e a técnica são bons, os vícios do queijo e do molho em abundância são supérfluos (sem falar no coitado do mignon, que é tipo crack para os restaurantes de Curitiba).
Passando para a carta de drinks autorais: são mais de 10 opções que seguem a tendência de menor teor alcoólico. E todas despertam interesse. O House Martini (gin Tanqueray Ten, maçã verde e jerez fino; R$ 55) é mais macio que um Dry Martini, mas também agrada o paladar tradicional; o Hamlet (gin Tanqueray, chardonnay e eucalipto; R$ 40) entrega aroma e equilíbrio, característica crítica em coquetéis. Aliás, é possível ir ao Ponto Gin exclusivamente para tomar um drink no balcão. A dica é seguir as sugestões do bartender Gabriel Bueno com base no paladar do cliente.
Ao fim do jantar, quando o que é bom acaba, tudo parecia caminhar rumo ao objetivo que Felipe Casas, sócio do Ponto Gin, compartilhou: ter produtos sólidos, maduros e longevos. A felicidade de ter provado as criações da equipe de cozinha e bar está perdurando. Bom sinal.
A jornalista jantou no Ponto Gin a convite do estabelecimento.
Serviço
Ponto Gin Batel: Al. Pres. Taunay, 543. De segunda a quarta-feira, das 19h às 23h; quinta-feira, 19h à 0h; sexta-feira, 19h às 2h; sábado, 13h às 2h.
Cara, Rosiane . Tua brabeza transcende o tempo. Não vou entrar na seara do salário de jornalista e nem na dificuldade financeira de se manter um sonho. Vocês foram mordidos pelo bicho do bom jornalismo . Agora, aguentem . E barco pra frente. O destino do teu Jornal é crescer. E pra nós que nascemos pobres e trabalhadores nada cai do céu. Só chuva e coco de passarinho .Voltando para jornalismo x gastronomia . Você e seu companheiro estão na janela há muito tempo pra saberem que estou certo quando aponto a relação promíscua entre
jornalistas, assessores e donos de restaurantes . Repórter que cobre gastronomia é conhecido na redação como o rei da boca livre. Tô errado? Assessoria convida e o cara vai lá come de graça com os coleguinhas e depois faz aquela reportagenzinha favorável . Tô errado ? A mediocridade campeia nessa área . Se mando meus sinceros apontamentos é porque tenho esperança que a valorosa repórter Yasmin mudará essa realidade . E como mudar? Frequentando o estabelecimento como os outros mortais. Prova-se o tempero da casa e paga-se para não ter rabo preso com ninguém para avaliar a casa com isenção . Rosiane, nso avalie minhas palavras com o fígado . Mas com o foco no bom jornalismo também na área de gastronomia . Imaginemos o Galindo participando de jabá junto com Beto Richa . Como ele poderia botar o dedo na ferida do ex governador ? É uma questão de bom jornalismo seja na área política ou gastronômica . Tô errado? Respondendo sua indagação, Rosiane. Mando meus apontamentos aos outros repórteres de gastronomia. No que eles devem dar de ombros . Medíocres que são . Veja que até nisso o teu jornal é a esperança de mudança Pois até publicam a minha malha em ferro frio. Se passei do ponto com a repórter Yasmin . Como diz um ex juíz fdp: Escusas..
Roseane, avalie. Uma editoria de gastronomia bem feita dará trabalho , assessor bicudo, dono de restaurante brabo, Mas trará para o teu jornal a Santa Credibilidade de que não se estará reportando mais do mesmo . A provinciana Curitiba já merece um jornalismo gastronômico corajoso . E acho que a repórter Yasmin poderá ser essa divisora de trabalho profissional na gastro mia . Menos Jabá e mais realidade . Ah, quanto ao Bom Gourmet . Não confie em nada que leve a desgastado palavra Gourmet. Até os próximos apontamentos . Não vou desistir de vocês . Pra frente Sucupira !
Achei muito dúbia a matéria… quer falar bem mas fala que o snak de cenoura não vale 51,00… com todo o respeito e depois fala super bem do snak de cenoura ???? Sorry
A opinião não é isenta, pois, como bem ressaltado pela jornalista, ela visitou o estabelecimento a convite do estabelecimento.
Esse tipo de boca-livre, ainda, traz um cuidado maior dos anfitriões, sob mesuras inacessíveis aos mortais.
Isso posto, achei a matéria legal.
Eita, viva a boca livre. Desse jeito ganhará peso . Esse restaurante não tem nada, nada , errado . O peruano Central que se cuide pelo jeito será desbancado na próxima lista. Isso que dá fazer parte da ABRAJANTA. Como você indicará alguma coisa destoante na casa se você é paparicada pelos proprietários e não coloca a mão no bolso ? Vou te fazer uma proposta : me manda teu PIX e todo mês vou te mandar duzentos reais . Será minha modesta contribuição para o bom jornalismo gastronômico . Com essa grana você escolhe algum restaurante para fazer teu ofício da forma correta . Não é possível que não exista nessa cidade um jornalista corajoso o suficiente para avaliar restaurantes com isenção . Você está começando nessa área . Não vire mais do mesmo . Faça diferente . É mais difícil mas será um clarão nessa mar de Jabagero do jornalismo gastronômico curitibano
Celso, vamos ser justos, né? Quanto custa uma editoria de gastronomia? Segundo a tabela do Sindijor Paraná o salário de um repórter com 30 horas semanas é de R$ 4.233,60, o que com as custas de contratação, FGTS, INSS etc soma cerca de 6 ou 6,5 mil (vamos arredondar pra 6). Um editor custa segundo a mesma fonte R$ 5.503,68, o que com custos sobe pra R$ 7,8 mil por mês. Só isso soma R$ 13,8 mil por mês, sem contar outros custos do jornal e do repórter, como sede, contador, impostos, comercial, transporte.
Claro, por diversas razões nós conseguimos manter a editoria por menos (compartilhando um editor pra várias editorias, por exemplo), mas mesmo assim é um pouco frustrante ver esse tipo de crítica a nossa repórter e ao nosso trabalho. Ao contrário de outros jornais aí, o Plural não vem da herança de ninguém. Meu pai era professor da rede pública. O pai do Rogerio era vendedor. Nós fomos repórter assalariados a vida toda e montamos o jornal com a nossa rescisão. Mantemos o jornal na raça e com o apoio de muita gente bacana. A gente dependeu de empréstimos e doações de amigos pra comer na pandemia. Vc tb se dedica a enxovalhar o trabalho de outros veículos ou seu problema é só com a gente? Vc lê o monte de assuntos que só nós abordamos ou só se importa com a cobertura de gastronomia?
A gente dispensa a sua contribuição pq é óbvio que ao contrário do meio milhão de leitores/mês que temos, vc não nos respeita. Vá ler o Bom Gourmet e deixe o Plural e nossa repórter em paz. Um abraço
Rosiane