Nós, os artísticos

Nós, “artísticos” (termo abujamresco), somos muito descolados, instruídos e descontruidos. Alguns artistas realmente são, mas a grande maioria acha que é, insiste que é, mas um dia abre a boca e mostra que, lá no fundo, ainda há muito trabalho pra ser feito.

Estamos passando por um longo processo para quebrar nossas amarras da sociedade ultrapassada em que vivemos. Preconceitos violentos e sutis, opressão por poder – seja hierarquia, família, empresa ou uso de vantagens de capital financeiro – e tantas outras questões ainda assombram todos que acreditam já estarem prontos.

Não tô escrevendo pra apontar o dedo pra alguém, essa é pra apontar o dedo pra mim. Mesmo que seja aqui, perdido, dentro deste celular/Internet. Estou apontando pra você mesmo, babaca. Você precisa se lembrar que ainda não chegou lá. Que o caminho é longo, você mal começou a percorrê-lo, você viveu nesta sociedade e carrega suas mazelas consigo. Você se acha separado, mas você é parte do problema.

Buscar material de apoio, livros, artigos, correr atrás de atitudes condizentes ajuda? Sim, mas não resolve. Nada resolve porque o processo é contínuo, diário, interminável. Porque, mesmo se você já estivesse todo desconstruidão (que não está), a pergunta seria o quanto você está colaborando para descontruir os outros ao seu redor. Afinal, isso não vai sarar quando você (na sua megalomania) achar que tá melhor. Isso só sara, de verdade, quando as suas atitudes e de todos do planeta estiverem em uníssono, com um só propósito: todos merecem desfrutar, igualmente e respeitosamente, esta existência.

Agora mais uma pergunta dolorosa: escrever isso publicamente ajuda esse processo, deixa exposto seus arrependimentos ou só alimenta o ego das curtidas de rede social?

Pois é… Essa dúvida todo “artístico” tem.

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