Quando perdemos alguém da banda

Alguns casos recentes de bandas que perderam um de seus integrantes, me fez pensar sobre essa experiência (que já vivi pessoalmente), de se perder um companheiro ou companheira de trajetória musical

“Dedico essa coluna ao meu irmão de trajetória musical, Silvio Wanderley”

A experiência de estar em uma banda é como a experiência de uma irmandade. Pessoas que se vêem como irmãos e irmãs, que se relacionam durante um tempo, anos ou décadas. Dessa relação nasce um elo que segue por toda a nossa vida, mesmo que essas pessoas não estejam mais juntas em algum projeto. Sempre iremos pensar nelas e nos preocuparmos com elas.

Alguns casos recentes de bandas que perderam um de seus integrantes, me fez pensar sobre essa experiência (que já vivi pessoalmente), de se perder um companheiro ou companheira de trajetória musical. Dos casos mais recentes, consigo me lembrar três, e todos bateristas. Neil Peart, da banda Rush,  Taylor Hawkins, do Foo Fighters, e o lendário baterista dos Rolling Stones, Charlie Watts. No caso da banda canadense, eles encerraram sua magnífica trajetória com álbuns lendários e shows memoráveis durante os seus 50 anos de carreira. Os americanos do Foo Fighters ainda estão vivendo o seu período de luto, mas já anunciaram um show de tributo ao antigo baterista. Já os Stones optaram por seguir com a turnê que ainda está acontecendo, trazendo para bordo o baterista Steve Jordan, velho amigo dos integrantes, e que já participou dos projetos solo do guitarrista Keith Richards. No caso dos Stones, essa já é a segunda perda. Em 1969 eles já tinham perdido um dos fundadores da banda, o guitarrista e vocalista Brian Jones. Temos outros famosos casos de bandas que perdem seus companheiros, como Pink Floyd, The Who, Nirvana, Metallica, Legião Urbana, Barão Vermelho, Titãs, Queen, AC/DC, entre tantas outras (a lista vai longe), e que, apesar da perda, de alguma forma seguiram seu caminho.

Na maioria dos casos se consegue seguir em frente, mas obviamente fica a ausência sendo sentida pelos colegas de banda. Um outro ponto nos casos em que temos a entrada de um substituto, é a mudança da sonoridade, que muitas vezes é sentida e comentada pelos fãs.  Seja na voz ou em algum instrumento, temos outra pessoa, com outras características sonoras, que inevitavelmente mudarão muito ou pouco o som como os fãs conheciam. No caso do Foo Fighters, por exemplo, vive-se a expectativa sobre o que irá acontecer, quem irá substituir o saudoso Hawkins. No caso dos Stones, a entrada do “novo” baterista não causou nenhum grande impacto. O que percebemos no caso deles, é a saudade que os integrantes sentem do colega, querido por todos da banda e fãs. Nas redes sociais, vemos constantes comentários feitos principalmente por Mick Jagger ou Keith Richards, declarando a falta que sentem do velho companheiro de banda.

Sim, foi um texto sobre saudade e ausências. Sobre música e relações humanas, relações entre irmãos e irmãs, que durante um indeterminado espaço de tempo, dividem uma mesma paixão e mesmas experiências. Acho que para todos esses exemplos que lembrei, esse certamente foi um sentimento dividido. Mas também acredito que a maioria acreditou que a música é maior do que todos, e que o show não pode parar!      

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