Diante das sinecuras, trambiques, canalhices e cambalachos já denunciados, e que agora vêm sendo plenamente confirmados com mais detalhes pela CPI da Covid-19, há quem tenha ouvido uma sugestão: dá para ganhar uma graninha honestamente – não é muita, é claro, mas é o que resta para quem ficou desempregado por conta da pandemia e, mesmo assim, nunca cogitou meter a mão no jarro. Não se trata de vacina ou remédio milagroso. Mas de máscaras.
Já que ir às ruas mascarado tornou-se obrigatório, é possível também faturar um dinheirinho produzindo máscaras especiais altamente personalizadas – e valendo para uso contínuo também depois da pandemia. Isso mesmo. Não de uso obrigatório, mas abordando e, quiçá, resolvendo certas questões estritamente pessoais.
De múltiplas utilidades
E assim, o tal anônimo que não é o veneziano, citou alguns modelos, de modo a não estimular a segregação. Segregação facial, facial – frisou para quem quisesse ouvir. E deu exemplos:
– Máscara com perfuração levemente encoberta na altura da boca: para fumantes inveterados – sem segregar os adeptos de charutos e cachimbos, por supuesto.
– Máscara com sistema especial (muito leve) de um limpador de para-brisa para desembaciar a lente dos óculos de grau e até óculos ray-ban.
– Máscara capacete de escafandro, estilo 20 mil Léguas Submarinas (20,000 Leagues Under the Sea), filme de Richard Fleischer, 1954, com James Mason (Capitão Nemo) e Kirk Douglas (Ned Land) e que contava ainda com o inesquecível Peter Lorre. Ele mesmo. Que conquistava o público, mas nunca foi badalado pelos críticos e publicações especializadas na chamada sétima arte, o cinema, conforme o estabelecido por Ricciotto Canudo no Manifesto das Sete Artes, criado em 1912, mas que só foi publicado em 1923.
Outras sugestões: uma que cobre totalmente a face para quem reconhece e admite, mas não se conforma que é feio pra chuchu (“É uma questão de foro íntimo”).
– Máscara com o símbolo de um time da primeira divisão, posto que o seu, rebaixado para a série C, por lá já permanece por um longo tempo.
– Máscara pedindo a redução radical e imediata dos 365 dias do ano para encurtar um pesadelo nacional (e também mundial) e se livrar do Bolsonaro o mais rapidamente possível.
– Máscara com sinalzinho de alerta na frente e nas laterais, em vermelho: mantenha distância – detesto chatos de galocha e até mesmo sem galocha.
– Máscara citando Guimarães Rosa: viver é muito perigoso – portanto, na dúvida, mantenha distância.
– Máscara com imagem do Conde Drácula – para espantar um possível novo vírus e quem volte a acreditar que se trata de uma gripezinha.
– Máscara para eleitor com o aviso quem dá mais – para quem quer vender (novamente) o seu voto.
Fora das telas
E alguém, que se declarava fã do cinema americano, quis saber:
– Quem foi esse tal de Lo… Lor… Lorre?
Peter Lorre, na verdade László Löwenstein; nascido em Ružomberok, Império Austro-Húngaro, depois Eslováquia, no dia 26 de junho de 1904. Morreu em Hollywood no dia 23 de março de 1964. Antes do cinema, atuou no teatro austríaco. Era de origem húngara e ascendência judaica.
Quanto ao filme já citado, teve como fonte um romance de Júlio Verne publicado em 1869. Título original: Vingt Mille Lieues Sous les Mers. Verne é considerado o precursor do que seria a moderna literatura de ficção científica. Além de Vinte Mil Léguas Submarinas, escreveu Viagem ao Centro da Terra e A Volta ao Mundo em Oitenta Dias, que também seriam transpostos para o cinema.
E vale lembrar
Para quem não leu ou não assistiu Vinte Mil Léguas Submarinas:
– Um capitão e seu assistente são convidados pelo governo norte-americano para uma expedição que procurar comprovar a existência de um monstro marinho que vem sendo o pesadelo de pescadores e companhias náuticas. Eles embarcam na missão e acabam descobrindo que o tal monstro, na verdade, era um submarino, algo inconcebível para a época, ou seja, 1869.
PS: monstro submarino não existe, já governo genocida…