André Raulino alça voo só e surpreende ao misturar Oriente e Ocidente em novo restaurante

Aos 32 anos, o chef acaba de inaugurar o Raulino Cozinha Autoral, no Cabral, que serve pratos à la carte e menu confiança

André Raulino acredita em sonhos. Aos 32 anos, realizou o primeiro de uma talentosa carreira: ter um restaurante com seu nome para poder dar vazão a toda sua criatividade culinária.

No começo de junho, o chef curitibano inaugurou o Raulino Cozinha Autoral, uma elegante casa no Cabral – localizada onde funcionava o restaurante italiano Osteria Donna Lena. Ali, ele executa com maestria uma gastronomia que mistura técnicas clássicas e influências orientais.

O espaço – com varanda e deck com capacidade para 52 pessoas – foi completamente reformulado para dar mais aconchego ao cliente. A cozinha é dividida do salão por uma janela que permite ao cliente observar o chef em ação.

O cardápio conta com opções à la carte, com entradas e pratos principais, como coelho cozido lentamente e servido com risoto mantecado com parmigiano DOP (R$ 85), ossobuco (R$ 81), ravióli de marisco (R$ 44) e paella de camarões (R$ 149 para duas pessoas).

Ravioli de marisco. Foto: Fernando Zequinão/Divulgação.

A verdadeira experiência do Raulino se esconde no menu confiança, que é servido em três versões: o de três, de cinco e de sete etapas. Os preços são R$ 155, R$ 199 e R$ 270, respectivamente, sem harmonização.

No menu confiança, Raulino dá o melhor de si e surpreende ao servir pratos que mesclam Ocidente e Oriente. O sabor do mar liberado pelo siri do litoral paranaense, por exemplo, foi reforçado por uma folha de alga marinha e, ao mesmo tempo, recebeu o contraste ácido e perfumado da laranja kinkan.

O camarão, chamuscado por fora e cozido perfeitamente por dentro, veio acompanhado de maionese com pepino – numa referência à culinária da Grécia -, alga nori, ovas de peixe e flores comestíveis, cultivadas na horta do restaurante onde se encontram também outros legumes variados, como mini berinjela, abobrinha, pimentões e tomate.

Costela suína glaceada. Foto: Fernando Zequinão/Divulgação.

Tradição e inovação dialogavam no ossobuco de vitela – que desmancha na boca – com risotto de funghi e gengibre. Para finalizar, Brasil, Itália e França se encontraram no entremet de pistache com maracujá.

As dicas de harmonização ficam a cargo dos experientes sommeliers Luan Félix e Kayton Kaliberda (ex-Manu). A carta de vinhos tem mais de 130 rótulos das principais regiões produtoras, com uma atenção especial a rótulos do leste europeu. Os drinks, autorais e clássicos, são assinados por Luana Beatriz. 

Raulino tem também uma linha própria de bebidas, desenvolvidas por produtores locais, como o Merlot, safra 2018, idealizado em parceria com a Vinícola Franco Italiano, em Colombo. Já a cervejaria curitibana Hump Beer fabrica três cervejas, em lata, não pasteurizadas exclusivas para o restaurante, assim como a cafeteria Franck’s Ultra Coffee criou um café maturado em barril de amburana.

Apresentação impecável em louças personalizadas. Foto: Fernando Zequinão/Divulgação.

Formado em teologia, Raulino já foi missionário

Raulino já tentou usar o touche blanc, o tradicional chapéu de cozinheiro, e a bandana. Não gostou. Sente-se mais à vontade vestindo uma boina xadrez, que já virou sua marca. A fala mansa e cordial dá algumas pistas sobre seu passado de missionário.

Formado em Marketing, Teologia e pós-graduado em Economia e Administração de Empresa pela Fundação Getúlio Vargas, Raulino começou a trabalhar como auxiliar de inspeção federal no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Em 2013, abandonou tudo – “não queria me aposentar nessa carreira” – e partiu como missionário para Peru e Bolívia, onde ficou quase dois anos. “Aí surgiu o interesse em cozinhar. Após duas semanas, iniciei minha jornada na praça de ceviche do restaurante Tanta, de Gaston Acúrio [o chef peruano mais famoso no mundo]”, conta.

O chef André Raulino. Foto: Divulgação.

De volta a Curitiba, fez curso de sommelier e se formou cozinheiro pelo Espaço Gourmet. Fez estágio no extinto Zea Maïs, da premiada chef Joy Perine, passou pelas cozinhas dos extintos Alfredo’s Gallery e Maccheroni Contemporâneo. Deu aula na Universidade Positivo antes de entrar para a sociedade do Pescara, uma casa italiana no Água Verde, da qual se desvinculou há alguns meses.

Em seu novo restaurante divide a sociedade com Rogério e Carol Marcondes, responsáveis por adornar as paredes com belas obras do premiado artista catarinense, radicado em Paris, Juarez Machado.

Raulino diz gostar muito de Helena Rizzo, Gordon Ramsey e Jefferson Rueda, mas sua maior admiração vai para Anthony Bourdain. “Comecei a cozinhar por conta dos seus livros”, revela. 

Ambiente elegante com cozinha à vista. Foto: Fernando Zequinão/Divulgação.

Seu próximo sonho é ter um programa de tevê ao estilo de Bourdain – “amo me conectar com as pessoas e a melhor forma que descobri foi através da comida”, diz. Já dissemos no começo: Raulino acredita em sonhos. Alguns, às vezes, se realizam.

Serviço

Rua Recife 220, Cabral. De terça à sexta-feira, das 18h30 às 23h; aos sábados, das 11h às 15h e das 18h às 23h, e aos domingos, das 11h às 15h30. Reservas pelo WhatsApp (41) 99658-9900 ou pelo e-mail [email protected]. Instagram: @raulinorestaurante.

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