Quando o lado ruim (de muitas coisas) prevalece 

O velho ditado: tudo que é bom, dura pouco; ou não é para sempre; nos EUA, homem promove uma chacina e transmite ao vivo a cena em suas redes sociais

Hoje de uso tão comum como o par de sapatos, o chapéu, a sombrinha ou o guarda-chuva, o celular entrou em cena em 1973, graças ao engenheiro eletrônico Martin Cooper. Nos primeiros anos, no entanto, os equipamentos eram enormes e pesavam muito, além do preço meio arrasador – exatamente US$ 4 mil. Isso mesmo, mas, com o breve passar do tempo, o acesso ao dito cujo foi democratizado e temos, agora, que praticamente qualquer um pode ter um aparelho de baixo custo, pesando menos de 200 gramas e até mesmo menor do que a mão. 

Mas, como reza um velho ditado, mente vazia, oficina do diabo… 

Como foi noticiado, em Louisville, a cidade mais populosa do estado do Kentucky, um homem armado com fuzil matou 4 pessoas e feriu outras 9 em um ataque na segunda-feira. Foi em uma agência bancária, no centro da cidade. E, quase inacreditável, “o atirador transmitiu o ataque ao vivo em suas redes sociais”, de acordo com a responsável pela chefia de polícia interina Jacquelyn Gwinn – Villaroe, que, lamentando o episódio, disse que “a polícia esperava que as imagens fossem retiradas do ar”. 

O assassino, um funcionário do banco desde 2020, tinha 23 anos. Foi baleado e morto pela polícia, afirmou Paul Humphrey, o vice-chefe do Departamento de Polícia Metropolitana de Louisville. E, no total, 5 pessoas morreram, incluindo o atirador, é claro. As vítimas do ataque tinham entre 40 e 64 anos. Entre os 9 feridos, dois eram policiais.  

As autoridades informaram ainda que agiram com rapidez, respondendo em minutos a relatos sobre um agressor por volta das 8h30, em uma agência do Old National Bank, perto do estádio de beisebol Slugger Field, no centro da cidade. 

O homem estava armado com um rifle semiautomático estilo AR-15, informou a CNNCable News Network -, rede de notícias a cabo pertencente à Warner Bros Discovery, fundada em 1980. 

Quase como uma trágica rotina 

– Vamos nos unir como uma comunidade para trabalhar para impedir que esses atos horríveis de violência armada continuem aqui e em todo o Estado, afirmou Craig Greenberg, prefeito da cidade, que tem 625.000 habitantes. O governador de Kentucky, Andy Beshear, quase às lágrimas, afirmou que conhecia vítimas do ataque. 

– Tenho um amigo muito próximo que não sobreviveu hoje, disse ele no briefing, e um que está no hospital que, espero, sobreviva… 

Mais de 100 tiroteios 

De acordo com o Gun Violence Archive, o incidente de Louisville foi o 146º tiroteio em massa, definido como “incidentes em que quatro ou mais pessoas foram baleadas ou mortas, nos Estados Unidos, este ano. O novo ataque ocorre apenas duas semanas depois que uma ex-aluna matou três crianças e três adultos em uma escola cristã de ensino fundamental em Nashville, cerca de 260 quilômetros ao sul”. 

Um velho e tremendo desafio 

Ao mesmo tempo, os esforços para aumentar o controle de armas nos EUA enfrentam oposição republicana, apesar da indignação pública com os ataques. E isso levou o presidente Joe Biden a escrever, no Twitter, após o ataque em Louisville, que “muitos americanos estão pagando o preço da inação com suas vidas” – e criticou os republicanos do Congresso que vêm barrando legislação para impor maior controle sobre as armas de fogo. 

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