Quando uma piada procede – e não é para rir   

Lançada em 1994 e, hoje, com uma tiragem média de 75 mil exemplares, a revista Carta Capital chega às bancas com uma edição fora de seus padrões gráficos

Na edição 1201, que circulou na semana passada, a Carta Capital traz um editorial, ou muito mais do que isso, assinado pelo próprio diretor de redação, ou seja, Mino Carta. Título: O Brasil é uma piada. E temos um documento arrasador – ou arrazador, como, certamente, iria corrigir um bolsonarista de 7 ou 8 costados, militante avesso quanto à prática da democracia e do português.  

Trechos assinalados por um leitor que, depois de ler o Plural (o que faz diariamente), curtiu a publicação semanal de Editora Basset, que tem sede em São Paulo.  

Por que uma piada?  

– Os ministros do STJ decidem indenizar Lula, e quem paga é Dallagnol. Mas foram eles que apoiaram o PowerPoint e tudo o mais que serviu para condenar o ex-presidente sem provas.

– Há perguntas que imploram resposta imediata: por que o STJ, este pináculo da Justiça, não interveio logo quando Dallagnol pronunciou a célebre diatribe a respeito do PowerPoint? Por que o Supremo não esclareceu, alto e bom som como um editorial do Estadão, que toda aquela encenação era parte de uma farsa colossal urdida contra os interesses do país? Confesso a necessidade de dizer que o Brasil destes astrônomos falidos, este Brasil sonso e velhaco, não passa de uma piada cuja única serventia é a diversão do mundo. Gostaria de recorrer a outro vocabulário. Não há, porém, alternativa para quem deseja expressar com a necessária nitidez a justa reação às burlas trágicas dos falsos astrônomos, empenhados em demonstrar uma normalidade absolutamente fajuta.  

– A história é outra: o Brasil foi marcado inexoravelmente por uma série de golpes de Estado engendrados e levados a cabo pelos próprios poderes da República. Configura-se, desta maneira, uma situação absurda, melhor ainda, paradoxal, imposta ao país e aceita pelo povo em estrondoso silêncio. Pretende-se uma normalidade forjada em benefício de um status quo destinado a confirmar que a Idade Média da casa-grande e da senzala, intocada, continua a reinar no país.  

Das origens (da revista, é claro)  

Foi fundada em agosto de 1994 pelo jornalista ítalo-brasileiro Mino Carta, criador da revista Quatro Rodas, do Jornal da Tarde, do extinto Jornal da República e das semanais Veja e IstoÉ, juntamente como o jornalista “naturalizado baiano” Bob Fernandes, que foi seu editor chefe de 1997 a 2005. Inicialmente com uma publicação mensal desde agosto de 1994, depois quinzenal (março de 1996), tornou-se, a partir de agosto de 2001, semanal. Possui atualmente uma tiragem média de 75 mil exemplares. Em 2001, CartaCapital ganhou o Prêmio Brasil de Mídia do Ano pela Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (ABERJE), o que se repetiu em 2003.  

Neste mesmo ano, a revista foi vencedora do Prêmio Comunique-se de Imprensa na categoria “Executivo de Veículo de Comunicação”. Em novembro de 2006, Mino Carta recebeu o prêmio de “Jornalista Brasileiro de Maior Destaque no Ano”, da Associação dos Correspondentes da Imprensa Estrangeira no Brasil (ACIE).  

“O jornalismo é, antes de tudo e, sobretudo, a prática diária da inteligência e o exercício cotidiano do caráter.”

Cláudio Abramo.

“Existem dias em que o jornalismo registra fatos que, no futuro serão contados nos livros – e serão guardados por gerações. Nesses dias, o que o jornalismo faz é escrever a história.”  

Fatima Bernardes.

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