A CCR assumiu integralmente a administração do aeroporto Afonso Pena no fim de março. Além do terminal em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, a empresa ainda passou a gerir outros 15 aeroportos que foram arrematados na 6.ª rodada de concessões, sendo outros três no Paraná (Bacacheri, Foz do Iguaçu e Londrina).
Mas o que muda a partir de agora?
Quase nada, pelo menos para os passageiros.
Isso porque a CCR pegou um Afonso Pena praticamente novo, por assim dizer. O terminal de passageiros passou recentemente por uma ampliação, mais do que dobrando de tamanho. Sem contar a capacidade, que passou de 7,8 milhões para 14,8 milhões de passageiros por ano, com oito novas pontes de embarque, chegando a 14 no total.
Com essa estrutura, não há muito a fazer pela CCR em termos de terminal de passageiros. Não é por acaso que entre as obras previstas estão uma pequena ampliação da área de embarque e a implementação de cinco pontes de embarque. Isso em um período de 30 anos.
Por isso o passageiro não vai sentir muita diferença. O terminal já é confortável e espaçoso. O que a CCR pode acabar fazendo é colocar mais a cara dela no aeroporto, mas aí são questões apenas estéticas. Perfumaria, para resumir.
Há um aspecto, porém, que pode afetar os passageiros em curto prazo. E isso acontece em qualquer outra concessão de aeroporto, portanto não será exclusividade da CCR no Afonso Pena: o custo. Sim, as taxas devem passar por reajustes, assim como o preço das lojas e da alimentação. Como o valor do aluguel tende a subir, o custo será repassado ao passageiro.
Mudanças além do terminal
Um aeroporto não é feito apenas de um terminal de passageiros. Ele é apenas uma parte de toda a complexa infraestrutura aeroportuária. E é aí que as coisas vão mudar de maneira significativa.
Nos primeiros anos de concessão, a CCR deverá por força de contrato realizar algumas obras importantes no sistema de pistas e pátio do Afonso Pena. Além de intervenções mais simples de segurança nas pistas e nas pistas de taxiamento, o pátio atual será ampliado e um novo pátio será construído, ampliando a capacidade de movimentações em solo.
A grande obra, a mais esperada, deverá sair do papel nos primeiros anos de concessão. A terceira pista, com 3 mil metros de comprimento, entrou como obrigatoriedade no edital. Então, a não ser que haja algum ajuste no contrato, ela se tornará realidade. E isso seria muito difícil de acreditar que poderia ocorrer na gestão da Infraero. Uma obra desse tamanho, para muitos, não se justifica. Mas o fato é que a CCR tem, hoje, a obrigação de construir a pista.
Ela trará importantes benefícios para o aeroporto, aumentando a capacidade de pousos e decolagens, e tornando as operações ainda mais seguras. Em relação a voos internacionais para Estados Unidos e Europa, é outra história. Só o tempo vai dizer se isso vai acontecer de fato.
No mais, a CCR tem poucas obrigações com o Afonso Pena, exceto por pequenas intervenções nas pistas de taxiamento e outras breves ampliações de pátio. Ou seja, não fosse a terceira pista que foi acrescentada ao edital mais no grito do que nos números, a empresa entregaria daqui 30 anos um aeroporto praticamente igual ao que recebeu da Infraero.
Sobre o/a autor/a
Gustavo Ribeiro
Jornalista e mestre em Ciências da Comunicação pela Universidade Fernando Pessoa (Portugal), pesquisa e escreve sobre aviação desde 2006.