Habilidade para o futuro: curiosidade

A gente quer inovação e criatividade, mas não investe em curiosidade

A Profª Roseli de Deus Lopes, USP, afirma que “na história do planeta, a curiosidade sempre foi a mola propulsora das mudanças. O cientista é um eterno curioso, alguém que não acredita em verdades prontas.” Sem a curiosidade não haveria a psicologia, a filosofia, a história e suas necessidades de releituras, enfim, sem a curiosidade, certamente nem sobreviveríamos.

Mas a atualidade vem sufocando essa habilidade, em prol dos resultados rápidos, por consequência do excesso e do cansaço, pela busca aprendida da resposta certa e única. Frequentemente nas escolas a resposta certa vem do professor, na igreja vem do líder religioso, nas empresas vem dos ‘chefes’ e nesse sistema nos acostumamos a perguntar sem curiosidade, mas apenas para obter a resposta que facilite nosso dia a dia. Uma herança poderosa das hierarquias sociais.

Essa repetição nos faz aceitar uma política negacionista, nos faz acreditar em notícias falsas e produtos milagrosos, afinal, por que essas não seriam as respostas certas? Por que questionar? Como pesquisar estando tão sobrecarregada mentalmente?

A notícia é: a curiosidade é nossa fonte de conhecimento, ela alimenta nossa inteligência e continua movendo o mundo em direção ao futuro. Que tal deixar ela mover você?

O que é regeneração?

Quantas vezes você ouviu/leu a palavra regenerar nestes últimos tempos? Podemos apostar que você tropeçou nela algumas vezes, mas será que a gente parou para pensar o que ela significa? Segue o fio e logo você vai entender o que ela e a curiosidade tem em comum.
Re.ge.ne.ra.ção.: substantivo feminino, a arte de regenerar, revivificar, refortalecer. Trazer novamente vida e força, uma nova chance a formação da vida.

Ao mesmo tempo buscamos (quase desesperadamente) inovação, agindo como se esses conceitos fossem opostos. Vamos trazer o mesmo olhar sobre a riqueza da palavra i.no.va.ção.: substantivo feminino, tornar novo, restaurar, fazer algo diferente do que é/era feito.

Para nós, os conceitos estão em usos opostos e não por acaso, mas por escolha. A inovação foi colocada nesse lugar da corrida por novas criações, da mudança e da tecnologia para servir os processos de consumo, de giro financeiro, de robotização e investimento em tecnologia. Ela foi colocada em processo linear e sendo linear atendeu ao desejo de lucro, não da sustentabilidade social, ambiental e econômica.

Regenerar e inovar são complementares e não-linear e exigem a condição humana cada vez menos explorada: a curiosidade. É necessário ser curioso para ativar a criatividade e a inovação, mas é imprescindível ser curioso para acessar a regeneração.

Uma nova chance a formação da vida

A curiosidade move a ciência, pauta descobertas e sem ela a chance de trazer vida e força é mínima. Precisamos de pessoas mais curiosas, de profissionais mais curiosos, de alunos mais curiosos. Gente disposta a observar o contexto e pensar em novas formas, com coragem de questionar, fazer novos testes e propor mais opções de vida sustentável.

Não é mais sobre criar algo, precisamos garantir que exista sustentação e evolução da vida e para essa conta só vai fechar se o planeta encontrar espaço e inteligência para se regenerar.
Vamos colocar a inovação a serviço da regeneração e da vida. E antes de tudo: vamos reativar nossa curiosidade!

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