O golpe – e a$ coisa$ bem en$aiada$…

O tempo passa, o tempo voa, e a Poupança Bamerindus não mais existe, mas outras coisas não desaparecem e agora ganham uma péssima dimensão

Impossível não perceber. Até porque, fazendo seu trajeto diário, no pé dois, há quem tenha notado que, apesar da passagem do tempo e o fim de uma tremenda farsa, em algumas janelas de pequenos prédios ainda existe o decalque “Lava jato – eu apoio”. Decalque que também era utilizado nas janelas traseiras de automóveis. Afinal, para gáudio de muitos e espanto de outros tantos, a capital tinha virado a República de Curitiba.  

O tempo é o senhor da razão. Será mesmo? Ignora-se o autor da tal assertiva. O que se sabe é que foi o escritor Marcel Proust quem fez com que ela se tornasse conhecida no mundo inteiro, “um refrigério para muitas pessoas”.  

E, voltando à eleição de Bolsonaro, ainda em Curitiba, houve também uma farta distribuição de fantasias, um fardão preto com o recado nas costas: Bolsonaro presidente. Quem fez as encomendas e bancou as despesas? Por trás de tudo, certamente, o dinheiro para captar mais dinheiro. Não fugindo à regra nem o que, merecidamente, foi batizado de PIG – partido da imprensa golpista. De onde saiu (e sai) esse dinheiro? É fácil imaginar – de quem, direta ou indiretamente, lucra com a destruição da Amazônia, até com a praga da Covid-19, a ameaça ao pré-sal e outras barbaridades que se tornaram quase que diárias. E agora por obra e empenho de quem, expulso do Exército, tornou-se o 38.º presidente da República no Brasil.  

E, a propósito, vale lembrar alguns comentários definitivos:  

– O que o que destrói o ser humano é a política sem princípios; o prazer sem compromisso; a riqueza sem trabalho; a sabedoria sem caráter; os negócios sem moral; a ciência sem humanidade e a oração sem caridade.  

– Um sujeito suficientemente esperto para ganhar muito dinheiro tem de ser suficientemente cretino para querer esse dinheiro.  

E vale lembrar, principalmente para quem está tremendamente arrependido de ter votado no 17 – que, previsivelmente, se revelaria mais do que um tremendo 171 do Código Penal:  

Art. 171 – Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento.  

Pela vida – de todos  

Em julho do ano passado, mais de mil padres assinaram documento em apoio à Carta do Povo de Deus, lançada com a assinatura de 152 bispos que criticam “a incapacidade e inabilidade do governo federal” em enfrentar a crise. No texto, afirmam “que os que nos governam têm o dever de agir em favor de toda a população, de maneira especial, os mais pobres” e se dizem “profundamente indignados com ações do presidente da República em desfavor e com desdém para com a vida”.  

No mesmo ano, o jornalista Paulo Henrique Amorin registrava em seu blog Conversa Afiada: Caminhamos na estrada de Jesus. Carta de padres em apoio e adesão aos bispos signatários da Carta ao Povo de Deus.  

– Enquanto os lucros de poucos crescem exponencialmente, os da maioria situam-se cada vez mais longe do bem-estar daquela minoria feliz. Tal desequilíbrio provém de ideologias que defendem a autonomia absoluta dos mercados e a especulação financeira. Às vezes, sentimos a tentação de ser cristãos, mantendo uma prudente distância das chagas do Senhor. Mas Jesus quer que toquemos a miséria humana, que toquemos a carne sofredora dos outros (EG 56 e 270).  

E também vale lembrar:  

– O que o que destrói o ser humano é a política sem princípios; o prazer sem compromisso; a riqueza sem trabalho; a sabedoria sem caráter; os negócios sem moral; a ciência sem humanidade e a oração sem caridade. Um sujeito suficientemente esperto para ganhar muito dinheiro tem de ser suficientemente cretino para querer esse dinheiro.  

G. K. Chesterton  

É o homem que ganha o dinheiro… ou é o contrário?  

Provérbio árabe  

Não venci todas as vezes que lutei, mas perdi todas as vezes que deixei de lutar.  

Cecília Meireles  


Para ir além

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