Discoteca Básica da Bizz volta em série de podcasts

Toda semana, as muitas histórias que estão por trás de um disco clássico

Quem gosta de música pop e história da música pop tem uma boa oportunidade de praticar o deep listening com o Podcast Discoteca Básica, criado e produzido pelo jornalista e escritor Ricardo Alexandre. A seção “Discoteca Básica” era publicada na Bizz e foi a única que se manteve em todas as mudanças da revista desde a sua criação, em agosto de 1985, até a edição final em julho de 2007. A ideia era indicar e resenhar discos fundamentais para entender a música pop e o rock, formar novos ouvintes e leitores. A “Discoteca Básica” fez bem mais do que isso, com discos de jazz; MPB, do samba à Tropicália, passando por clássicos, alternativos e experimentais; blues; soul; reggae e música eletrônica. A julgar pelo tamanho da lista, Ricardo Alexandre terá muito trabalho pela frente e várias temporadas do seu podcast. Desde o início da Bizz foram publicadas 215 resenhas de discos na famosa, cultuada e esperada última página da revista. A audição atenta e prolongada tem valido a pena a cada semana.

O projeto teve início no final de agosto com o episódio piloto e, de lá para cá, foram sete álbuns. Ricardo Alexandre tem seguido um calendário de efemérides escolhendo discos que fazem aniversário a partir do seu ano de lançamento. Foi assim com os podcasts dedicados a After the Gold Rush, terceiro disco-solo do cantor-compositor canadense Neil Young, Abraxas, do guitarrista mexicano Carlos Santana e sua banda, e Led Zeppelin III, lançados em 1970 e fazendo 50 anos em 2020. Dois outros programas foram dedicados a discos que fizeram 40 esse ano, lançados em 1980: Rita Lee, aquele de “Lança-Perfume” e outros hits, álbum mais vendido em toda a carreira da artista, e Remain In Light, dos Talking Heads. A série começou com Pet Sounds, Beach Boys, lançado em 1966, único disco que teve duas resenhas na Discoteca Básica da Bizz. What’s Going On, Marvin Gaye, foi homenageado por ter sido eleito no mês passado o Número Um na lista dos “500 Melhores Álbuns de Todos os Tempos” pela revista Rolling Stone, ranking revisto e atualizado depois de 17 anos.

Os podcasts são puro D.I.Y (Do It Yourself/Faça Você Mesmo), que tem sido amplamente revivido (se é que algum dia saiu de cena) na pandemia e no isolamento. Ricardo assume que faz tudo: pesquisa, pré-produção, produção, texto, locução, técnica, edição, pós-produção, design gráfico, relações públicas e redes sociais. Todos os episódios têm um convidado escolhido por manter uma relação estética e afetiva com os álbuns. Pet Sounds teve a participação de Herbert Vianna. Nando Reis e Sérgio Dias Baptista (Mutantes) revelam conexões, até surpreendentes, com After The Gold Rush e Abraxas, respectivamente. Guilherme Arantes, companheiro de geração e outro hitmaker massivo durante os anos 80, esteve no programa sobre Rita Lee. Dado Villa-Lobos falou sobre Remain in Light, episódio que contou ainda com a participação do jornalista Daniel Setti na redação final. Wilson Simoninha ajudou a contar a história de What’s Going On e lembrou, claro, do seu pai, Wilson Simonal. O convidado mais recente foi Dinho Ouro Preto em Led Zeppelin III. Outro acerto dos episódios é a indicação no final de artistas contemporâneos que foram influenciados de alguma forma pela música e o som de cada disco.

A geração que valia a pena prestar atenção

O documentário BIZZ – Jornalismo, Causos e Rock and Roll, dos diretores Almir Santos e Marcelo S. Costa, produzido em 2012, com a participação de vários jornalistas que fizeram a história da Bizz, confirma: a seção Discoteca Básica era a mais concorrida na redação e nas reuniões de pauta. Veteranos e aspirantes, todos queriam a última página para escrever sobre seus discos preferidos ou aqueles que, segundo eles, eram os mais importantes na invenção, desenvolvimento, história e sensibilidade da música pop. Nessa leva, a Bizz e o Discoteca Básica formaram a nova geração de jornalistas e críticos que dominou os segundos cadernos dos veículos mais importantes da imprensa no Brasil durante os anos 80,90 e 00. Ricardo Alexandre foi um deles. Chegou a diretor de redação e editor da Bizz em sua última fase, final de 2004 até 2007, iniciando um reposicionamento editorial que deu a ele o Prêmio Abril de Jornalismo.

Ricardo Alexandre é também documentarista, palestrante, produtor e curador de conteúdo. Autor de Dias de Luta: o rock e o Brasil dos anos 80 (2002, já com reedições); Nem Vem Que Não Tem: a Vida e o Veneno de Wilson Simonal (2009, idem), vencedor do Prêmio Jabuti de melhor biografia em 2010; Cheguei Bem a Tempo de Ver o Palco Desabar: 50 Causos e Memórias do Rock Brasileiro (1993-2008), de 2013; e dos livros-gêmeos Tudo É Música e Nem Tudo É Música, lançados em 2018, todos pela Arquipélago Editorial de Porto Alegre. Esse ano, lançou E a Verdade os Libertará: Reflexões Sobre Religião, Política e Bolsonarismo pela editora Mundo Cristão, que já teve uma série de podcasts. Siga o cara, porque é pelas redes que ele anuncia os novos episódios do Discoteca Básica, conteúdos complementares aos programas, lives e outros projetos em que sempre está envolvido.

Toda terça-feira tem um novo Podcast Discoteca Básica. Os episódios estão disponíveis no Spotify, Deezer, Apple e Pocket Casts.

RICARDO ALEXANDRE NAS REDES

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DOCUMENTÁRIO BIZZ – JORNALISMO, CAUSOS E ROCK AND ROLL

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